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A leveza, ainda
HELOISA SEIXAS
O escritor diante do ponto final é um homem sem
mãos. O ponto final é seu
algoz: o escritor o perseguiu, mas ao alcançá-lo depara-se com o vazio, a leveza insuportável do dever
cumprido. Pior. Passa a viver a comoção de ter a alma
exposta, revirada por outras mãos, muitas vezes
frias, que irão maculá-la
sem piedade. Nelson Rodrigues dizia que os livros
talvez devessem ser escritos
e depois destruídos. Escrever é um ato de solidão absoluta e assim deveria permanecer. A leitura corrompe, desvirtua. Talvez o livro
já comece a morrer nas
mãos do primeiro leitor.
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