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"Claro que vai ter disco", diz o "dono" de Susan Boyle
Simon Cowell, que detém os direitos musicais da cantora, cuida do futuro do fenômeno britânico, que volta à TV dia 30
Estouro na rede, ela diz que não quer mudar de estilo, mas aparição com vestido florido e jaqueta chamou a atenção da imprensa
PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES
Faz menos de duas semanas
que a escocesa de 48 anos, cabelos grisalhos desgrenhados e
aparência desleixada que escondem uma voz arrasadora,
subiu no palco do show de calouros "Britain's Got Talent"
para cantar "I Dreamed a
Dream" (sonhei um sonho),
mas aquele sábado à noite é
passado distante na era da internet. A pergunta agora é: o
que será de Susan Boyle?
Antes de emocionar o planeta, ela já havia tentado outras
vezes despontar no mundo da
música, sem sucesso.
Em 1995, Boyle tentou ser selecionada para um programa,
mas sua participação nunca foi
ao ar, "porque estava muito
nervosa". Depois disso, contratou um professor de canto,
Fred O'Neil, e em 2000 gravou
uma versão de "Cry Me a River"
para um CD com tiragem de
apenas mil cópias -é a sua única gravação até hoje, e também
já virou sucesso na internet.
Agora, será diferente. O homem que detém os direitos sobre o futuro musical de Boyle,
Simon Cowell (dono do "Britain's Got Talent" e jurado do
programa), já garantiu que,
dessa vez, ela atingirá um público bem maior do que há dez
anos: "É claro que vai haver um
disco", disse Cowell, amparado
por mais de 75 milhões de visualizações do vídeo de Boyle
no YouTube (que os tabloides
ingleses anunciam como mais
de 100 milhões).
O fenômeno Boyle atingiu tal
proporção que as casas de apostas britânicas já criaram mais
de dez categorias em torno dela: a chance de ter uma música
no topo das paradas é de 4 para
9, a de aparecer em um episódio dos "Simpsons", de 12 para
1, e a de namorar Mel Gibson fica em 500 para 1.
Rotina pacata
A reviravolta profissional
muda irremediavelmente a rotina pessoal de Boyle, que passou boa parte da vida cuidando
da mãe doente. Até ser catapultada para o estrelato, ela levava
uma vida pacata na cidadezinha de Whitburn, onde dedicava seu tempo a assistir a TV, ler
e ser voluntária na igreja local.
De uma família de dez irmãos, dos quais seis estão vivos, Boyle enfrentou dificuldades desde o início. Quando nasceu, uma falta de oxigênio provocou leve dano cerebral, que
prejudicou seus estudos e a tornou alvo de chacota na escola.
Ela afirmou, no programa, que
nunca havia sido beijada, depois voltou atrás, mas sem detalhes: "É constrangedor".
A morte da mãe, aos 91, foi ao
mesmo tempo uma enorme
tristeza e o impulso que faltava
para a última tentativa de perseguir o sonho de cantar.
Sozinha com o gato Peebles,
Boyle ficou dois anos sem interpretar, nem mesmo com a
escova que servia de microfone,
em casa. Mas acabou decidindo
que havia chegado o momento
de seguir o conselho da mãe e
"fazer alguma coisa da vida".
Inscreveu-se no show de calouros, e a história até aqui é conhecida, mas não o seu final.
Mesmo com a fama, ela diz
que não quer mudar de aparência. "Há alguma coisa de errado
em parecer Susan Boyle?",
brincou, em entrevista recente.
Mas apareceu anteontem com
um vestido florido roxo e jaqueta de couro. O próximo capítulo é no dia 30 de maio,
quando Boyle volta às telas.
LEIA MAIS na coluna de Contardo Calligaris.
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