São Paulo, quinta, 23 de abril de 1998

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A leveza, ainda

HELOISA SEIXAS
O escritor diante do ponto final é um homem sem mãos. O ponto final é seu algoz: o escritor o perseguiu, mas ao alcançá-lo depara-se com o vazio, a leveza insuportável do dever cumprido. Pior. Passa a viver a comoção de ter a alma exposta, revirada por outras mãos, muitas vezes frias, que irão maculá-la sem piedade. Nelson Rodrigues dizia que os livros talvez devessem ser escritos e depois destruídos. Escrever é um ato de solidão absoluta e assim deveria permanecer. A leitura corrompe, desvirtua. Talvez o livro já comece a morrer nas mãos do primeiro leitor.



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