São Paulo, Sexta-feira, 23 de Julho de 1999
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Parceria azeda o caldo

da Redação

O grande número de restaurantes e bares de propriedade de artistas e personalidades -que tentam transferir sua fama e carisma para os estabelecimentos- nem sempre atrai clientela. Mas costuma mostrar como é frágil o casamento entre a boa comida (bebida também) e os truques artificiais de marketing para atrair o público.
A melhor experiência -ou tentativa, pelo menos- na área aconteceu em Londres ao longo dos últimos dez anos. O ator Michael Caine associou-se ao talentoso e temperamental chef de cozinha Marco Pierre White, um ex-junkie que conseguiu insuflar novos ares à alta cozinha local, então dominada por um certo academicismo francês.
Fizeram restaurantes como The Canteen (que ainda existe, com outro chef) e o mais vistoso de todos, The Restaurant. Mas como conciliar duas estrelas de muita grandeza? Difícil. A saída: ou fica o chef, e o prestígio gastronômico, ou o artista, e o público eventualmente interessado em vê-lo. A separação foi inevitável.
No caso de bares, a fórmula é menos daninha, já que o público vai menos pela culinária e mais pela diversão, mesmo. E ver gente famosa faz parte do jogo. Quem vai ao Planet Hollywood ou ao bar do Romário pode sobreviver de barriga vazia.
Quanto aos restaurantes, sobreviverão se os chefs forem mais anônimos e não colidirem com os proprietários. Ou quando a estrela empresta o nome, mas guarda distância. Assim, é até possível comer direito no Marquês de Marialva e mesmo no Gogó da Ema. No primeiro caso, Roberto Leal fica no palco, não na cozinha; no segundo, Thereza Collor fica em Alagoas, não no Itaim. (JM)


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