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"Bach é o início e o fim de toda a música", diz regente
Georg Christoph Biller, que dirige a Orquestra Gewandhaus, rege no Brasil pela primeira vez e pontua importância do compositor alemão
DE SÃO PAULO
Bach não daria um filme.
Não tem a precocidade e a leveza encantadora que salta
aos ouvidos em Mozart nem a
potência das massas sonoras
e a sina do gênio perturbado
de Beethoven.
Mas esse exímio e pacato
organista de província de
uma provinciana Alemanha,
"foi o início e o fim de toda a
música". Assim o define
Georg Christoph Biller, regente do coro da igreja de St.
Thomas e da Orquestra Gewandhaus, de Leipzig, que
se apresenta em São Paulo.
Com 800 anos de existência, ela foi dirigida por 27
anos pelo próprio Bach
(1685-1750), até sua morte.
No programa do concerto,
promovido pelo Mozarteum
e Instituto Goethe-SP, uma
só peça: a "Missa em Si Menor" (BWV 232) -"o testamento musical de Bach, no
qual reúne toda a força de
sua criação", diz Biller.
(MARCOS FLAMÍNIO PERES)
Folha - Por que Bach é tão importante ainda hoje? A grandiosidade de sua produção
seria possível fora do contexto da religião luterana?
Georg Christoph Biller - Ele
é importante porque fascina
pessoas dos mais diferentes
credos e culturas. De fato, o
protestantismo, com sua
ideia de "música para honrar
a Deus", era uma importante
fonte de composições para
Johann Sebastian Bach.
Mas sua genialidade também teria se desenvolvido
dentro de quaisquer outros
credos.
A que se deveu o ostracismo
de sua obra até a "redescoberta", pelo músico Mendelssohn, no século 19?
Bach foi quase esquecido
após a sua morte, porque
nesse período não se dava
tanto valor ao cultivo da música mais antiga, como hoje.
Não somente Mendelssohn,
mas também outros de sua
época foram, no início do século 19, considerados como
música de tempos passados.
Como definiria a importância, para a história da música
erudita, dos "três grandes"
-Bach, Mozart e Beethoven?
Em cada um deles, alguma
coisa sobressai. Mozart tem
como ponto alto a leveza do
clássico vienense; Beethoven é o marco do período romântico; já Bach é o início e o
fim de toda a música.
As gravadoras dizem que música erudita não vende bem.
Ela é um gênero em declínio?
Estará em perigo se os jovens não forem atraídos, e só
se sentirão atraídos se já tiverem conhecimento prévio.
O que fazer, então, para ampliar seu público?
Para atrair o público jovem, deveria haver, por
exemplo, concertos "lounge" -parecidos com "jam
sessions", mas que, ao mesmo tempo, mantêm a literatura clássica. Concertos "participativos" também podem
levar a aumento de público.
Qual sua maior obra?
No momento, a "Missa em
Si Menor".
MENINOS CANTORES DE ST.
THOMAS E ORQUESTRA
GEWANDHAUS DE LEIPZIG
QUANDO terça e quarta, às 21h
ONDE Sala São Paulo (pça. Júlio
Prestes, s/nº, centro, tel. 0/xx/11/
3223-3966)
QUANTO de R$ 90 a R$ 250
CLASSIFICAÇÃO livre
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