São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2001

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LIVRO/LANÇAMENTO
"Sou atento, não profeta", diz autor do romance político

"Fim" antecipa clima de protestos antiglobalização

Associated Press
Cena de protesto em Seattle, que está no site de G.A. Matiasz


FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não, você não o conhece. E se buscar na internet pelo G.A. Matiasz que assina o livro "Fim - Notas sobre os Últimos Dias do Império Americano", lançado agora no Brasil, vai achar ocorrências em sites de livrarias ou em listas de preferidos de entidades políticas e universidades. Só.
Já se buscar por "Lefty" Hooligan, como o mesmo escritor firma artigos para a revista punk "Maximum Rock'n'Roll", encontra verborrágicas colunas contra o establishment, como as do site do autor (www.huahuacoyotl.com).
O que você não vai achar é o técnico em computação de uma editora da Califórnia, costa oeste dos EUA, que trabalha das 9h às 17h.
Este é George Anthony Matiasz, cidadão norte-americano nascido na Alemanha em 1952, formado em história. E que, nas horas vagas, escreve os textos políticos citados no parágrafo acima e caminha para lançar seu segundo livro.
O que esse caso de "múltipla personalidade" tem de mais curioso é que suas "notas do apocalise" (subtítulo original de "Fim") descrevem um ambiente de tensão muito semelhante ao dos protestos antiglobalização que o mundo presencia desde a conferência da Organização Mundial do Comércio em Seattle, em 1999.
Com um detalhe: "Fim" foi publicado pela primeira vez em 94, em edição independente, e relançado em 96, pela AK Press, especializada em temas marginais.
Num rápido resumo, a ação principal do livro, situada em 2007, fala sobre a organização de estudantes contra a intervenção militar dos EUA no sul do México para combater a guerrilha de Chiapas. A pressão popular aumenta até transformar-se em verdadeiras batalhas de rua, com os estudantes lutando para forçar a paz no país vizinho.
As subtramas falam contra engenharia genética e intolerância racial, entre outros temas que, hoje, ligamos aos protestos como os vistos em Gênova a partir da última sexta, paralelamente ao encontro do G-8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia).
Qualidades divinatórias, como sugere o material promocional da editora brasileira? Não, responde Matiasz, em entrevista por e-mail à Folha.
"A primeira edição de "Fim" saiu em janeiro de 94, duas semanas depois do levante zapatista em Chiapas. Eu não sabia sobre o Exército Zapatista de Libertação Nacional, apesar de que, tendo estudado história e sociedade mexicanas, achava que algo assim inevitavelmente aconteceria", diz.
"Eu não me considero um "profeta" das mudanças que ocorreram a partir de 94 nem dos movimentos antiglobalização -e espero que ninguém me veja assim. Fico feliz por ver que o livro foi sensível sobre o que viria, mas qualquer um que observe a história e a atualidade atentamente poderia fazer tais predições."


FIM - NOTAS SOBRE OS ÚLTIMOS DIAS DO IMPÉRIO AMERICANO ("End Time: Notes on the Apocalypse", 1994) - De: G.A. Matiasz. Editora: Conrad (0/xx/11/ 3346-6071, www.conradeditora.com .br).Tradução: Leila de Souza Mendes. Primeira edição. 352 págs. R$ 24,90


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