São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2001

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MIDEM

Durante evento foi anunciada a marca de 34 milhões de CDs de artistas da França vendidos para o exterior em 99

Música francesa quer ganhar o mundo

CLAUDIA ASSEF
DE PARIS

Os executivos da indústria fonográfica francesa tiveram uma boa desculpa para tomar champanhe durante a 35ª edição do Midem (Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical), que termina amanhã, em Cannes, no sul da França.
É que, desde os tempos em que Serge Gainsbourg era um rapazote e emplacava suas "chansons" de amor mundo afora, a música francesa não fazia tão bonito no exterior.
O Bureau Export de la Musique Française, organismo do governo criado em 1993 com o objetivo de cuidar dos interesses da música francesa fora do país, anunciou durante o Midem que, em 99, a venda de álbuns franceses no exterior foi recorde: no total, 34 milhões de CDs de artistas da França foram vendidos no mundo.
O número é quase três vezes superior à venda de discos franceses ao exterior em 98.
"A grande motivadora desse sucesso foi a música eletrônica", avalia Patrice Hourbette, diretor-executivo do Bureau Export.
As contas ainda não estão fechadas para o ano 2000, mas a venda isolada de alguns álbuns já deve estar deixando os executivos da indústria do disco com água na boca. Os campeões de vendas de singles fora da França foram o duo dance Modjo (graças à grudenta "Lady") e o DJ de house Mr. Oizo -respectivamente, com 1,1 milhão e 2,5 milhões de cópias vendidas cada um.
Outro fenômeno do ano passado foi o Daft Punk. Além de vender 400 mil cópias do novo single, "One More Time", em dois meses, o duo eletrônico foi o responsável pela maior venda de álbum de 2000: exportou 2,5 milhões do "velho" "Homework", de 97.
Entre os álbuns eletrônicos novos, os mais vendidos do ano foram a trilha sonora do filme "As Virgens Suicidas", do Air (300 mil CDs), "Unreasonable Behaviour", do DJ Laurent Garnier (205 mil cópias), e "Tourist", da banda de eletrojazz St. Germain (466 mil discos).
O álbum francês não eletrônico mais comprado mundo afora em 2000 foi "Clandestino", de Manu Chao -foram mais de 1 milhão de cópias exportadas.
"Manu Chao resume bem a nova cara da música francesa. Há músicas em vários idiomas, e os ritmos são muito variados", diz Patrice Hourbette. O mesmo acontece com os artistas de música eletrônica. "A maioria canta em inglês."
A "bonne vague" da música francesa em 2000 deverá modificar a estratégia de algumas gravadoras em 2001.
A Virgin France anunciou no Midem que tem três artistas franceses -Daft Punk, Air e Manu Chao- entre as cinco "prioridades mundiais" da empresa.
"Este ano deverá ser ainda melhor para a música francesa", prevê Hourbette. Isso porque vêm aí lançamentos de peso: novos discos do Air, Cassius e Daft Punk.
O evento, que reúne este ano quase 5.000 empresas ligadas à indústria da música, ainda divulgou outra boa notícia para o mercado da música da França: o interesse do público francês pela produção local cresceu em 2000.
No ano passado, a cada dez discos vendidos na França, seis foram de artistas franceses, um número também considerado recorde pelo Sindicato Nacional da Edição Fonográfica.
O rap foi o gênero que mais cresceu no ano passado no país e isso se traduziu na maior vendagem interna do ano: o rapper Yannick vendeu mais de 1 milhão de cópias do single de "Ces Soirées Là".


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