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ROCK IN RIO
Festival foi importante palco para manifestos de moda vivificados
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Moda e música sempre caminharam juntas, não é novidade para ninguém. O Rock in
Rio se prestou, então, a ser também um grande palco para os
chamados "fashion statements",
manifestos de moda vivificados.
Sob os refletores ou nos gramados, artistas e público apresentaram suas ideologias musicais e
pessoais nos dias de festival. O
vestir ainda é o principal cartão-de-visitas do mundo e, nesse quesito, os looks entregaram tudo.
Caso de Rob Halford, clássico
em seu estilo motocross/sadomasoquista/metal, um crossover que
pega bem tanto entre os metaleiros quanto entre frequentadores
dos clubes de fetiche. Atemporal.
A proporção era meio "oversized" demais, mas o paletó de paetês prateados do vocalista do Silverchair desenhou lindamente o
palco do grupo, ressaltando o estranhamento da sonoridade da
banda e emprestando um toque
glam, quando o glamour passou
longe do festival.
Afinal, muitos fizeram a linha
"não pensamos em roupa de palco", reproduzindo a máxima do
grunge, "come as you are" (venha
como estiver). Cumpriu a cartilha
de Cobain, por exemplo, o ex-colega Dave Grohl, no saudável look
de bermuda e camisa de botão,
com tênis sem meia, como se estivesse indo à locadora, e não tocar
para 200 mil pessoas. Tudo bem.
E tudo bem mesmo. Sheryl
Crow, "very americana", fez o
mesmo. Idem para Neil Young,
sensacional em seu jeans surrado,
t-shirt velha e chapéu de cowboy.
Ooops, falando em chapéu de
cowboy, foi dos melhores momentos da dubladora lolita Britney Spears, no adereço cor-de-rosa que lembrou a vaqueira Madonna. Se não cantou como todos
gostariam (pouca diferença faz),
trocar de roupa ela trocou.
Bom conselho para Sandy: trocar de roupa para os próximos
shows. A menina envelheceu com
aquele cabelo de debutante e roupa de velha. Alô, Xororó: Sandy
precisa de um stylist.
Paula Toller também. O vestidinho de paetê pode ter arrancado
suspiros dos bofes no gramado,
mas, com o boá de carneiro da
mongólia e a bota de cano alto
branco, não deu muito certo.
A musa new age do sertão, Elba
Ramalho, acertou mais, como
também Fernanda Abreu, que
veio fashion, esguia e ágil em seu
look preto mutante.
Outra Fernanda, a Takai, do Patu Fu, esbanjou ironia na música e
na roupa, uma leveza que talvez
tenha faltado ao shortinho de Daniela Mercury -o cabelo black
era bom.
Entre os homens, Dinho Ouro
Preto ganhou como bonitón do
Rock in Rio, impecável no palco e
na moda.
Tem humor e senso de espetáculo na maquiagem de Michael
Stipe, elementos presentes também ao "look peladão" de Nick
Oliveri, do Queens of the Stone
Age, e nas oportunidades de foto
de Cassia Eller ("it's only rock and
roll, but I like it") e Ultraje a Rigor.
No Brasil, a nudez ainda é a melhor forma de roupa.
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