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Produção é orçada em 1,2 milhão
DA REPORTAGEM LOCAL
O próprio Raul Cortez assume a
produção de "Rei Lear", orçada
em R$ 1,2 milhão. Foram dois meses e meio de ensaios, comandados por Ron Daniels.
São 25 atores em cena. As filhas
são interpretadas por Lígia Cortez
(Regana), Lu Grimaldi (Goneril) e
Bianca Castanho (Cordélia).
Também estão no elenco os atores Gilberto Gawronski ("A Dama
da Noite", aqui no papel de Bobo), Mário Cesar Camargo (Conde de Gloucester), Caco Ciocler
(Edgar) e Rogério Bandeira (Edmundo), entre outros.
Razão e loucura duelam na história do rei da Bretanha. Para evitar a deflagração de uma guerra
após sua morte, ele divide o reino
entre as três filhas.
Propõe, no entanto, que elas declarem publicamente seu amor
incondicional ao pai.
A caçula Cordélia, a quem ele
dedica mais carinho, abdica de
entrar no jogo de dissimulações,
ao contrário das irmãs, interessadas em recrudescer seus dotes.
Lear passa então a desprezar
Cordélia, desencadeando os fatos
que irão culminar na tragédia.
O diretor Ron Daniels imprime
uma dimensão familiar, política e
metafísica à tragédia, retratando
um mundo em crise de transformação. Disputa pelo poder, valores sociais e a relação de pais e filhos entram no tabuleiro de Shakespeare.
A cenografia de J.C. Serroni
procura estabelecer analogia com
a trajetória do protagonista. Na
medida em que Lear revê seu radicalismo para entrever novamente o amor da filha caçula,
reencontrando a verdade, o espaço cenográfico, cujo eixo é uma
estrutura metálica de 1,5 toneladas, também é "desnudado" até
revelar o próprio urdimento do
teatro.
"A idéia básica é o desmoronamento da cenografia, que acompanha a própria decadência de
Lear", afirma Serroni, 50.
O paredão formado pela estrutura cai gradualmente, no compasso de quatro etapas do espetáculo. Na cena da torre, por exemplo, ele inclina 30 graus para revelar Lear na parte alta, enquanto a
parte baixa abriga miseráveis, numa alusão aos moradores de rua
das grandes cidades, sob os viadutos.
Na última parte, o paredão cai
completamente, servindo de palco para a guerra civil que se instala. "Surgem barris com fogos,
uma luz avermelhada, um caos
que acaba expondo também a arquitetura do teatro", diz Serroni.
Com toda a complexidade da
cenografia, ele diz que o objetivo é
corresponder ao pensamento do
encenador Ron Daniels. "Ou seja,
a intenção é conservar o palco
sempre vazio para a movimentação dos atores."
(VS)
Peça: Rei Lear
Texto: William Shakespeare
Tradução, adaptação e direção: Ron
Daniels
Com: Raul Cortez, Mário Borges,
Leonardo Franco, Luiz Guilherme,
Bartholomeu de Haro e outros
Quando: estréia amanhã, às 21h; qui. a
sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 22/10
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141,
tel. 0/xx/11/5080-3147)
Quanto: R$ 30 (qui.) e R$ 40
Patrocinador: Volkswagen do Brasil
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