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Ex-casal discute separação em peça
Ruptura real de atriz e músico é ponto de partida para "Festa de Separação: Um Documentário Cênico"
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Um músico e professor de filosofia e uma atriz decidem se
separar. Antes da despedida,
reúnem amigos e parentes para
celebrar a nova fase e colher depoimentos sobre a idealização
do amor e o fim. Filmam tudo.
Na peça "Festa de Separação:
Um Documentário Cênico",
além de mostrar algumas dessas imagens, o ex-casal abre o
baú pop da relação, revivendo
e-mails, discos, filmes e livros
marcantes, à la Nick Hornby.
Memórias contaminadas por
um verniz de ficção. Felipe Teixeira Pinto e Janaina Leite, o
par que divide a cena, de fato foram casados. Juntos, fizeram
videodiários, músicas. As "festas de separação" tampouco foram "fabricadas". Mas o diretor
Luiz Fernando Marques não
entrega muito mais:
"Um pouco desse jogo de adivinhar o que é real e o que é ficção é o que quero que a plateia
faça. Tudo de que a gente precisava [para a dramaturgia] buscamos no real, que era manipulado para virar dado ficcional".
Ainda que haja passagens inventadas aqui e ali, não há um
certo exibicionismo no fato de
um ex-casal criar um espetáculo a partir de sua própria intimidade? "Pouco interessa a
história deles. Não se diz por
que se separaram, como estão
hoje. O relato dos dois serve só
para detonar uma reflexão sobre a separação, é uma provocação", defende o diretor.
Ele conta que o projeto surgiu da necessidade da equipe
de "entender por que há tantos
mitos fundadores sobre as relações e tão poucos rituais para
a separação, que nos preparem
para esse momento". Fábulas,
contos de fadas, love stories
açucaradas, lembra a certa altura a peça, sempre miram os
"sins", nunca os "nãos".
O embaralhamento de vida
privada e obra artística sugere
influência da francesa Sophie
Calle. Ela esteve há pouco no
Brasil para abrir uma mostra
em que compilou reações de
mais de cem mulheres ao e-mail em que o companheiro
dela rompia a relação.
Entretanto, na opção por
dois pontos de vista em vez de
uma só verdade, é a um ex-casal de artistas que a peça acena.
Nos anos 80, para marcar o fim,
a sérvia Marina Abramovic e o
alemão Uwe Laysiepen partiram de extremos opostos da
Muralha da China em direção
ao outro. Ao se cruzarem, trocaram carinhos e seguiram
adiante. Não houve convidados
para a festa de separação.
FESTA DE SEPARAÇÃO: UM DOCUMENTÁRIO CÊNICO
Quando: ter. e qua., às 21h; até 2/12
Onde: teatro Imprensa (r. Jaceguai,
400, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3241-4203)
Quanto: uma lata de leite em pó (até
7/10) e R$ 10 (de 13/10 a 2/12)
Classificação: 14 anos
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