São Paulo, terça, 23 de junho de 1998

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Engenheiro questiona raciocínio

da Reportagem Local

Astro Teller não é unanimidade na ciência. O psiquiatra, doutor em engenharia eletrônica e pesquisador assistente da Escola Politécnica da USP, Henrique Schützer Del Nero, 39, aponta uma série de "falácias" em seu raciocínio.
"Fatalmente vamos nos defrontar com essa inteligência artificial, pode ser em cinco, dez, ou 200 anos. O problema aí é a construção do raciocínio", afirma.
Segundo ele, não é correto fazer a relação entre a velocidade do cérebro humano e a do computador, já que o primeiro é "arquitetura paralela e analógica" enquanto o outro é "serial e digital".
"O computador é muito mais rápido do que o cérebro, mas com um modo de processamento totalmente diferente. Do ponto de vista tecnológico, passamos tudo do analógico para o digital. Do científico, será preciso fazer o inverso para chegar a inteligência artificial que simule a humana."
Del Nero contesta a afirmação de que a máquina será amoral, acultural. "A semente moral faz parte da nossa máquina (humana). A arquitetura que não tenha moral ligada a emoções primárias -sentido de justiça, verdade, igualdade- e a possibilidade de operar com vontade, será somente uma caricatura do humano."
O pesquisador diz que não é o conceito de pessoa que terá de ser definido, mas "fatalmente seremos obrigados a julgar atitudes de máquinas em moldes semelhantes aos usados para julgar civil e penalmente as atitudes humanas".



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