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MÚSICA
Críticos do "New York Times" elogiam apresentações de brasileiros em festival
Brown "rouba" shows em Nova York
BEN RATLIFF
DO "NEW YORK TIMES"
Quando artistas brasileiros chegam a Nova York, normalmente
fazem apenas um show, sem banda de abertura. Os brasileiros locais imediatamente devoram todos os ingressos, e as cabeças
americanas mal são tocadas pelo
evento. Mas com os cinco shows
de Brazil Beyond Bossa [Brasil
Além da Bossa], parte do festival
do Lincoln Center na semana passada, um gringo tem pelo menos
uma chance razoável de chegar
em tempo de acompanhá-los.
No show de abertura, quarta-feira, Selma do Coco, uma pernambucana de seus 60 e poucos
anos, se postava entre quatro percussionistas e três cantores de
apoio. Ela disparava letras sincopadas sobre marinheiros, pescadores e tubarões, às vezes cantando e às vezes deslizando para o
proto-rap ou embolada.
O Mundo Livre S.A. veio a seguir com um show misturando
sons velhos e tradicionais, incluindo o pequeno violão conhecido como cavaquinho -e uma
espécie de rock boêmio e discursivo. Seu guitarrista, cantor e letrista Fred 04 exibe uma voz fatigada
e lamuriosa que se estende para
além das divisões dos compassos.
Ele cantou poemas em prosa fantásticos como "Alice Williams",
que compara uma mulher a um
carro de corrida. O Mundo Livre
S.A. é uma banda amistosa e um
tanto desordenada e perdeu algum tempo entre suas canções.
Mas o show da quinta-feira
atraiu tanto os norte quanto os
sul-americanos. O espetáculo envolvia duas bandas fundadas por
Carlinhos Brown, astro pop, herói
local e descobridor (ou manipulador) de talentos na Bahia.
Sua banda de jovens, a Lactomia, tocou primeiro, e ainda que a
música, um funk afro-brasileiro
com vocais pop leves e raps sobre
a política, talvez precise de mais
personalidade, o aspecto teatral
do espetáculo é que terminou
mais importante. Quando as luzes
se acenderam, os nove jovens
membros da banda foram vistos
vasculhando latas de lixo, fingindo que cheiravam cola e chacoalhando latas pedindo moedas.
A Timbalada, mais popular das
bandas percussivas supervisionadas por Brown, fechou o espetáculo com música de Carnaval da
Bahia tocada muito rápido. É uma
música tão ruidosa e com base tão
forte em cânticos tradicionais que
simplesmente oblitera o pensamento, você se deixa envolver.
Por fim, Brown subiu ao palco
em pessoa, com um cocar branco,
de torso nu e usando calças de pele de leopardo. E ele roubou o
show, cantando, saltando, tocando seu tambor. Tocou músicas de
sua carreira solo e depois um bloco afro-cubano, com "Blen Blen
Blen", de Chano Pozo, dedicando
o espetáculo a Celia Cruz, morta
na semana passada. Correu para o
meio do teatro, fez discurso em
inglês improvisado sobre o desarmamento e a prevenção da Aids e
liderou um coro de "Get Up,
Stand Up", de Bob Marley. Para
um músico médio, isso seria de
uma gula insensata. Mas Brown
não é um músico médio.
"Paz e amor"
Para outro crítico do jornal, Jon
Pareles, um dos mais conhecidos
dos EUA, as músicas de Brown
são "cosmopolitas e cheias de sentimentos de paz e amor". Pareles
ainda elogiou o DJ Dolores, que
teria "traçado um paralelo entre
as maratonas celebratórias de
maracatu no Carnaval e as intoxicações noturnas de uma rave".
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