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Principal casa de ópera do país recebe em outubro a primeira edição completa da obra de Carlos Gomes (1836-1896), ainda inédita no Brasil
Portugueses vêem antes versão integral do "Guarany"
IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha
É de Portugal a principal iniciativa de celebração dos 500 anos do
Descobrimento do Brasil na música erudita. Dias 10, 12 e 14 de outubro, a mais importante casa de
ópera do país -o Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa-
abriga uma produção da ópera "Il
Guarany", de Carlos Gomes.
Bancada pela Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses
(CNCDP, leia texto ao lado), a encenação será produzida pela empresa brasileira São Paulo Imagem Data -que realizou, na Bulgária, a montagem de três óperas
de Carlos Gomes e gravou-as em
vídeo e em CD: "Il Guarany",
"Fosca" e "Maria Tudor".
"Fomos procurados por Joaquim Romero Magalhães, comissário-geral da CNCDP, que nos
consultou sobre a chance de levar
"Il Guarany" a Lisboa", diz Cleber
Papa, da São Paulo Imagem Data,
que fará a direção geral da ópera.
Resolveu-se reaproveitar a
montagem realizada pela São
Paulo Imagem Data em conjunto
com a Ópera de Sofia (Bulgária),
em 96, por ocasião das celebrações do centenário da morte de
Carlos Gomes (1836-1896).
Com gasto total estimado em
US$ 400 mil (incluindo cachês,
transporte de cargas e passagens
aéreas), está sendo refeita parte
dos cenários, figurinos e adereços,
mas manteve-se a concepção original do cenógrafo, Cyro del Nero, e do diretor de cena, Plamen
Kartaloff. O elenco deve ter os
búlgaros Krassimira Stoiánova
(soprano, a Ceci de 96) e Kostadin
Andrêiev (tenor, como Peri),
além do baixo italiano Alessandro
Verducci como o Cacique.
Coro, orquestra e corpo de baile
serão cedidos pelo Teatro Nacional de São Carlos, e cantores portugueses devem ser os comprimários (papel secundário na ópera).
Em relação à montagem de 96,
as maiores diferenças ocorrem na
parte musical. Na regência, Júlio
Medaglia será substituído por
Luiz Fernando Malheiro. A produção marcará a estréia da versão
da partitura recém-revisada pelo
maestro Roberto Duarte (leia texto ao lado), com edição prevista
pela Funarte. Assim, a gravação
em CD e vídeo da montagem lisboeta de "Il Guarany" será o primeiro registro integral da obra.
"Por anos, a referência foi a gravação cheia de cortes feita pelo
maestro Armando Belardi, na década de 50", afirma Malheiro. "A
gravação feita pelo maestro John
Neschling com Plácido Domingo
no papel-título é mais completa,
mas traz toda a música escrita pelo compositor." As 2h30 de duração da ópera pularão para 3h.
"O regente italiano Gianandrea
Gavazzeni dizia que "a ópera nasceu prostituta", ou seja, por não
ser uma forma pura, a gente poderia fazer o que quisesse. Só que,
em "Il Guarany", muitos dos cortes
comprometem a obra", diz Malheiro. A São Paulo Imagem não
tem previsão de uma turnê brasileira do "Guarany". "A próxima
ópera de Gomes que queremos
fazer é "Salvator Rosa'", diz Papa.
"O interesse pela obra dele é
grande. Temos propostas de
montagens de Nápoles, Montecarlo, Noruega e do Festival de
Martinafranca (Itália)."
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