São Paulo, quinta-feira, 23 de abril de 2009

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Crítica

"Inferno nº 17" representa bem Billy Wilder

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Billy Wilder tinha uma maneira quase cínica de olhar o mundo. Não era cínica, no entanto. Era como se fingisse. E nisso talvez um filme menor, como "Inferno nº 17" (TC Cult, 16h, não indicado para menores de 12 anos), o represente melhor do que alguns de seus filmes mais prestigiados (o mesmo, por sinal, acontece com "Beija-me, Idiota").
Devia ser um filme extremamente grave, porque estamos num campo de prisioneiros alemão onde se encontram soldados americanos. E, no entanto, William Holden não se preocupa em ocultar sua veia de negociante. Dentro das limitadas opções que o campo oferece, ele tenta lucrar.
Isso leva seus companheiros a acreditar que ele possa ter negociado com os alemães, quando alguns companheiros são mortos ao tentar a fuga. Mas não é bem assim. Wilder radicaliza aqui essa suspeita que John Ford tinha em relação a todo moralismo: como se virtude demais carregasse junto, necessariamente, o vício.


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