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Herdeiros de Asterix trocam aldeia pelo Anima Mundi
Fotos Divulgação
![](../images/i2307200301.jpg) |
O longa francês "Les Triplettes de Belleville" |
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![](../images/i2307200302.jpg) |
Cena do curta belga "Quatre à Voyager" |
Etapa paulista do evento expõe de hoje a domingo o melhor da produção franco-belga
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Criada à sombra de "Asterix", animação belga e francesa busca equilíbrio entre tradição e pop
Franco-animadores
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto a animação japonesa
"A Viagem de Chihiro" e a americana "Procurando Nemo" disputam as atenções do público no cinema, um grupo de velhinhas astutas vindo da França promete
causar frisson no 11º Anima Mundi, que começa em São Paulo.
Elas são as trigêmeas cantoras
de Belleville, heroínas do longa
"Les Triplettes de Belleville", dirigido pelo quadrinista Sylvain
Chomet e apoiado em um divertido jazz anos 30 com a marca do
músico pop francês Mathieu Chedid -também conhecido por M.
Exibida pela primeira vez na seleção oficial do Festival de Cannes
deste ano, a história da incansável
matrona portuguesa que cruza o
Atlântico de pedalinho para salvar o neto ciclista raptado durante
a Volta da França é, na verdade,
um "tour de force" das três potências da animação francófona:
França, Canadá e Bélgica.
"A Bélgica teve durante muitos
anos uma indústria de animação
muito frutífera, sobretudo nos
anos 60 e 70, com "Tin-Tin" e "Asterix". Nos 80, a maioria dos estúdios fechou, e, desde então, se fala
cada vez menos em animação belga e mais em animação européia",
disse à Folha o belga Phillipe
Moins, diretor do Festival de Desenho Animado e do Filme de
Animação de Bruxelas, que está
no Brasil para participar de uma
retrospectiva e um debate sobre a
influência dos quadrinhos na tradição do gênero em seu país.
"Nem sempre as animações
adaptadas dos quadrinhos eram
boas, mas eram comercialmente
interessantes, pois atraíam o público que já conhecia os personagens", analisa Moins. "Tivemos
de chegar a um meio-termo. Hoje, além de influenciar a nova HQ,
o cinema de animação cria suas
próprias histórias. Um bom
exemplo disso é Sylvain Chomet
ter escrito "Les Triplettes"."
Igualmente influenciado pelas
histórias em quadrinhos -do desenhista francês Phillipe Caza-,
o longa-metragem "Les Enfants
de la Pluie" (Os Filhos da Chuva),
de Phillipe Leclerc, também faz a
sua pré-estréia no festival. Dublada em inglês, a fábula sobre a intolerância entre os pyros, filhos do
fogo, e os hydros, filhos da água,
expõe o lado mais comercial da
produção atual francesa.
Realizada em parceria com animadores sul-coreanos, "Les Enfants de la Pluie" incorpora bastante do visual e da versatilidade
de temas do mangá, que, não é
novidade, tomou de assalto os
quadrinhos europeus na última
década. "[O filme] Foi elaborado
num espírito europeu com influências da animação asiática.
Assim, podem-se abordar vários
assuntos e abri-los a um público
mais amplo", afirma Leclerc.
Além dos dois longas-metragens, a animação francesa espalha-se por pelo menos outras duas
mostras deste Anima Mundi.
Mais até que os longas, as séries
de curtas-metragens traçam um
eficiente panorama do ecletismo
que permeia as produções atuais
do país. Da nostalgia aquarelada
de "Le Moine et le Poisson" e "Paroles en l'Air" aos processos em
"stop-motion" dos divertidos "À
Donf", que faz animação com atores reais, e "Les Oiseaux en Cage
Ne Peuvent Pas Voler" (Os Pássaros na Gaiola Não Podem Voar),
que segue a técnica de massinha.
Quando o assunto é experimentar, a Bélgica não fica atrás. Em
meio aos "antidesenhos" "L"Artichaut" (A Alcachofra) e "Harpya"
e os cartunescos "Pic Pic" e "Bzz",
sobra bastante espaço para a mescla de técnicas. Enquanto "Quatre
à Voyager" (Quatro em Viagem)
mistura cenas reais com animações em 2D, "Fragile" (Frágil) nos
brinda com uma acirrada disputa,
em computação gráfica, entre a
taça de vinho e a caneca de chope.
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