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TELEVISÃO
Levantamento mostra que pelo menos 15% dos longas exibidos em 2005 na TV aberta passaram mais de uma vez
SBT e Record são as emissoras que mais reprisam filmes
MARCELO BORTOLOTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O thriller de ação "A Ilha da
Garganta Cortada", produzido
em 1995, definitivamente não teve
uma boa passagem pelo cinema.
Com custo de produção orçado
em US$ 100 milhões, faturou apenas 10% disto, levando o estúdio
Carolco Pictures à falência. O resultado o levou também para o
Guiness Book, onde por alguns
anos foi apontado como o pior
fracasso de bilheteria do cinema
norte-americano.
A rejeição de público não impediu sua presença na televisão. Pelo contrário. Em 2005 ele foi um
dos seis filmes mais reprisados da
TV aberta no Brasil. Foram quatro exibições pela Rede Record no
período, com uma média de uma
vez a cada três meses. Ao lado de
outros títulos com igual persistência, o filme integra o time dos
chamados "fillers" (tapa-buracos) da TV aberta, que ajudam as
emissoras a preencher sua programação martelando a mesma
história na cabeça do espectador.
Tomando como base 2005, pelo
menos 15% de todos os filmes exibidos na TV foram reprisados
com intervalo de poucos meses.
Em um ano, 270 títulos passaram
duas vezes, 72 foram exibidos três
vezes e seis filmes passaram quatro vezes, considerando as emissoras Globo, SBT, Record e Bandeirantes. O acompanhamento
foi feito pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), que monitora
todos os títulos exibidos na televisão para a cobrança da Condecine
(Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional), taxa anual que incide sobre filmes veiculados no cinema e na TV.
Líder absoluto entre as emissoras que mais reprisaram em 2005,
o SBT teve 183 filmes repetidos. A
Record reexibiu 95 títulos. A diferença entre as duas emissoras é
que enquanto as reprises do SBT
acontecem fundamentalmente de
madrugada, as da Record vão ao
ar durante a tarde e à noite, em
horário nobre. No mesmo período, a Globo repetiu 38 títulos e a
Bandeirantes 32.
O Departamento de Programação do SBT, por meio da assessoria de imprensa, justifica que as
reprises se devem à quantidade de
horas de programação que a
emissora dedica aos filmes. "Trata-se de uma simples relação
quantitativa. O SBT exibe mais filmes que as outras três emissoras
somadas, portanto, nada mais lógico que a quantidade de reprises
também seja maior", declara.
Ainda de acordo com a assessoria,
o critério para escolha para as reexibições é o sucesso de audiência
que o título teve na última vez que
foi ao ar. "A proporção entre críticas dos espectadores em relação à
freqüência dos filmes e pedidos
de reprises se equivalem. Mas é
impossível obter uma unanimidade nesse âmbito", diz.
A sátira política "Máquina de
Guerra", o drama "A Segunda
Chance" e o desenho infantil "As
Peripécias de um Ratinho Detetive" foram os filmes mais repetidos pelo SBT no ano passado,
sempre de madrugada. Segundo a
assessoria do canal, o horário possui um público fiel e qualificado,
que "remete a uma incidência
maior de reprises". Ainda de
acordo com a emissora, a audiência da madrugada não sofre grandes oscilações, independente do
filme que estiver sendo exibido.
Já a Rede Record ocupou com
reprises suas principais faixas de
cinema em 2005, tanto no período
da tarde, às 14h, quanto de noite,
às 20h30 e às 22h. O diretor de cinema e aquisições da emissora,
Paulo Calil, afirma que o público e
a audiência são responsáveis pelas reexibições. "Nós procuramos
sempre atender o pedido dos telespectadores, é a melhor coisa a
se fazer. É bom para o telespectador saber que o filme que ele assiste na Record é o filme que ele
realmente gosta", diz.
No total, 64 filmes foram exibidos duas vezes pela emissora em
2005, 28 tiveram três exibições e
três filmes foram exibidos quatro
vezes. Segundo Calil, o maior número de reprises se concentra no
horário da tarde em razão da faixa
"Cine Aventura", que possui audiência fiel. Com quatro exibições
em 2005, duas no mesmo mês, o
drama "Nascido para Ser Campeão" teve todas as suas reprises
programadas para as 14h. O mesmo aconteceu com o título "A Revanche do Tornado", também
com quatro aparições no ano. "Se
não fosse a audiência e o pedido
dos telespectadores, certamente
eles não seriam reexibidos", afirma o diretor.
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