São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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TELEVISÃO

Levantamento mostra que pelo menos 15% dos longas exibidos em 2005 na TV aberta passaram mais de uma vez

SBT e Record são as emissoras que mais reprisam filmes

MARCELO BORTOLOTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O thriller de ação "A Ilha da Garganta Cortada", produzido em 1995, definitivamente não teve uma boa passagem pelo cinema. Com custo de produção orçado em US$ 100 milhões, faturou apenas 10% disto, levando o estúdio Carolco Pictures à falência. O resultado o levou também para o Guiness Book, onde por alguns anos foi apontado como o pior fracasso de bilheteria do cinema norte-americano.
A rejeição de público não impediu sua presença na televisão. Pelo contrário. Em 2005 ele foi um dos seis filmes mais reprisados da TV aberta no Brasil. Foram quatro exibições pela Rede Record no período, com uma média de uma vez a cada três meses. Ao lado de outros títulos com igual persistência, o filme integra o time dos chamados "fillers" (tapa-buracos) da TV aberta, que ajudam as emissoras a preencher sua programação martelando a mesma história na cabeça do espectador.
Tomando como base 2005, pelo menos 15% de todos os filmes exibidos na TV foram reprisados com intervalo de poucos meses. Em um ano, 270 títulos passaram duas vezes, 72 foram exibidos três vezes e seis filmes passaram quatro vezes, considerando as emissoras Globo, SBT, Record e Bandeirantes. O acompanhamento foi feito pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), que monitora todos os títulos exibidos na televisão para a cobrança da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional), taxa anual que incide sobre filmes veiculados no cinema e na TV.
Líder absoluto entre as emissoras que mais reprisaram em 2005, o SBT teve 183 filmes repetidos. A Record reexibiu 95 títulos. A diferença entre as duas emissoras é que enquanto as reprises do SBT acontecem fundamentalmente de madrugada, as da Record vão ao ar durante a tarde e à noite, em horário nobre. No mesmo período, a Globo repetiu 38 títulos e a Bandeirantes 32.
O Departamento de Programação do SBT, por meio da assessoria de imprensa, justifica que as reprises se devem à quantidade de horas de programação que a emissora dedica aos filmes. "Trata-se de uma simples relação quantitativa. O SBT exibe mais filmes que as outras três emissoras somadas, portanto, nada mais lógico que a quantidade de reprises também seja maior", declara. Ainda de acordo com a assessoria, o critério para escolha para as reexibições é o sucesso de audiência que o título teve na última vez que foi ao ar. "A proporção entre críticas dos espectadores em relação à freqüência dos filmes e pedidos de reprises se equivalem. Mas é impossível obter uma unanimidade nesse âmbito", diz.
A sátira política "Máquina de Guerra", o drama "A Segunda Chance" e o desenho infantil "As Peripécias de um Ratinho Detetive" foram os filmes mais repetidos pelo SBT no ano passado, sempre de madrugada. Segundo a assessoria do canal, o horário possui um público fiel e qualificado, que "remete a uma incidência maior de reprises". Ainda de acordo com a emissora, a audiência da madrugada não sofre grandes oscilações, independente do filme que estiver sendo exibido.
Já a Rede Record ocupou com reprises suas principais faixas de cinema em 2005, tanto no período da tarde, às 14h, quanto de noite, às 20h30 e às 22h. O diretor de cinema e aquisições da emissora, Paulo Calil, afirma que o público e a audiência são responsáveis pelas reexibições. "Nós procuramos sempre atender o pedido dos telespectadores, é a melhor coisa a se fazer. É bom para o telespectador saber que o filme que ele assiste na Record é o filme que ele realmente gosta", diz.
No total, 64 filmes foram exibidos duas vezes pela emissora em 2005, 28 tiveram três exibições e três filmes foram exibidos quatro vezes. Segundo Calil, o maior número de reprises se concentra no horário da tarde em razão da faixa "Cine Aventura", que possui audiência fiel. Com quatro exibições em 2005, duas no mesmo mês, o drama "Nascido para Ser Campeão" teve todas as suas reprises programadas para as 14h. O mesmo aconteceu com o título "A Revanche do Tornado", também com quatro aparições no ano. "Se não fosse a audiência e o pedido dos telespectadores, certamente eles não seriam reexibidos", afirma o diretor.


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