São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999


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RELÂMPAGOS
Sombra gentil

JOÃO GILBERTO NOLL

Ruço, o foragido, se despede do colega de copo. Sozinho, não sabe que rua pegar. Mira-se no olho d'água da sarjeta. Que é cego. Não pode reconhecê-lo, delatá-lo. Ele vê a luz em forma de carruagem. Dentro, o profeta. Feito criança, vai. Entra. Ao chegar ao destino, sente-se meio calcinado. Sede severa. Abraça o profeta. Desliza por suas vestes, sem forças. Cai aos pés do velho. Pés, não. Raízes. Uma frondosa sombra o protege. As folhas forram a terra úmida. Dorme com a língua de uma vaca lhe lambendo a testa, orelha, lábios. Responde, se espreguiça...


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