São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2000

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BARBARA GANCIA
Será que o Galvão é mesmo esse bocó que todos amam odiar?

O Galvão Bueno isto, o Galvão Bueno aquilo. Descer a lenha no locutor da Rede Globo já virou mania nacional.
Mas vem cá: desde outubro de 81 a maior emissora do país entrega as principais transmissões esportivas que acontecem ao redor do mundo para o sr. Galvão Bueno narrar. Será que a Globo é completamente capadócia? E o Galvão? Será que ele é mesmo esse bocó que todos amam odiar?
É óbvio que não. O Tostão diz que não aceitou convite da Globo para trabalhar como comentarista ao lado do Galvão porque não se adaptaria ao estilo ufanista e de poucas informações técnicas que caracteriza o inventor do "Vai que é tua, Taffarel".
Pois eu pergunto: o que o espectador tapuia prefere? Ver um jogo transmitido com o coração verde-amarelo do Galvão a mil ou trocar a empolgação do melhor amigo de Senna por dados técnicos?
Bem, a não ser que o Brasil tenha mudado de nome para Suécia, creio que ninguém tem dúvidas de que o brasileiro está mais interessado em torcer. Para o nosso telespectador, informações técnicas servem apenas como suporte. Ou ficam para quando ele for ler sobre o evento no jornal.
E não me venha com essa história de que o Galvão fala muita besteira. Todo mundo fala, especialmente no Brasil. E mais ainda quando se é obrigado a falar sem parar. E sob pressão.
O que o telespectador superexigente não percebe é que, muitas vezes, Galvão Bueno assiste a um GP de F-1 em condições muito mais precárias do que o sujeito que vê a corrida nas TVs da vitrine da loja de eletrodomésticos. Não é exagero, não.
Quantas vezes o Galvão não foi obrigado a transmitir a prova olhando para um monitor ofuscado pelo sol e sem áudio? O cara é um artista, só não vê quem não quer. Se você duvida, pergunte a quem já assistiu corrida de automóvel pela TV italiana, francesa, suíça e até inglesa.
Corrida de carro é um negócio cacete de narrar. Tome o John Watson, por exemplo. Ex-piloto de F-1, ele virou comentarista ao se aposentar. Watson é muito respeitado no meio. Mas vá perguntar a um Fittipaldi, a um Prost ou a um Piquet se ele não fala besteira. Aposto que eles dirão que sim, tantas quanto o Galvão.
Ou será que alguém vai me convencer de que prefere ver o Cléber Machado narrando a F-1 e Chico Lang e Roberto Avallone comentando a Copa do Mundo?

Nos seriados de TV dos EUA, os gays estão com tudo e não estão prosa. Além de "Ellen" e "Friends", agora tem gay em "Will and Grace", "Spin City", "Dawson"s Creek", "Felicity" e "Sex in the City".


A jornalista Barbara Gancia passa a escrever às segundas-feiras neste espaço



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