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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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CINEMA/ESTRÉIA

Adeus, Nova York

Divulgação
O ator Edward Norton, ao fundo, em cena do filme "A Última Noite", longa do diretor norte-americano Spike Lee que entra em cartaz hoje nos cinemas brasileiros



Spike Lee registra estado de ânimo da cidade após o 11 de setembro ao narrar a história de um traficante


TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Desde 11 de setembro de 2001, Nova York -e o resto do mundo- esperava ansiosamente uma obra de ficção que conseguisse mostrar o sentimento da cidade. Esse filme, por enquanto, é "A Última Noite", dirigido por Spike Lee, que estreou nos EUA no ano passado e entra em cartaz hoje no Brasil.
Conta a história do traficante de drogas Monty (Edward Norton), que tem as 25 horas do título original ("The 25th Hour") para se despedir dos amigos e família e encarar sete anos de cadeia. Como pano de fundo, a cidade luta para se reconstruir após o ataque.
O polêmico diretor falou à Folha em Nova York na ocasião do lançamento do filme nos Estados Unidos. Não é das tarefas mais fáceis entrevistá-lo. Aos 46 anos, fala baixo e usa um inglês truncado e cheio de gírias, enquanto olha o tempo quase inteiro para os próprios pés. Não que dê muito para ver para onde olha Spike Lee, que enfia o boné com aba abaixada na cabeça até quase cobrir os olhos e senta quase com o meio das costas apoiado no acento da cadeira. Leia trechos da entrevista com o cineasta a seguir.
 

Folha - Por que decidiu incluir dois feixes de luz colocados em homenagem às torres do World Trade Center no seu filme?
Spike Lee -
Li nos jornais que isso seria feito e, um dia, dirigindo de um lugar para outro, vi as duas torres de luz e achei que ficariam lindas em um filme. No dia seguinte, acordei e decidi usá-las na abertura, que eu estava começando a filmar. Ainda estávamos fazendo a pré-produção, mas adiantei o processo e comecei a filmar na última semana em que as luzes estavam acesas.

Folha - Foi difícil filmar em Nova York naquela época?
Lee -
Muito. É sempre difícil filmar em Nova York. É difícil fazer qualquer coisa em Nova York. Ao mesmo tempo que é um enorme prazer, esta é uma cidade que entra nos filmes, que se enfia nas histórias, que vira um personagem mesmo que você não queira. Mas eu queria mostrar a Nova York que eu estava vendo enquanto filmava essa história, e era pós-11 de setembro. Isso não estava no roteiro original, mas não faria um filme em Nova York sem mostrar o que estava acontecendo, porque os eventos de 11 de setembro fazem a cidade aparecer ainda mais.


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