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RELÂMPAGOS
Sombra gentil
JOÃO GILBERTO NOLL
Ruço, o foragido, se despede do colega de copo. Sozinho, não sabe que rua pegar.
Mira-se no olho d'água da
sarjeta. Que é cego. Não pode reconhecê-lo, delatá-lo.
Ele vê a luz em forma de carruagem. Dentro, o profeta.
Feito criança, vai. Entra. Ao
chegar ao destino, sente-se
meio calcinado. Sede severa.
Abraça o profeta. Desliza
por suas vestes, sem forças.
Cai aos pés do velho. Pés,
não. Raízes. Uma frondosa
sombra o protege. As folhas
forram a terra úmida. Dorme com a língua de uma vaca lhe lambendo a testa, orelha, lábios. Responde, se espreguiça...
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