São Paulo, terça, 23 de junho de 1998

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Câncer de Leandro amedronta doentes

AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

As notícias desanimadoras sobre o quadro de saúde do cantor sertanejo Leandro estão provocando medo e desânimo entre os doentes de câncer. Do ponto de vista médico, tais sentimentos só trazem prejuízos ao tratamento, afirmam os especialistas.
Não se trata de fechar os olhos e tentar ignorar o que está acontecendo, mas de pensar que "cada caso é um caso e que a evolução é diferente mesmo quando o diagnóstico é o mesmo", afirma Sérgio Simon, oncologista do Hospital Albert Einstein.
O médico disse que, ainda ontem, recebeu telefonemas de dois pacientes que disseram estar com medo de morrer e que estavam aflitos com sintomas imaginários. Os dois falaram de Leandro.
"O paciente precisa entender que há sempre pessoas morrendo de câncer e que o caso dos outros não se aplica a ele", diz Simon. Quando está desanimado e desmotivado, o doente não segue o tratamento e foge dos exames.
No Cora -Centro Oncológico de Recuperação e Apoio-, os aspectos psicológicos do paciente com câncer são vistos como fundamentais. Pacientes e ex-pacientes se reúnem em psicoterapia e relatam suas próprias experiências. "As pessoas passam a lidar com sua doença e com seus problemas existenciais", afirma Guacira Mesquita Queiróz, uma das psicólogas do Cora.
Muitas vezes o grupo ouve relatos de pacientes terminais, nos quais a preocupação não é uma cura impossível, mas uma melhor qualidade de vida. "Ao conhecer melhor a doença, as pessoas aprendem os sinais de seu próprio corpo e passam a questionar mais seus médicos", diz Guacira.
A ex-paciente Jurema Franco, psicóloga do Cora que trabalha com crianças, diz que os familiares e os doentes adultos ficam desesperançados diante de notícias como a de Leandro. "Há sempre uma queda na confiança, mas é preciso lembrar que não há razão para medo quando o tratamento vem sendo feito corretamente."
O comerciante Eurides Natalim, de Americana, curou-se de um câncer há dois anos e vem acompanhando o caso de Leandro. "Há sempre um medo de que tudo recomece, mas o importante é não perder a fé", aconselha.



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