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ARGENTINA
Operação Condor emerge pela voz de seus defensores
DOS ENVIADOS A CANNES
O cineasta argentino Rodrigo
Vazquez pretendia fazer um filme
sobre a Operação Condor (esforço conjunto de repressão política
de países latino-americanos), explicitando o ponto de vista dos
que a defendem.
Radicado na Inglaterra, percebeu a chance de realizar o projeto
quando preparava um filme sobre
o processo contra o ditador chileno Augusto Pinochet para a emissora BBC. "Apertei a mão de muitos torturadores e percebi que poderia convencê-los", diz.
Filmou "Condor: Les Axes du
Mal" (Condor: Os Eixos do Mal),
ouvindo personagens do período
no Chile, Uruguai e Paraguai e estudando arquivos sobre a operação, obtidos pelo advogado paraguaio Martin Almada.
A tese do apoio do governo norte-americano à repressão de Estado na América Latina é sustentada por alguns desses documentos
e ilustrada por imagens de arquivo do conselheiro de Segurança
dos EUA Henri Kissinger.
Em depoimento a Vazquez, o
ex-chefe da polícia política chilena Manuel Contreras reforça o elo
com os EUA e refuta a classificação de assassinato político para a
eliminação dos ativistas contrários à ditadura. "Nós estávamos
combatendo o terrorismo e lutando pelos direitos humanos da
maioria da população chilena."
O filme ouve também o general
francês Aussaresses, cujas táticas
de combate desenvolvidas na
guerra da Argélia inspiraram as
forças repressoras de países da
América do Sul. O general diz que
"tecnicamente" a tortura não
existe, já que é um elemento da luta contra a subversão.
Vazquez contrapõe essas entrevistas com depoimentos de ex-presos políticos torturados e parentes de desaparecidos. É o momento em que o filme se assemelha a outros sobre o assunto. "As pessoas podem saber o que houve, mas nunca é o suficiente", diz.
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