São Paulo, quinta-feira, 23 de abril de 2009

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"Claro que vai ter disco", diz o "dono" de Susan Boyle

Simon Cowell, que detém os direitos musicais da cantora, cuida do futuro do fenômeno britânico, que volta à TV dia 30

Estouro na rede, ela diz que não quer mudar de estilo, mas aparição com vestido florido e jaqueta chamou a atenção da imprensa


PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES

Faz menos de duas semanas que a escocesa de 48 anos, cabelos grisalhos desgrenhados e aparência desleixada que escondem uma voz arrasadora, subiu no palco do show de calouros "Britain's Got Talent" para cantar "I Dreamed a Dream" (sonhei um sonho), mas aquele sábado à noite é passado distante na era da internet. A pergunta agora é: o que será de Susan Boyle?
Antes de emocionar o planeta, ela já havia tentado outras vezes despontar no mundo da música, sem sucesso.
Em 1995, Boyle tentou ser selecionada para um programa, mas sua participação nunca foi ao ar, "porque estava muito nervosa". Depois disso, contratou um professor de canto, Fred O'Neil, e em 2000 gravou uma versão de "Cry Me a River" para um CD com tiragem de apenas mil cópias -é a sua única gravação até hoje, e também já virou sucesso na internet.
Agora, será diferente. O homem que detém os direitos sobre o futuro musical de Boyle, Simon Cowell (dono do "Britain's Got Talent" e jurado do programa), já garantiu que, dessa vez, ela atingirá um público bem maior do que há dez anos: "É claro que vai haver um disco", disse Cowell, amparado por mais de 75 milhões de visualizações do vídeo de Boyle no YouTube (que os tabloides ingleses anunciam como mais de 100 milhões).
O fenômeno Boyle atingiu tal proporção que as casas de apostas britânicas já criaram mais de dez categorias em torno dela: a chance de ter uma música no topo das paradas é de 4 para 9, a de aparecer em um episódio dos "Simpsons", de 12 para 1, e a de namorar Mel Gibson fica em 500 para 1.

Rotina pacata
A reviravolta profissional muda irremediavelmente a rotina pessoal de Boyle, que passou boa parte da vida cuidando da mãe doente. Até ser catapultada para o estrelato, ela levava uma vida pacata na cidadezinha de Whitburn, onde dedicava seu tempo a assistir a TV, ler e ser voluntária na igreja local.
De uma família de dez irmãos, dos quais seis estão vivos, Boyle enfrentou dificuldades desde o início. Quando nasceu, uma falta de oxigênio provocou leve dano cerebral, que prejudicou seus estudos e a tornou alvo de chacota na escola. Ela afirmou, no programa, que nunca havia sido beijada, depois voltou atrás, mas sem detalhes: "É constrangedor".
A morte da mãe, aos 91, foi ao mesmo tempo uma enorme tristeza e o impulso que faltava para a última tentativa de perseguir o sonho de cantar.
Sozinha com o gato Peebles, Boyle ficou dois anos sem interpretar, nem mesmo com a escova que servia de microfone, em casa. Mas acabou decidindo que havia chegado o momento de seguir o conselho da mãe e "fazer alguma coisa da vida". Inscreveu-se no show de calouros, e a história até aqui é conhecida, mas não o seu final.
Mesmo com a fama, ela diz que não quer mudar de aparência. "Há alguma coisa de errado em parecer Susan Boyle?", brincou, em entrevista recente. Mas apareceu anteontem com um vestido florido roxo e jaqueta de couro. O próximo capítulo é no dia 30 de maio, quando Boyle volta às telas.

LEIA MAIS na coluna de Contardo Calligaris.


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