São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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Documentários do Brasil lotam na China

Primeiro festival em Pequim, organizado e curado por brasileira, exibiu oito filmes e debateu produção do país

Ciclo gratuito, que vai rodar o país, reúne produções sobre o rio Amazonas e sobre a especulação imobiliária

DANIEL MÉDICI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando a revista "Time Out Beijing" elegeu o festival DocBrazil como o evento número um da semana passada na capital chinesa, a organizadora do evento, Fernanda Ramone, se surpreendeu.
Para ela, que está radicada há seis anos em Pequim, promover o primeiro festival de documentários brasileiros naquele país era apenas um projeto pessoal.
A atenção da mídia local ajudou a fazer com que a sala de 150 lugares ficasse cheia durante a projeção -gratuita- da maior parte dos oito títulos exibidos.
A plateia, composta por chineses e estrangeiros residentes no país, também pôde assistir a debates de especialistas sobre a produção documental brasileira.
Um dos palestrantes foi o cineasta e professor da Academia de Cinema de Pequim Zhang XianMin.
"Documentários são uma forma eficiente de mostrar o Brasil para os chineses", diz.
Para revelar um país diverso, entraram na programação desde "Margem" (2007), de Maya Da-Rin, sobre o rio Amazonas, quanto "Periferia.com" (2009), de João Daniel Donadeli e Alexandre Rampazzo, sobre as lan houses em favelas de São Paulo.
Fernanda também queria mostrar pontos de contato entre os dois países. Assim, "Histórias de Morar e Demolição" (2007), de André Costa, aborda a especulação imobiliária na capital paulista -fenômeno vivido em larga escala pela população chinesa às vésperas da Olimpíada de 2008.
"Ao mesmo tempo, são dois países muito diferentes", afirma. "Os chineses jamais conseguiriam entender como uma pessoa pode matar outra por causa de um tênis da forma que aparece em "Nenhum Motivo Explica a Guerra" [2006], de Cacá Diegues e Rafael Dragaud."

IMAGEM
Dois motivos levaram Ramone a preterir a produção ficcional em favor dos documentários. "Em primeiro lugar, porque qualquer filme brasileiro de ficção mais conhecido pode ser encontrado em qualquer esquina de Pequim, em versão pirata."
"Mas também porque é difícil formar uma imagem do Brasil a partir deles. Ou são melodramáticos, como "Se Eu Fosse Você 2", ou são focados demais na crítica social, como "Tropa de Elite"."
O festival terá ainda edições em Cantão, no próximo final de semana, e em Macau, em Shenzhen, em Hong Kong e em Xangai.


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