São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Música - Crítica/"American Gangster"

Jay-Z leva rap de volta às ruas em seu 1º disco conceitual

MC reconquista a crítica dos EUA com as composições de "American Gangster", inspirado em filme de Ridley Scott

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA

Quem é rei nunca perde a majestade. Mas pode levar anos para reconquistar o respeito. Esse parecia ser o destino do MC Jay-Z -rimador "número um" dos Estados Unidos; 33 milhões de discos vendidos em uma década-, que, após um retiro de três anos, voltou em 2006 com "Kingdom Come", álbum no qual se afastava das ruas para rimar sobre a doce vida como presidente do selo Def Jam, subdivisão da Universal.
A mudança não caiu bem à crítica e muito menos a seus fãs, que compraram o CD -cerca de 1,5 milhões de cópias-, mas não engoliram as histórias sobre tardes na piscina e as crises existenciais do milionário namorado de Beyoncé.
Mas, numa jogada (de marketing) genial, menos de um ano após o fiasco, Jay-Z reconquistou os elogios e o respeito com "American Gangster", seu recém-lançado décimo álbum, que deve chegar às lojas brasileiras na próxima semana.
O CD, disse ele em entrevista à revista norte-americana "Rolling Stone", é seu primeiro trabalho "conceitual". A inspiração bateu após assistir a "American Gangster", novo filme do diretor Ridley Scott (dos blockbusters "Gladiador" e "Falcão Negro em Perigo").
O longa narra a história de Frank Lucas (Denzel Washington), traficante negro que atuou no Harlem, em Nova York, no final da década de 60. Foi Lucas quem disseminou nas ruas pacotinhos de "blue magic", heroína "importada" por soldados americanos diretamente da fonte, o Vietnã.
A fita, que deve estrear no Brasil em janeiro de 2008 -mas já circula em cópias piratas-, traz três rappers no elenco (T.I., Common e RZA), mas a trilha sonora é baseada tão somente em hits dos anos 1970.
Os produtores do filme, segundo o jornal "The New York Times", sugeriram o nome de Jay-Z para as músicas, mas Ridley Scott recusou. Jay-Z deve ter pensado "dane-se, vou criar meu próprio gângster". Com a propriedade de quem vendeu crack nos subúrbios nova-iorquinos quando ainda era conhecido por seu nome de batismo, Shawn Carter, ele fez uma letra para cada fase de Frank Lucas, da dúvida entre começar a "correria" nas ruas à glória como traficante e à posterior queda.

Convidados
As faixas, permeadas por falas de Denzel Washington e samples de Marvin Gaye, Curtis Mayfield e Al Green, têm participações de Beyoncé, Pharrell Williams, Lil" Wayne e do ex-desafeto Nas. Na produção, estão The Neptunes, Just Blaze, P.Diddy e The Hitmen.
A faixa de abertura, "Pray", resume o espírito do disco. Segundo Jay-Z, ela fala do garoto que "testemunha a corrupção policial, as pessoas indo para a cadeia, agulhas de viciados jogadas no chão e diz a si mesmo "reze por mim, porque estou entrando nessa também'". O MC fez questão de ressaltar que as histórias de "American Gangster" são baseadas somente nas experiências do personagem interpretado por Denzel Washington.
E, como destacou a "Rolling Stone", ao contrário de Frank Lucas, Jay-Z abandonou as ruas antes da decadência. Tornou-se um viciado em rimas.


AMERICAN GANGSTER
Artista:
Jay-Z
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 32, em média
Avaliação: bom


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