|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARBARA GANCIA
Será que o Galvão é mesmo esse bocó que todos amam odiar?
O Galvão Bueno isto, o Galvão
Bueno aquilo. Descer a lenha no
locutor da Rede Globo já virou
mania nacional.
Mas vem cá: desde outubro de
81 a maior emissora do país entrega as principais transmissões
esportivas que acontecem ao redor do mundo para o sr. Galvão
Bueno narrar. Será que a Globo é
completamente capadócia? E o
Galvão? Será que ele é mesmo esse
bocó que todos amam odiar?
É óbvio que não. O Tostão diz
que não aceitou convite da Globo
para trabalhar como comentarista ao lado do Galvão porque não
se adaptaria ao estilo ufanista e
de poucas informações técnicas
que caracteriza o inventor do
"Vai que é tua, Taffarel".
Pois eu pergunto: o que o espectador tapuia prefere? Ver um jogo
transmitido com o coração verde-amarelo do Galvão a mil ou trocar a empolgação do melhor amigo de Senna por dados técnicos?
Bem, a não ser que o Brasil tenha mudado de nome para Suécia, creio que ninguém tem dúvidas de que o brasileiro está mais
interessado em torcer. Para o nosso telespectador, informações técnicas servem apenas como suporte. Ou ficam para quando ele for
ler sobre o evento no jornal.
E não me venha com essa história de que o Galvão fala muita
besteira. Todo mundo fala, especialmente no Brasil. E mais ainda
quando se é obrigado a falar sem
parar. E sob pressão.
O que o telespectador superexigente não percebe é que, muitas
vezes, Galvão Bueno assiste a um
GP de F-1 em condições muito
mais precárias do que o sujeito
que vê a corrida nas TVs da vitrine da loja de eletrodomésticos.
Não é exagero, não.
Quantas vezes o Galvão não foi
obrigado a transmitir a prova
olhando para um monitor ofuscado pelo sol e sem áudio? O cara
é um artista, só não vê quem não
quer. Se você duvida, pergunte a
quem já assistiu corrida de automóvel pela TV italiana, francesa,
suíça e até inglesa.
Corrida de carro é um negócio
cacete de narrar. Tome o John
Watson, por exemplo. Ex-piloto
de F-1, ele virou comentarista ao
se aposentar. Watson é muito respeitado no meio. Mas vá perguntar a um Fittipaldi, a um Prost ou
a um Piquet se ele não fala besteira. Aposto que eles dirão que sim,
tantas quanto o Galvão.
Ou será que alguém vai me convencer de que prefere ver o Cléber
Machado narrando a F-1 e Chico
Lang e Roberto Avallone comentando a Copa do Mundo?
Nos seriados de TV dos EUA, os
gays estão com tudo e não estão
prosa. Além de "Ellen" e
"Friends", agora tem gay em
"Will and Grace", "Spin City",
"Dawson"s Creek", "Felicity" e
"Sex in the City".
A jornalista Barbara Gancia passa a escrever às segundas-feiras neste espaço
Texto Anterior: Barenboim se queixa de anti-semitismo Próximo Texto: Panorâmica: Vocalista deixa o Rage Against the Machine Índice
|