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MÚSICA
Cerimônia aconteceu da noite de segunda-feira até a manhã de ontem
Prêmio do rap teve D2, Shabazz e Racionais
XICO SÁ
da Reportagem Local
Com uma festa que começou às
22h de segunda-feira e só chegou
ao fim na manhã de ontem, o hip
hop nacional mostrou que a resistência de pioneiros como Thaíde e
DJ Hum não foi em vão.
Organizada por Primo Preto, a
noite "Os Melhores do Rap 98",
realizada no Studium, casa de
shows da Bela Vista (região central
de São Paulo), apresentou consagrados, como Racionais MC's, e
emergentes, como o RZO, que se
destacaram durante o ano.
²
Dos arredores ao centro
Ao contrário das edições anteriores, com a distribuição de prêmios
por categoria, a festa de ontem
apresentou um desfile do que já é
sucesso nos arredores de São Paulo, mas ainda não chegou aos ouvidos do centro.
É o caso, por exemplo, do Dr.
MC's, um dos grupos mais badalados na noitada de prêmios.
Com uma platéia do ramo, formada por candidatos a novos rappers e gente que acompanha os repentistas do holocausto urbano, a
premiação foi caprichosa.
A cantora Paula Lima foi mestre
de cerimônias. Apresentou as atrações quase sem precisar falar. Ela
cantava, ou melhor, "tirava uma
onda", como disse, dos convidados e premiados.
Acompanhada com a levada
funk da banda Zomba, a cantora
soube conduzir a maratona do rap
brasileiro. Nada mais nada menos
do que nove horas de festa. O calor
era tanto que uma cerveja ficava
quente em cinco minutos.
²
Câmbio Negro
Há uma eterna polêmica no rap
entre grupos com banda e grupos
compostos apenas por MCs (mestres de cerimônia) e DJs.
Na edição de ontem, o prêmio
que se consolida como o mais importante no gênero no país resolveu ignorar essa pendenga.
Ganhou o público, que viu uma
rápida, porém acertada, apresentação do Câmbio Negro, grupo de
Ceilândia, cidade satélite de Brasília que já entrou para a geopolítica
do hip hop nacional.
Comandado por "X", que vai na
cola da engenharia do DJ Marcelinho e tem produção de Edu K, o
Câmbio Negro acaba de lançar o
seu terceiro disco, pela Trama.
Para não ficar apenas no sotaque
paulistano, Marcelo D2, autor do
recente álbum "Eu Tiro É Onda"
(Sony), trouxe um pedaço do seu
Andaraí, Rio de Janeiro, Brasil, para a festa do rap.
²
Show de bola
Abençoado por Jovelina Pérola
Negra, a quem saudou no início do
show, D2 entortou, com a sua embolada, até o convidado especial da
noite, o "gringo" Shabazz, do Grave Digaz.
Como o hip hop não fica apenas
no rap, também inclui a dança de
rua e o grafite, a legião do break,
com meninos que iam dos 15 aos
40, deu um chamado "show de bola" até de manhã. Tanto no palco
como na platéia. Do boteco da esquina ao banheiro do Studium.
"Estamos no rádio, na TV, nos
jornais, mas precisamos de muito
mais. Precisamos ficar vivos", dizia Thaíde, guru da rapaziada, antes de puxar a sua palavra de ordem: "Educação, educação".
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