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Parceria azeda o caldo
da Redação
O grande número de restaurantes e bares de propriedade de artistas e personalidades -que tentam transferir sua fama e carisma
para os estabelecimentos- nem
sempre atrai clientela. Mas costuma mostrar como é frágil o casamento entre a boa comida (bebida também) e os truques artificiais de marketing para atrair o
público.
A melhor experiência -ou tentativa, pelo menos- na área
aconteceu em Londres ao longo
dos últimos dez anos. O ator Michael Caine associou-se ao talentoso e temperamental chef de cozinha Marco Pierre White, um ex-junkie que conseguiu insuflar novos ares à alta cozinha local, então
dominada por um certo academicismo francês.
Fizeram restaurantes como The
Canteen (que ainda existe, com
outro chef) e o mais vistoso de todos, The Restaurant. Mas como
conciliar duas estrelas de muita
grandeza? Difícil. A saída: ou fica
o chef, e o prestígio gastronômico,
ou o artista, e o público eventualmente interessado em vê-lo. A separação foi inevitável.
No caso de bares, a fórmula é
menos daninha, já que o público
vai menos pela culinária e mais
pela diversão, mesmo. E ver gente
famosa faz parte do jogo. Quem
vai ao Planet Hollywood ou ao bar
do Romário pode sobreviver de
barriga vazia.
Quanto aos restaurantes, sobreviverão se os chefs forem mais
anônimos e não colidirem com os
proprietários. Ou quando a estrela empresta o nome, mas guarda
distância. Assim, é até possível comer direito no Marquês de Marialva e mesmo no Gogó da Ema.
No primeiro caso, Roberto Leal fica no palco, não na cozinha; no
segundo, Thereza Collor fica em
Alagoas, não no Itaim.
(JM)
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