São Paulo, quarta, 23 de abril de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMEMORAÇÃO
Discos, shows, livros, selo e site na rede festejam centenário de nascimento do autor de "Carinhoso"
Pixinguinha "comemora" 100 anos no palco, no papel, no laser e na Internet

da Reportagem Local

Discos, séries de shows, livros, um selo e uma página na Internet são os presentes na comemoração do centenário de nascimento do carioca Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha.
Considerado o ``pai'' do choro, por ter dado forma ao gênero, Pixinguinha era saxofonista e flautista de talento, primeiro maestro arranjador no país.
"Toda a música brasileira da década de 30, uma das melhores já produzidas no país, deve sua cara ao Pixinguinha. Ele instituiu um estilo para a música comercial no Brasil", atesta o historiador musical José Ramos Tinhorão.
"Ele codificou os ritmos afro-brasileiros orquestralmente, dando uma base técnica", diz o maestro Julio Medaglia.
E, como se não bastasse, Pixinguinha possuía o dom de compositor, deixando ``Carinhoso'' como mais importante legado.
A gênese de sua música mais conhecida é envolta em algum mistério. Há controvérsias em relação à data de criação.
"Carinhoso" teria sido feita no final da década de 10 ou no início dos anos 20. A música, entretanto, só recebeu a letra de João de Barro em 1937.
Pixinguinha alimentou, direta ou indiretamente, outras dúvidas, incertezas e lendas. Até hoje não se sabe ao certo em que rua ele nasceu, nem mesmo o bairro do Rio.
Há também o encontro com Louis Armstrong. Pixinguinha acreditava ter conhecido o cantor norte-americano em Paris, no início da década de 20, quando fazia uma excursão com o grupo Os Oito Batutas.
Algo improvável, pois Armstrong não tinha o reconhecimento que teria posteriormente e, ao que se saiba, ainda não conhecia a Europa. Os dois músicos só foram se encontrar 35 anos depois, em uma festa do Palácio do Catete, no Rio.
Erro de data
Pixinguinha morreu de infarto em 17 de fevereiro de 1973, na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, antes de batizar um afilhado. Tinha 75 anos.
Nascera no dia 23 de abril de 1897, embora, até quase o final da vida, achassem que seu nascimento havia ocorrido um ano depois. Era o que constava de sua carteira de identidade, tirada décadas mais tarde. O engano foi desfeito por Jacob do Bandolim, que encontrou o registro de nascimento do compositor de ``Rosa'' em uma igreja do Rio.
Comemorações
Por isso, os festejos do centenário estão sendo concentrados em 97. As comemorações começaram no início do ano e continuarão no segundo semestre.
A maior parte dos "presentes" de aniversário é musical, na forma de discos e shows.
Vários discos são inéditos, como o CD duplo "Agô, Pixinguinha", produzido por Hermínio Bello de Carvalho, que traz músicos como Paulinho da Viola, Tom Jobim, Caetano Veloso e Chico Buarque interpretando obras do compositor.
Há também os relançamentos, como o CD "São Pixinguinha", na coleção "Os Originais", da EMI. E, no segundo semestre, a gravadora Revivendo pretende lançar três CDs, como material raro de Pixinguinha.
Dois livros sobre o compositor estão sendo publicados. Um deles tem a assinatura do jornalista Sérgio Cabral e se chama "Pixinguinha, Vida e Obra".
O outro livro, escrito por Marília Barbosa e Arthur de Oliveira, tem o título de "Filho de Ogum Bexiguento".
Homepage
Além das comemorações mais óbvias, como shows, discos e livros, a memória de Pixinguinha também será lembrada de outras formas.
Os Correios estão lançando um selo comemorativo com a efígie do compositor. É a segunda vez que a empresa homenageia o músico.
O músico deve ganhar uma página na Internet com informações sobre sua vida e obra.
O endereço do site, que deve inaugurado hoje, é http://www.unikey.com.br/pixinguinha.
(LUIZ ANTÔNIO RYFF)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã