|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cinema ganha projeção internacional
DA ENVIADA A RECIFE
Nas telas, o premiado
"Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005), de Marcelo
Gomes, mostrou que a
produção cinematográfica
de Pernambuco ia além da
tríade sangue, suor e sertão. Por trás das câmeras,
porém, seu mérito reverbera mais longe. Foi o primeiro longa rodado no Estado que, em vez de trazer
equipe completa do eixo
Rio-São Paulo, apostou
em um set reduzido e na
formação de sangue novo.
Ao aliar o know-how de
poucos profissionais do
Sudeste com estagiários
de Recife, Gomes apadrinhou parte da nova geração de cineastas da cidade.
Gabriel Mascaro, 26, e
Daniel Aragão, 28, são produto dessa investida e
compõem uma cena de
novos cineastas que vêm
produzindo curtas, longas
e documentários de baixo
orçamento e circulação
em festivais internacionais (leia ao lado).
Só na última edição do
Festival de Brasília, dos 12
curtas selecionados, quatro eram de Pernambuco.
"A geração anterior à
nossa precisava provar
que sabia fazer cinema em
35 milímetros. E a busca
por profissionais do eixo
Rio-São Paulo era obrigatória", diz Mascaro. Para
ele, a experiência com Gomes provou que uma equipe pequena pode fazer um
grande filme. "Além disso,
com o boom tecnológico, o
cinema digital ganhou espaço aqui."
Mascaro faz parte do coletivo Símio Filmes, ao lado dos cineastas Daniel
Bandeira, 30, e Marcelo
Pedroso, 30. Outro coletivo, o Trincheira Filmes,
segue a mesma linha.
"No eixo Rio-São Paulo,
o pessoal emula a publicidade para fazer cinema. Isso não nos interessa como
modelo", crava Tião, 26,
do Trincheira, diretor do
curta "O Muro", premiado
em Cannes.
Kleber Mendonça Filho,
diretor, crítico e articulador da cena local, avalia
que "o fazer cinematográfico era caríssimo" e que a
tecnologia digital "chegou
para libertar e oferecer alternativas antes só possíveis fora dali".
Foi só em 2008 que as
regiões Norte e Nordeste
receberam uma câmera de
35 milímetros. Desde então, mais de 30 filmes começaram a ser rodados em
Recife. Só três deles usaram o equipamento. Sinal
dos tempos.
(FM)
Texto Anterior: Sem maracatu, cena musical se renova Próximo Texto: Música: Free jazz chega aos 50 anos com reinvenções Índice
|