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BLUR - CRÍTICA
Estereótipos, bom-mocismo,
Beatles, Orbit, chamado sexual...
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
A canção "crítica" "Stereotypes" (95) ficou de fora, mas o que
a banda inglesa Blur veio trazer ao
Credicard Hall... Hall... Hall... (é o
eco...) na noite de domingo -hoje é a vez do Rio de Janeiro- foi
não muito mais que isso: um juntado de estereótipos.
Há artistas que são assim, e os
Blur representam bem a categoria. Têm dificuldade de moldar
uma personalidade sólida, consistente, então adequam-se a cada
momento que passa, a cada hora
com uma cara nova. Zeligs?
Assim tem sido sua história.
Embora se possa encontrar alguma unidade entre os parques de
diversões pop de "Modern Life Is
Rubbish" (93), "Parklife" (94) e
"The Great Escape" (95) e entre os
climas sorumbáticos de "Blur"
(97) e "13" (99), Blur tem em cada
momento o rosto do momento,
quase nunca o seu próprio.
Deve ser por isso que "13" agora
parece tão brilhante -produzido
por William Orbit, foi feito no
molde do tempo, parece novo em
folha. Talvez fique passado num
piscar de olhos, como já ficaram
os prosaicos "Parklife" e "The
Great Escape" -o pop nem sempre foi assim.
Os estereótipos de "13", no entanto, já prejudicam o andamento
de seu show, este que esteve em
São Paulo anteontem. Melancólicas na medida e espertas no uso
da montanha russa tecnológica,
que é ordem do dia, suas canções
-maioria no show, ainda bem-
padecem da crueza de palco do
Blur. Viram rock burocrático, e
há que ainda suportar essa ladainha cada vez mais chorosa.
Pois tirados os mimos de estúdio, "Tender" fica ainda mais cara-de-pau (e mais parecida com
"Hey Jude", dos... Beatles, sim),
"Bugman" fica ainda mais pesada
(e desinteressante) e a "punkóide" "B.L.U.R.E.M.I." fica ainda
mais macaca de "E.M.I." (77), dos
Sex Pistols (que também dizem
"hello" em "Advert", de 93, e mais
por aí -a vozinha tola de Damon
Albarn, muito longe de Johhny
Rotten, entrega o jogo).
"Coffee & TV" (99) também
perde em parquinho de diversões,
mas ainda assim é o grande momento do show, de arrepiar a espinhela (talvez por ser tão parecida com "Across the Universe",
dos... Beatles, yeah).
As várias bandas em uma vão se
sucedendo -masturbatória em
"Battle" (99), romântica à Rod
Stewart em "No Distance Left to
Run" (99), "jazzística" (o quê???)
em diversas introduções, deprimida, tipo geração comprimidos
na petulante (ai, que bom quando
ousam a petulância) "Beetlebum"
(97); nem de um momento
Queen se safa, Damon "canonizado" nos braços do "povo".
A coisa vai indo, e a cortina só
vai cair de vez bem lá no final, na
favorita "Girls & Boys" (94), que
excreta uma vez mais aquela espécie boçal de pansexualismo tão
em voga nesses 90, de "girls who
are boys who like boys to be girls
who do boys like they're girls"...
Ora, que bela conversa para boi
dormir -bonitinhos, mas muito
ordinários, eles vinham o tempo
todo fazendo um show de bom-mocismo em que muita pose e cigarrinhos pendentes no canto da
boca (ora, vá caçar sapo) são o
máximo de desabuso adotado.
Ainda sobrava incendiar o grito
primal de "Song 2" (97), que nem
é tanta coisa assim, mas acaba por
absolver os meninos pelo chamado sexual implícito (ou explícito)
no muxoxo "u-hu". Dizem que só
se é jovem uma vez, não é isso?
Avaliação:
Show: Blur
Onde: Metropolitan (av. Ayrton Senna,
3.000, Barra da Tijuca, Rio, tel. 0/xx/21/
421-1331)
Quando: hoje, às 21h30
Quanto: de R$ 40 a R$ 90
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