|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ERUDITO
Aos 22 anos, pianista chinês, pupilo de Daniel Barenboim e Gary Graffman, se apresenta hoje no Rio e no sábado em SP
Brasil ouve Lang Lang, revelação do piano
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BUENOS AIRES
Em uma época de vacas magras
da indústria fonográfica, a Deutsche Grammophon, um dos selos
mais destacados da música erudita, está apostando suas fichas em
um pianista chinês de 22 anos.
Lang Lang é o nome do astro que
toca hoje, no Rio de Janeiro, e sábado, em São Paulo, com a UBS/
Verbier Festival Orchestra.
Nascido em Shenyang, em 1982,
filho de um instrumentista de
música tradicional chinesa, ele se
lembra de ter tomado contato
com a música clássica pela primeira vez aos dois anos, em um
desenho de Tom e Jerry.
No ano seguinte, já estava sob os
cuidados do professor Zhu Ya-Fen, no conservatório de música
local, onde ganhou um concurso
de piano aos cinco anos. A primeira apresentação com orquestra foi aos 12 anos, e, aos 13, veio a
vitória no Concurso Tchaikovski
para Jovens Músicos, do Japão.
"Depois desse concurso, recebi
convites para estudar em vários
lugares. Optei pelos EUA porque
acho o sistema educacional deles,
na parte universitária, incrível. E
porque é um país muito aberto a
estrangeiros. E, claro, pela possibilidade de estudar com um professor como Gary Graffman."
Com uma respeitada carreira
fonográfica internacional, Graffman cuidou de Lang entre 1997 e
2002, quando ele foi seu aluno no
respeitado Curtis Institute, na Filadélfia, onde o pianista chinês reside desde então.
"Gary é um músico maravilhoso, que realmente sabe inspirar os
pianistas. Faz muita diferença estudar com alguém que é um grande pianista de concerto", opina.
Talvez por isso Lang tenha agora entregue seu aperfeiçoamento
ao pianista e regente Daniel Barenboim, com o qual ele gravou,
em 2003, o mesmo concerto para
piano de Tchaikovski que vai tocar no Brasil. "Comecei a estudar
com Barenboim logo depois da
gravação. A gente se vê todo mês,
em Chicago [onde o regente dirige a sinfônica local]", diz Lang.
Embora radicado na América, o
pianista não perdeu contato com
sua China natal, que visita sempre
que pode. Elogia a estrutura musical do país ("há muitas orquestras, óperas e conservatórios, e
meio milhão de pianistas em atividade") e diz não haver uma "escola chinesa" de piano: "Muitos
de nós estudamos no Ocidente,
não é possível haver uma escola
chinesa como há uma russa".
Tendo registrado um álbum dedicado a Rachmaninov com a Orquestra do Teatro Mariinski, de
São Petersburgo, sob a batuta de
Valeri Guerguiev, e preparando
para janeiro o lançamento de um
recital solo, de título "Memory",
com peças de Mozart, Schumann
e Chopin, ele se apresenta nesta
turnê com a UBS/Verbier Festival
Orchestra, regida pelo tcheco Jiri
Belohlávek, que complementa o
programa com música de seu
país: a abertura da ópera "A Noiva
Vendida", de Smetana, e a "Sinfonia nš 7" de Dvorák.
Formada por cem músicos de
32 nacionalidades, com idades
entre 17 e 29 anos, a orquestra,
fundada e mantida pela União
dos Bancos Suíços, realiza seleções anuais de músicos que, neste
ano, têm lugar também no Brasil.
As audições para entrar na orquestra acontecem amanhã no
Rio e sábado em São Paulo. Interessados devem se inscrever pelo
e-mail antarespromocoes@antarespromocoes.com.br.
Lang Lang e UBS/Verbier Festival Orchestra
Quando: hoje, às 20h30 (Rio); sáb., às
20h30 (SP)
Onde: Teatro Municipal do Rio (pça. Mal.
Floriano, s/nš, tel. 0/ xx/21/ 2507-5272) e
Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš,
tel. 0/xx/11/3351-8287)
Quanto: de R$ 40 a R$ 1.200 (Rio); de R$
50 a R$ 250 (SP)
O jornalista Irineu Franco Perpetuo viajou a convite da Antares Promoções
Texto Anterior: Música: Fantômas não espera agradar aos brasileiros Próximo Texto: Crítica: Músico domina a técnica, mas lhe falta maturidade Índice
|