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ENTRELINHAS
As quatro estações
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Saudada por todas as partes
como um "verão", uma novidade quente no mercado editorial, desde sua primeira edição, em 2001, o evento Primavera dos Livros teve momentos
outonais, nesta semana.
A "bienal do "b'", marcada para o período de 4 a 7 de novembro, no CCSP, teve sua edição
paulistana cancelada na quinta.
A decisão foi de sua organizadora, a Libre, liga da pequenas e
médias editoras; o motivo, segundo o presidente da instituição, Angel Bojadsen, foi a "lerdeza" da Secretaria Municipal
de Educação (SP) para liberar os
R$ 120 mil prometidos.
O atraso preocuparia ainda
mais por dois motivos. Segundo
a Libre, os recursos relativos à
Primavera de 2003 só terminaram de ser depositados no mês
passado -a SME, procurada
pela Folha, não se pronunciou
até o fechamento desta edição.
O receio de que algo assim pudesse se repetir foi reforçado pelo calendário eleitoral. Em carta
distribuída aos membros da Libre, a entidade fala temer "instabilidade colocada pelo segundo
turno das eleições em SP".
Bojadsen diz que, apesar disso, a decisão é "apolítica". Ele
afirma que não toma a decisão
como tropeço, mas como "momento de reflexão". E promete
que a coisa não acaba em inverno. Para substituir a venda esperada com a "Primavera", promete ainda neste ano a articulação de "uma comercial ação
conjunta com livrarias".
OLHOS VIVOS
Dois escritores iniciantes, a
mineira radicada no Rio
Christiane Tassis e o carioca
Antonio Dutra receberão um
"salário", por oito meses, para
escrever um romance. Eles
serão anunciados na segunda
os vencedores do projeto
Veredas da Literatura,
patrocinado pela Vivo, que
incluiu workshop com 60
autores inéditos durante a Flip.
Os dois escolhidos ganharão
R$ 12 mil (cada um), no total.
O NOME DA ROSA
Autor do maior trabalho
sobre a história editorial
brasileira, "O Livro no Brasil",
o americano Laurence
Hallewell não virá mais à
Primavera, mas estará na
abertura do 1º Seminário
Brasileiro sobre o Livro e a
História Editorial, dia 8, na
Casa Rui Barbosa (RJ).
DIREITO À PREGUIÇA
Frei Betto e o homem do
"ócio criativo", Domenico De
Masi, acabam de ter um livro
de conversas lançado na Itália.
"Diálogos Criativos" sai pela
prestigiada Rizzoli.
FOGO AMIGO
Tiroteio na rede de discussão
dos editores da Libre, depois
do anúncio do cancelamento
da Primavera (acima). Entre os
mais de 80 editores, pelo menos cinco criticaram o modo
como processo foi decidido.
SANCHO PANÇA
Após dez anos de trabalho,
foi lançado nesta semana na
Espanha um "Dom Quixote"
"definitivo". A edição da obra
de Cervantes tem dois volumes
com mais de 1.300 páginas.
FORA DA ESTANTE
Sigmund não foi o único
talento da família Freud. E
não é de Lucien Freud, neto
do pai da psicanálise -e um
dos maiores pintores vivos
desta Terra-, que trata esta
coluneta. Clement, outro neto do pensador de Viena,
não revolucionou a história
da intelectualidade, como
vovô, mas fez uma pequena
preciosidade literária para
os pequenos. Publicado em
1968, "Grimble" é a história
de um menino de "mais ou
menos dez anos" (seus estranhos pais não lembravam
quando era o aniversário dele; de vez em quando compravam um bolo, colocavam
velas em cima e diziam: "Parabéns, Grimble, hoje você
deve estar fazendo mais ou
menos sete anos"). Faz mais
de "mais ou menos dez
anos" que a história do garoto, que vivia sozinho em casa
(os pais sempre viajavam e
se comunicavam com ele
por bilhetes e telegramas),
esgotou-se de prateleiras
brasileiras. Fica aqui o bilhete para eventuais editoras interessadas.
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