|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Somos musas, mesmo", afirma Thalma de Freitas
Cantoras da Orquestra Imperial, que toca hoje em SP, contam como é participar de um grupo com 17 marmanjos
Nina e Thalma criticam intérpretes que se lançam com regravações de clássicos da MPB: "O que é novo tem risco maior"
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma gosta de colecionar papéis (de ingressos a embrulhos), desenhar as próprias
roupas e garimpar músicas antigas "com cara de coisa feita
agora", mas se achava "nerd"
quando criança por saber quem
era Pixinguinha. A outra, filha
de maestro formada ao som de
"Saltimbancos", Elis Regina e
Menudo, prefere se definir como intérprete (de texto e música) e sonha estrelar um musical
-ou um seriado de ação à "Esquadrão Classe A", em que veteranos do Vietnã acusados de
um roubo a banco agiam como
mercenários nos EUA.
Uma é Nina Becker, 33. A outra, Thalma de Freitas, outros
33. Juntas, respondem pela diminuta ala feminina da Orquestra Imperial, que faz show
de lançamento do CD "Carnaval Só Ano que Vem" hoje à noite, em São Paulo.
Acompanhadas por 17 marmanjos, elas encaram de formas diferentes o título de musas. "Não há rótulos tão cristalizados. O que tem é a amizade,
que transcende os futricos de
camarim", desconversa Nina.
"Ficamos [ela e Becker] de musas, mesmo. Não temos mais 20
anos. Não cabe essa de mascote. Ou ficamos de divas, ou de
chatas", brinca Thalma.
Em comum, elas criticam as
intérpretes que se lançam com
regravações de clássicos da
MPB. "Acho um absurdo meninas mais novas do que eu ficarem cantando Chico Buarque,
coisas que já foram gravadas
milhares de vezes. Fico aborrecida com isso. O que é novo tem
um risco maior", diz Nina.
"Não ligo para essas meninas, não sei quem elas são e não
vou ao show delas. Caguei!",
emenda Thalma, para em seguida arrematar, em tom jocoso: "Gosto de trabalhar com
canções inéditas porque não tenho que pagar tanto em direitos autorais. Canto música de
quem está passando perrengue!".
Mas quem já foi aos shows da
orquestra sabe que boa parte
do repertório é de relíquias catadas de outros Carnavais. Na
turnê de lançamento do álbum
de estréia, que já passou por BH
e Rio, o público tem ouvido,
além das novidades, "Fita Amarela" (Noel Rosa), "A Ordem É
Samba" (Jackson do Pandeiro/Severino Ramos) e "Tenha
Pena de Mim" (Ciro de Sousa/
Babaú), entre outras.
Não é só farra
Quando o disco chegou às lojas, em junho passado, a imprensa chamou a atenção para
a relativa sobriedade das composições, em contraste com a
euforia observada nos "bailes-shows" da orquestra. Nina não
vê aí uma mudança de tom, mas
sim "o resultado de um trabalho mais autoral". "A alegria
não é necessariamente histriônica. O show de fato é mais descontrolado. Vocês dizem que a
gente sabe fazer farra; quisemos mostrar que fazemos boa
música também."
Para Thalma, a gaiatice que
marca as apresentações ao vivo
não se perdeu. "Gravamos o CD
em dez dias. Não fizemos mais
de três "takes" para nenhuma
música. Não deixa de ser tão espontâneo quanto o show."
As participações especiais
também fazem parte da assinatura da Orquestra. Zeca Pagodinho, Caetano Veloso e a musa
do tecnobrega Gabi Amarantos
estão entre os que já dividiram
o palco com a banda. Quem poderia se somar à lista? "Adoraria trazer o Miltinho e a Elke
Maravilha", diz Nina. Thalma
faria um replay. "A Alcione poderia repetir "Devagar com a
Louça" com a gente. Me joguei
no chão quando ela cantou com
a orquestra", lembra Thalma.
Não há convidados previstos
para o show desta noite.
Carreira solo
Longe da orquestra, Nina
-que já foi diretora de arte na
Conspiração Filmes- mantém
um ateliê de costura no Rio,
mas rejeita o rótulo tradicional
de estilista. "Faço roupa, não
moda. Estilo, cada um tem o
seu. Se vira, pô!"
Já Thalma, no ar na novela
"Sete Pecados" como um anjo
que protege Dante (Reynaldo
Gianecchini), tem feito shows
com o pai, Laércio de Freitas, e
grava até o fim do ano um disco
voz e violão, acompanhada por
Paulão Sete Cordas. O repertório é de "músicas de cortar os
pulsos". Dor assim, nem a galhofa da Orquestra consegue
remediar.
ORQUESTRA IMPERIAL
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Citibank Hall (av. Jamaris,
213, Moema, tel. 0/xx/11 6846-6040)
Quanto: de R$ 35 (platéia) a R$ 60 (camarote)
Texto Anterior: Sinfônica de Santos abre Festival Música Nova Próximo Texto: Frases Índice
|