COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se alguém ainda tem dúvida de que Daniel Barenboim é um dos músicos mais completos da atualidade, basta ouvir os dois álbuns que a Warner Classics lançou no Brasil neste ano. São duas gravações ao vivo.
Na primeira, à frente da orquestra que traz à cidade neste ano, a Staatskapelle Berlim, Barenboim apresenta uma leitura suntuosa e emocional da "Sinfonia nº 9", de Mahler.
A Staatskapelle, no álbum, está ainda melhor do que em 1995, quando, sob o mesmo regente, realizou apresentações memoráveis no Cultura Artística. A sonoridade luxuriante das cordas, o refinamento das madeiras e a robusteza dos metais colocam a orquestra entre as melhores do planeta.
Já o segundo CD é um recital de piano solo, também registrado ao vivo, no Scala, de Milão, no qual, demonstrando comando absoluto do teclado, o artista se desincumbe com desenvoltura de algumas das obras mais virtuosísticas de Franz Liszt, como os "Três Sonetos de Petrarca", "São Francisco de Assis: a Pregação aos Pássaros", e trechos de óperas de Verdi.
Não custa lembrar que, em São Paulo, em 2000, Barenboim já dera mostra de tal versatilidade, realizando uma apresentação pianística deslumbrante e interpretações inesquecíveis de Mahler à frente da Sinfônica de Chicago.
Mais espantoso do que tocar piano e reger, é que os faz no mais alto nível. Entre o Barenboim pianista e o Barenboim maestro, fique com ambos.