São Paulo, Sábado, 23 de Outubro de 1999 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FOTOGRAFIA Conheça os retratos surrealistas de Dadá
SÉRGIO DÁVILA Editor da Ilustrada O que faz Fernanda Montenegro, a veneranda atriz Fernanda Montenegro, a "grande dama do teatro brasileiro", vestir-se de punk, descabelar-se, gritar "Fuck you!" e mostrar o dedo à câmera? O certinho músico Djavan posar de nerd, desconstruído e entortado? Romário de arma na mão? Marina algemada? Otto mostrando os peitinhos? Luiza Brunet coisificada como estátua? A resposta, meu amigo, é Dadá. Não o dadá de Marcel Duchamp, não o movimento da segunda década do século, não o acaso na criação: a Dadá. Ou, por extenso, Dadá Cardoso, fotógrafa paulista, que lança nesta terça, em São Paulo, livro e exposição "Retratos", em que dezenas de famosos, e alguns ainda não, fazem o que nunca fizeram diante das câmeras -nem na "Caras". Dadá Cardoso move os objetos (os famosos) de seu uso diário (as colunas, os shows, a TV, os programas) e os reconstrói em outro lugar (o livro), com outro uso (dadaísmo). Assim, o "workaholic" Walter Salles posa, lânguido, com a cadela Minnie, em Grumari (RJ). A VJ Sabrina topa ficar nua usando apenas espuma de barbear à guisa de roupa. Chico Buarque vira cafajeste de morro, de óculos escuros, escondendo os tais olhos. "Sempre chegava com uma historinha, e as pessoas topavam interpretar", diz ela. Fotojornalismo A autora nasceu na Fazenda Panorama, em São Paulo. Foi criada em Campinas, fez psicologia, tocou violino, cursou teatro com Paulo Betti. Veio para a capital, e tudo aconteceu. "Fotografei cavalos, trabalhei na Folha, descobri o fotojornalismo". Então, foi para o Rio e, há cinco anos, surgiu a idéia do livro. "Os primeiros foram amigos, Herbert Viana, Carla Camurati, Elba Ramalho, Fernanda Torres". Com os quatro debaixo o braço, ela convenceu os outros. Num instante - os tais cinco anos, na verdade-, eram os 71 personagens que viraram o livro (a exposição, curada por Isabel Amado, do MIS, mostra 41 deles). A rede de lojas Fotoptica viu e topou bancar o projeto, a agência de publicidade DPZ aceitou desenvolvê-lo. "Voilà." Como diz o cineasta e colunista da Folha Arnaldo Jabor no prefácio de "Retratos", "neste tempo surrealista do Brasil, Dadá é utilíssima". Jabor inova ao encontrar um caráter utilitário no dadaísmo oito décadas depois de Tzara. Dadá (a Cardoso) inova ao criar seu próprio Cabaret Voltaire. Livro: Retratos Autora: Dadá Cardoso Editora: Avatar (tel. 0/xx/11/ 822-2066) Quanto: R$ 35 (120 págs.) Onde: à venda nas lojas Fotoptica e nas livrarias Saraiva e Siciliano Exposição: Retratos Quando: abertura (só para convidados) terça, 26, às 19h; a partir de quarta, 27, seg. a sáb., 10h/22h; dom., 10h/20h; até 3/11 Quanto: entrada franca Onde: MorumbiFashion - piso Lazer do MorumbiShopping (av. Roque Petroni Jr., 1.089, São Paulo, tel. 0800-177600) Texto Anterior: Política cultural: Secretário faz balanço e pede apoio para loteria da cultura Próximo Texto: Globo faz mudança em seu organograma Índice |
|