São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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ENTRELINHAS

As quatro estações

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Saudada por todas as partes como um "verão", uma novidade quente no mercado editorial, desde sua primeira edição, em 2001, o evento Primavera dos Livros teve momentos outonais, nesta semana.
A "bienal do "b'", marcada para o período de 4 a 7 de novembro, no CCSP, teve sua edição paulistana cancelada na quinta.
A decisão foi de sua organizadora, a Libre, liga da pequenas e médias editoras; o motivo, segundo o presidente da instituição, Angel Bojadsen, foi a "lerdeza" da Secretaria Municipal de Educação (SP) para liberar os R$ 120 mil prometidos.
O atraso preocuparia ainda mais por dois motivos. Segundo a Libre, os recursos relativos à Primavera de 2003 só terminaram de ser depositados no mês passado -a SME, procurada pela Folha, não se pronunciou até o fechamento desta edição.
O receio de que algo assim pudesse se repetir foi reforçado pelo calendário eleitoral. Em carta distribuída aos membros da Libre, a entidade fala temer "instabilidade colocada pelo segundo turno das eleições em SP".
Bojadsen diz que, apesar disso, a decisão é "apolítica". Ele afirma que não toma a decisão como tropeço, mas como "momento de reflexão". E promete que a coisa não acaba em inverno. Para substituir a venda esperada com a "Primavera", promete ainda neste ano a articulação de "uma comercial ação conjunta com livrarias".

OLHOS VIVOS
Dois escritores iniciantes, a mineira radicada no Rio Christiane Tassis e o carioca Antonio Dutra receberão um "salário", por oito meses, para escrever um romance. Eles serão anunciados na segunda os vencedores do projeto Veredas da Literatura, patrocinado pela Vivo, que incluiu workshop com 60 autores inéditos durante a Flip. Os dois escolhidos ganharão R$ 12 mil (cada um), no total.

O NOME DA ROSA
Autor do maior trabalho sobre a história editorial brasileira, "O Livro no Brasil", o americano Laurence Hallewell não virá mais à Primavera, mas estará na abertura do 1º Seminário Brasileiro sobre o Livro e a História Editorial, dia 8, na Casa Rui Barbosa (RJ).

DIREITO À PREGUIÇA
Frei Betto e o homem do "ócio criativo", Domenico De Masi, acabam de ter um livro de conversas lançado na Itália. "Diálogos Criativos" sai pela prestigiada Rizzoli.

FOGO AMIGO
Tiroteio na rede de discussão dos editores da Libre, depois do anúncio do cancelamento da Primavera (acima). Entre os mais de 80 editores, pelo menos cinco criticaram o modo como processo foi decidido.

SANCHO PANÇA
Após dez anos de trabalho, foi lançado nesta semana na Espanha um "Dom Quixote" "definitivo". A edição da obra de Cervantes tem dois volumes com mais de 1.300 páginas.

FORA DA ESTANTE

Sigmund não foi o único talento da família Freud. E não é de Lucien Freud, neto do pai da psicanálise -e um dos maiores pintores vivos desta Terra-, que trata esta coluneta. Clement, outro neto do pensador de Viena, não revolucionou a história da intelectualidade, como vovô, mas fez uma pequena preciosidade literária para os pequenos. Publicado em 1968, "Grimble" é a história de um menino de "mais ou menos dez anos" (seus estranhos pais não lembravam quando era o aniversário dele; de vez em quando compravam um bolo, colocavam velas em cima e diziam: "Parabéns, Grimble, hoje você deve estar fazendo mais ou menos sete anos"). Faz mais de "mais ou menos dez anos" que a história do garoto, que vivia sozinho em casa (os pais sempre viajavam e se comunicavam com ele por bilhetes e telegramas), esgotou-se de prateleiras brasileiras. Fica aqui o bilhete para eventuais editoras interessadas.


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