|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Barenboim rege a Staatskapelle de Berlim em SP
Com ingressos esgotados, concertos vão de domingo a terça, com Bruckner, Wagner e Schönberg no repertório
Em entrevista à Folha, maestro comenta saída do intendente da Staatskapelle e desmente boatos de que poderia assumir a Osesp
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois de superada uma crise que rondava a instituição até
a semana passada, uma das melhores orquestras de ópera do
planeta, a Staatskapelle de Berlim, toca de domingo a terça em
São Paulo, na série da Sociedade de Cultura Artística, sob a
batuta de seu diretor artístico,
o israelense de origem argentina Daniel Barenboim, 65.
Na semana passada, na capital alemã, ficou acertada a saída
do intendente da Staatsoper (a
mais importante das três casas
de Berlim e sede da Staatskapelle), Peter Mussbach, que vinha
tendo divergências orçamentárias com o maestro.
Enquanto consumia pães de
queijo e cafés no aeroporto de
Guarulhos, na última segunda-feira, Barenboim disse à Folha
que "lamentava" a saída de
Mussbach, salientando: "Os
problemas nunca foram artísticos, eram administrativos".
Bruckner
Em cada uma de suas apresentações paulistanas, todas
com ingressos esgotados, o regente executa uma das três derradeiras sinfonias do austríaco
Anton Bruckner (1824-1896): a
nº 7 no domingo, a nº 8 no dia
seguinte e a n º 9 na terça.
Bruckner foi um dos compositores favoritos do maestro-fetiche de Barenboim, o alemão
Wilhelm Furtwängler (1886-1954), cujo exemplo ele procura seguir, mas não imitar.
"Quanto maior é a personalidade que influencia, menos temos que imitá-lo -há que se
entender por que ele fazia as
coisas daquele jeito, e esse foi
todo meu trabalho com Furtwängler", explica. "O pensamento de Furtwängler, para
mim, significa tudo o que há de
bom no pensar sobre a música,
na música e com a música. Mas
não se deve imitá-lo, porque,
então, perde-se o valor".
Se, no domingo, o programa é
complementado por obras de
Wagner ("Prelúdio e Morte de
Isolda" e "Abertura Mestres
Cantores"), na segunda-feira
("Cinco Peças para Orquestra")
e na terça ("Variações Op. 31",
que ele está para lançar em
CD), a noite traz peças de Arnold Schönberg (1874-1951), o
criador do dodecafonismo, cujo
nome pode afugentar parte
mais conservadora do público.
"O problema com Schönberg
é a idéia preconcebida que as
pessoas têm, sem saber o que
é", diz o maestro. "É um compositor muito difícil de tocar, e,
quando se toca mal, e não está
limpa, sua música é só ruído.
Mas, em nossa orquestra, chegamos a um grau de transparência muito alto nessas obras,
o que faz delas bem acessíveis".
As freqüentes visitas de Barenboim a São Paulo alimentaram boatos de que ele poderia
ser o futuro diretor musical da
Osesp. Ele desmente as especulações: "É sempre muito agradável ouvir que se pensa na
gente, mas não existe nada nesse sentido". Paralelamente às
amplas atividades na regência
(ele passa três meses do ano no
Scala, de Milão), o músico desenvolve ainda uma importante carreira como pianista. O segredo para conseguir tempo para, além de óperas e sinfonias, decorar as mais cabeludas
partituras? "Dar muito poucas
entrevistas", diz, entre risos.
DANIEL BARENBOIM
Quando: dom., às 19h; seg. e ter., às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3258-3344;
classificação: livre)
Quanto: R$ 90 a R$ 260 (ingressos esgotados)
Texto Anterior: Conexão Pop - Thiago Ney: Teoria da independência Próximo Texto: Frase Índice
|