São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2001

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DANÇA

Edifício será inaugurado com projeto "Laboratório de Performances", integrante da Mostra Internacional Sesc de Dança

Mesbla do centro de SP vira salão de baile

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Durante a Mostra Internacional Sesc de Dança, que começa hoje, a aproximação com o público deve ocorrer com mais intensidade e surpresas no prédio onde até pouco tempo atrás funcionou o magazine Mesbla.
Comprado pelo Sesc por cerca de R$ 6 milhões, o edifício começará a ser reformado no início de 2002, a partir de um projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Segundo Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc em São Paulo, essa unidade central, situada na rua 24 de Maio, deverá ser inaugurada em três anos.
Durante a mostra, a ocupação simbólica do prédio se dará no "Laboratório de Performances", que ocorrerá a partir de amanhã, com entrada gratuita.
Nesses laboratórios, o verdadeiro protagonista será o público. Recebidos por 20 bailarinos coordenados pelas diretoras de teatro e dança Renata Melo e Cristiane Paoli Quito, os espectadores serão estimulados a dançar (sempre a dois) no espaço cenográfico concebido por Daniela Thomas, em parceria com André Cortez e Patrícia Rabatt. Ricardo Fernandes, idealizador do "Laboratório de Performances", conta que a idéia inicial era chamar o projeto de "Dancing Deleuze".
Inspirado em textos de Gilles Deleuze e Félix Guattari, Fernandes criou relações entre as considerações desses filósofos -sobre corpos cujas identidades se constroem na experiência com o antigo Avenida Danças, que funcionou próximo ao Mesbla, na esquina das avenidas Ipiranga e São João, no centro de São Paulo.
Nesse salão de danças, trabalhavam as taxi-girls, que eram remuneradas de acordo com o número de parceiros com os quais elas dançavam durante um expediente predominantemente diurno. "Elas atuavam como um táxi que se deslocava pelo salão mediante remuneração", diz Renata Melo.
"O evento é uma passagem, pela qual as pessoas podem criar um canal de prazer, sedução e desejo. A idéia é estabelecer uma relação, que logo será interrompida, com o público que normalmente circula na região durante o horário do expediente", explica Fernandes. Sobrepor ao expediente burocrático um outro, "com novas expedições e novos fluxos", é o que pretende o idealizador do projeto.
Para interpretar essas idéias, Daniela Thomas aproveitou todos os detalhes do saguão do prédio -das escadas rolantes às vitrines. Os contrastes com o cimento e o asfalto que predominam na região ficarão por conta do chão do salão de danças, que estará inteiramente recoberto com terra.
"Com o piso recoberto de terra, procuramos introduzir um elemento desestabilizador, capaz de entrar em choque com a urbanização do centro da cidade", diz Thomas. (ANA FRANCISCA PONZIO)


LABORATÓRIO DE PERFORMANCES. Quando: a partir de amanhã, de seg. a sex., das 11h às 17h, e aos sáb., das 9h às 13h. Onde: rua 24 de Maio, esquina com rua Conselheiro Crispiniano, São Paulo. Entrada franca. Informações: 0800-118220 ou www.sescsp.com.br.


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