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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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ARGENTINA

Operação Condor emerge pela voz de seus defensores

DOS ENVIADOS A CANNES

O cineasta argentino Rodrigo Vazquez pretendia fazer um filme sobre a Operação Condor (esforço conjunto de repressão política de países latino-americanos), explicitando o ponto de vista dos que a defendem.
Radicado na Inglaterra, percebeu a chance de realizar o projeto quando preparava um filme sobre o processo contra o ditador chileno Augusto Pinochet para a emissora BBC. "Apertei a mão de muitos torturadores e percebi que poderia convencê-los", diz.
Filmou "Condor: Les Axes du Mal" (Condor: Os Eixos do Mal), ouvindo personagens do período no Chile, Uruguai e Paraguai e estudando arquivos sobre a operação, obtidos pelo advogado paraguaio Martin Almada.
A tese do apoio do governo norte-americano à repressão de Estado na América Latina é sustentada por alguns desses documentos e ilustrada por imagens de arquivo do conselheiro de Segurança dos EUA Henri Kissinger.
Em depoimento a Vazquez, o ex-chefe da polícia política chilena Manuel Contreras reforça o elo com os EUA e refuta a classificação de assassinato político para a eliminação dos ativistas contrários à ditadura. "Nós estávamos combatendo o terrorismo e lutando pelos direitos humanos da maioria da população chilena."
O filme ouve também o general francês Aussaresses, cujas táticas de combate desenvolvidas na guerra da Argélia inspiraram as forças repressoras de países da América do Sul. O general diz que "tecnicamente" a tortura não existe, já que é um elemento da luta contra a subversão.
Vazquez contrapõe essas entrevistas com depoimentos de ex-presos políticos torturados e parentes de desaparecidos. É o momento em que o filme se assemelha a outros sobre o assunto. "As pessoas podem saber o que houve, mas nunca é o suficiente", diz.


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