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COMEMORAÇÃO
Discos, shows, livros, selo e site na rede festejam centenário de nascimento do autor de "Carinhoso"
Pixinguinha "comemora" 100 anos
no palco, no papel, no laser e na Internet
da Reportagem Local
Discos, séries de shows, livros,
um selo e uma página na Internet
são os presentes na comemoração
do centenário de nascimento do
carioca Alfredo da Rocha Viana
Filho, o Pixinguinha.
Considerado o ``pai'' do choro,
por ter dado forma ao gênero, Pixinguinha era saxofonista e flautista de talento, primeiro maestro
arranjador no país.
"Toda a música brasileira da década de 30, uma das melhores já
produzidas no país, deve sua cara
ao Pixinguinha. Ele instituiu um
estilo para a música comercial no
Brasil", atesta o historiador musical José Ramos Tinhorão.
"Ele codificou os ritmos
afro-brasileiros orquestralmente,
dando uma base técnica", diz o
maestro Julio Medaglia.
E, como se não bastasse, Pixinguinha possuía o dom de compositor, deixando ``Carinhoso'' como
mais importante legado.
A gênese de sua música mais conhecida é envolta em algum mistério. Há controvérsias em relação à
data de criação.
"Carinhoso" teria sido feita no
final da década de 10 ou no início
dos anos 20. A música, entretanto,
só recebeu a letra de João de Barro
em 1937.
Pixinguinha alimentou, direta
ou indiretamente, outras dúvidas,
incertezas e lendas. Até hoje não se
sabe ao certo em que rua ele nasceu, nem mesmo o bairro do Rio.
Há também o encontro com
Louis Armstrong. Pixinguinha
acreditava ter conhecido o cantor
norte-americano em Paris, no início da década de 20, quando fazia
uma excursão com o grupo Os Oito Batutas.
Algo improvável, pois Armstrong não tinha o reconhecimento
que teria posteriormente e, ao que
se saiba, ainda não conhecia a Europa. Os dois músicos só foram se
encontrar 35 anos depois, em uma
festa do Palácio do Catete, no Rio.
Erro de data
Pixinguinha morreu de infarto
em 17 de fevereiro de 1973, na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, antes de batizar um afilhado. Tinha 75 anos.
Nascera no dia 23 de abril de
1897, embora, até quase o final da
vida, achassem que seu nascimento havia ocorrido um ano depois.
Era o que constava de sua carteira
de identidade, tirada décadas mais
tarde. O engano foi desfeito por Jacob do Bandolim, que encontrou o
registro de nascimento do compositor de ``Rosa'' em uma igreja do
Rio.
Comemorações
Por isso, os festejos do centenário estão sendo concentrados em
97. As comemorações começaram
no início do ano e continuarão no
segundo semestre.
A maior parte dos "presentes"
de aniversário é musical, na forma
de discos e shows.
Vários discos são inéditos, como
o CD duplo "Agô, Pixinguinha",
produzido por Hermínio Bello de
Carvalho, que traz músicos como
Paulinho da Viola, Tom Jobim,
Caetano Veloso e Chico Buarque
interpretando obras do compositor.
Há também os relançamentos,
como o CD "São Pixinguinha",
na coleção "Os Originais", da
EMI. E, no segundo semestre, a
gravadora Revivendo pretende
lançar três CDs, como material raro de Pixinguinha.
Dois livros sobre o compositor
estão sendo publicados. Um deles
tem a assinatura do jornalista Sérgio Cabral e se chama "Pixinguinha, Vida e Obra".
O outro livro, escrito por Marília
Barbosa e Arthur de Oliveira, tem
o título de "Filho de Ogum Bexiguento".
Homepage
Além das comemorações mais
óbvias, como shows, discos e livros, a memória de Pixinguinha
também será lembrada de outras
formas.
Os Correios estão lançando um
selo comemorativo com a efígie do
compositor. É a segunda vez que a
empresa homenageia o músico.
O músico deve ganhar uma página na Internet com informações
sobre sua vida e obra.
O endereço do site, que deve
inaugurado hoje, é http://www.unikey.com.br/pixinguinha.
(LUIZ ANTÔNIO RYFF)
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