São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

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CINEMA

Após protagonizar versão de "Nove Rainhas", ator estará em "O Aviador", de Scorsese, e "Dark Water", de Walter Salles

John C. Reilly usa rosto "comum" para ganhar papéis

TIFFANY ROSE
DO "INDEPENDENT"

O ator John C. Reilly tem um rosto que você poderia encontrar no açougueiro de seu bairro e, apesar de ter acumulado mais de 30 papéis no cinema em 15 anos -para não mencionar uma indicação ao Oscar de coadjuvante por "Chicago"-, ele ainda precisa usar um crachá com seu nome.
"É engraçado", comenta ele, pacientemente. "As pessoas me param e perguntam de onde me conhecem. Elas insistem que somos velhos amigos. Mesmo se digo que sou ator, insistem que não."
Reilly, 39, está rapidamente se tornando o Gene Hackman de sua geração por sua capacidade camaleônica de assumir as características do personagem que estiver interpretando. "Você acredita tanto que John é o personagem", diz Martin Scorsese, que o dirigiu em "Gangues de Nova York" e novamente em "O Aviador" (que estréia no dia 11), "que se torna quase difícil lhe dar uma identidade. É como se a gente não quisesse pensar que ele é um ator".
Reilly descobriu sua vocação na adolescência. Um dia, acompanhou um amigo a um parque no qual havia crianças encenando peças. "Trabalhar ali fazia com que me sentisse normal. Nunca me senti assim nos esportes ou em ambientes acadêmicos."
Após "171", a refilmagem americana do argentino "Nove Rainhas", dirigida por Gregory Jacobs, Reilly já adicionou a seu currículo papéis em "O Aviador" e no novo longa de Walter Salles, "Dark Water", com estréia prevista para agosto no Brasil.
Reilly é como você poderia imaginar: robusto, 1,85 m e um rosto irlandês que parece feito de massinha de modelar, emoldurado por cachos desordenados.
Em 2002, Reilly fez quatro papéis completamente diferentes: um policial operando do lado errado da lei no século 19, em "Gangues de Nova York"; um pintor de casas adepto da maconha e casado com Jennifer Anniston, em "Por um Sentido na Vida"; um marido que ignora a depressão da mulher nos anos 50, em "As Horas"; e um trouxa que canta e dança, casado com a mortífera Renée Zellweger, em "Chicago".
O caminho para chegar a Hollywood parece uma história inventada por um publicitário. Após trabalhar em produções locais de teatro em Chicago, enviou uma fita para Brian de Palma, que estava escalando o elenco de "Pecados de Guerra". Reilly conta que foi "escalado para aquele filme com base no vídeo que mandei. Eu era um soldado que sai ferido na primeira cena de batalha do filme. Durante os ensaios, decidiram me dar um dos papéis principais". Ele sorri: "Era na verdade um ator de teatro e não via muito futuro no cinema. Parecia um sonho exagerado. Mas Hollywood começou a me procurar mais, e as coisas se desenrolaram assim".
Reilly explica seus critérios para selecionar seus papéis: "A primeira coisa que procuro é algo diferente para fazer. O personagem de "171" certamente era diferente".
Esfregando a testa, Reilly conclui: "A vida de um trapaceiro não é muito diferente da vida de um ator. De certa forma, é como se os dois fossem homens de negócios independentes. Um ator também trapaceia as pessoas, mas aviso que estou trapaceando antes que as pessoas cheguem ao cinema e, mesmo assim, elas pagam para ser enganadas!".


Tradução Paulo Migliacci

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