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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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Herdeiros de Asterix trocam aldeia pelo Anima Mundi

Fotos Divulgação
O longa francês "Les Triplettes de Belleville"
 

Cena do curta belga "Quatre à Voyager"



Etapa paulista do evento expõe de hoje a domingo o melhor da produção franco-belga


Criada à sombra de "Asterix", animação belga e francesa busca equilíbrio entre tradição e pop

Franco-animadores

ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a animação japonesa "A Viagem de Chihiro" e a americana "Procurando Nemo" disputam as atenções do público no cinema, um grupo de velhinhas astutas vindo da França promete causar frisson no 11º Anima Mundi, que começa em São Paulo.
Elas são as trigêmeas cantoras de Belleville, heroínas do longa "Les Triplettes de Belleville", dirigido pelo quadrinista Sylvain Chomet e apoiado em um divertido jazz anos 30 com a marca do músico pop francês Mathieu Chedid -também conhecido por M.
Exibida pela primeira vez na seleção oficial do Festival de Cannes deste ano, a história da incansável matrona portuguesa que cruza o Atlântico de pedalinho para salvar o neto ciclista raptado durante a Volta da França é, na verdade, um "tour de force" das três potências da animação francófona: França, Canadá e Bélgica.
"A Bélgica teve durante muitos anos uma indústria de animação muito frutífera, sobretudo nos anos 60 e 70, com "Tin-Tin" e "Asterix". Nos 80, a maioria dos estúdios fechou, e, desde então, se fala cada vez menos em animação belga e mais em animação européia", disse à Folha o belga Phillipe Moins, diretor do Festival de Desenho Animado e do Filme de Animação de Bruxelas, que está no Brasil para participar de uma retrospectiva e um debate sobre a influência dos quadrinhos na tradição do gênero em seu país.
"Nem sempre as animações adaptadas dos quadrinhos eram boas, mas eram comercialmente interessantes, pois atraíam o público que já conhecia os personagens", analisa Moins. "Tivemos de chegar a um meio-termo. Hoje, além de influenciar a nova HQ, o cinema de animação cria suas próprias histórias. Um bom exemplo disso é Sylvain Chomet ter escrito "Les Triplettes"."
Igualmente influenciado pelas histórias em quadrinhos -do desenhista francês Phillipe Caza-, o longa-metragem "Les Enfants de la Pluie" (Os Filhos da Chuva), de Phillipe Leclerc, também faz a sua pré-estréia no festival. Dublada em inglês, a fábula sobre a intolerância entre os pyros, filhos do fogo, e os hydros, filhos da água, expõe o lado mais comercial da produção atual francesa.
Realizada em parceria com animadores sul-coreanos, "Les Enfants de la Pluie" incorpora bastante do visual e da versatilidade de temas do mangá, que, não é novidade, tomou de assalto os quadrinhos europeus na última década. "[O filme] Foi elaborado num espírito europeu com influências da animação asiática. Assim, podem-se abordar vários assuntos e abri-los a um público mais amplo", afirma Leclerc.
Além dos dois longas-metragens, a animação francesa espalha-se por pelo menos outras duas mostras deste Anima Mundi.
Mais até que os longas, as séries de curtas-metragens traçam um eficiente panorama do ecletismo que permeia as produções atuais do país. Da nostalgia aquarelada de "Le Moine et le Poisson" e "Paroles en l'Air" aos processos em "stop-motion" dos divertidos "À Donf", que faz animação com atores reais, e "Les Oiseaux en Cage Ne Peuvent Pas Voler" (Os Pássaros na Gaiola Não Podem Voar), que segue a técnica de massinha.
Quando o assunto é experimentar, a Bélgica não fica atrás. Em meio aos "antidesenhos" "L"Artichaut" (A Alcachofra) e "Harpya" e os cartunescos "Pic Pic" e "Bzz", sobra bastante espaço para a mescla de técnicas. Enquanto "Quatre à Voyager" (Quatro em Viagem) mistura cenas reais com animações em 2D, "Fragile" (Frágil) nos brinda com uma acirrada disputa, em computação gráfica, entre a taça de vinho e a caneca de chope.


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