São Paulo, Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2000


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Principal casa de ópera do país recebe em outubro a primeira edição completa da obra de Carlos Gomes (1836-1896), ainda inédita no Brasil
Portugueses vêem antes versão integral do "Guarany"

IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha

É de Portugal a principal iniciativa de celebração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil na música erudita. Dias 10, 12 e 14 de outubro, a mais importante casa de ópera do país -o Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa- abriga uma produção da ópera "Il Guarany", de Carlos Gomes.
Bancada pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (CNCDP, leia texto ao lado), a encenação será produzida pela empresa brasileira São Paulo Imagem Data -que realizou, na Bulgária, a montagem de três óperas de Carlos Gomes e gravou-as em vídeo e em CD: "Il Guarany", "Fosca" e "Maria Tudor".
"Fomos procurados por Joaquim Romero Magalhães, comissário-geral da CNCDP, que nos consultou sobre a chance de levar "Il Guarany" a Lisboa", diz Cleber Papa, da São Paulo Imagem Data, que fará a direção geral da ópera.
Resolveu-se reaproveitar a montagem realizada pela São Paulo Imagem Data em conjunto com a Ópera de Sofia (Bulgária), em 96, por ocasião das celebrações do centenário da morte de Carlos Gomes (1836-1896).
Com gasto total estimado em US$ 400 mil (incluindo cachês, transporte de cargas e passagens aéreas), está sendo refeita parte dos cenários, figurinos e adereços, mas manteve-se a concepção original do cenógrafo, Cyro del Nero, e do diretor de cena, Plamen Kartaloff. O elenco deve ter os búlgaros Krassimira Stoiánova (soprano, a Ceci de 96) e Kostadin Andrêiev (tenor, como Peri), além do baixo italiano Alessandro Verducci como o Cacique.
Coro, orquestra e corpo de baile serão cedidos pelo Teatro Nacional de São Carlos, e cantores portugueses devem ser os comprimários (papel secundário na ópera).
Em relação à montagem de 96, as maiores diferenças ocorrem na parte musical. Na regência, Júlio Medaglia será substituído por Luiz Fernando Malheiro. A produção marcará a estréia da versão da partitura recém-revisada pelo maestro Roberto Duarte (leia texto ao lado), com edição prevista pela Funarte. Assim, a gravação em CD e vídeo da montagem lisboeta de "Il Guarany" será o primeiro registro integral da obra.
"Por anos, a referência foi a gravação cheia de cortes feita pelo maestro Armando Belardi, na década de 50", afirma Malheiro. "A gravação feita pelo maestro John Neschling com Plácido Domingo no papel-título é mais completa, mas traz toda a música escrita pelo compositor." As 2h30 de duração da ópera pularão para 3h.
"O regente italiano Gianandrea Gavazzeni dizia que "a ópera nasceu prostituta", ou seja, por não ser uma forma pura, a gente poderia fazer o que quisesse. Só que, em "Il Guarany", muitos dos cortes comprometem a obra", diz Malheiro. A São Paulo Imagem não tem previsão de uma turnê brasileira do "Guarany". "A próxima ópera de Gomes que queremos fazer é "Salvator Rosa'", diz Papa.
"O interesse pela obra dele é grande. Temos propostas de montagens de Nápoles, Montecarlo, Noruega e do Festival de Martinafranca (Itália)."


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