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CINEMA
Após protagonizar versão de "Nove Rainhas", ator estará em "O Aviador", de Scorsese, e "Dark Water", de Walter Salles
John C. Reilly usa rosto "comum" para ganhar papéis
TIFFANY ROSE
DO "INDEPENDENT"
O ator John C. Reilly tem um
rosto que você poderia encontrar
no açougueiro de seu bairro e,
apesar de ter acumulado mais de
30 papéis no cinema em 15 anos
-para não mencionar uma indicação ao Oscar de coadjuvante
por "Chicago"-, ele ainda precisa usar um crachá com seu nome.
"É engraçado", comenta ele, pacientemente. "As pessoas me param e perguntam de onde me conhecem. Elas insistem que somos
velhos amigos. Mesmo se digo
que sou ator, insistem que não."
Reilly, 39, está rapidamente se
tornando o Gene Hackman de
sua geração por sua capacidade
camaleônica de assumir as características do personagem que estiver interpretando. "Você acredita
tanto que John é o personagem",
diz Martin Scorsese, que o dirigiu
em "Gangues de Nova York" e
novamente em "O Aviador" (que
estréia no dia 11), "que se torna
quase difícil lhe dar uma identidade. É como se a gente não quisesse
pensar que ele é um ator".
Reilly descobriu sua vocação na
adolescência. Um dia, acompanhou um amigo a um parque no
qual havia crianças encenando
peças. "Trabalhar ali fazia com
que me sentisse normal. Nunca
me senti assim nos esportes ou
em ambientes acadêmicos."
Após "171", a refilmagem americana do argentino "Nove Rainhas", dirigida por Gregory Jacobs, Reilly já adicionou a seu currículo papéis em "O Aviador" e
no novo longa de Walter Salles,
"Dark Water", com estréia prevista para agosto no Brasil.
Reilly é como você poderia imaginar: robusto, 1,85 m e um rosto
irlandês que parece feito de massinha de modelar, emoldurado
por cachos desordenados.
Em 2002, Reilly fez quatro papéis completamente diferentes:
um policial operando do lado errado da lei no século 19, em "Gangues de Nova York"; um pintor de
casas adepto da maconha e casado com Jennifer Anniston, em
"Por um Sentido na Vida"; um
marido que ignora a depressão da
mulher nos anos 50, em "As Horas"; e um trouxa que canta e dança, casado com a mortífera Renée
Zellweger, em "Chicago".
O caminho para chegar a Hollywood parece uma história inventada por um publicitário. Após
trabalhar em produções locais de
teatro em Chicago, enviou uma fita para Brian de Palma, que estava
escalando o elenco de "Pecados
de Guerra". Reilly conta que foi
"escalado para aquele filme com
base no vídeo que mandei. Eu era
um soldado que sai ferido na primeira cena de batalha do filme.
Durante os ensaios, decidiram me
dar um dos papéis principais". Ele
sorri: "Era na verdade um ator de
teatro e não via muito futuro no
cinema. Parecia um sonho exagerado. Mas Hollywood começou a
me procurar mais, e as coisas se
desenrolaram assim".
Reilly explica seus critérios para
selecionar seus papéis: "A primeira coisa que procuro é algo diferente para fazer. O personagem
de "171" certamente era diferente".
Esfregando a testa, Reilly conclui: "A vida de um trapaceiro não
é muito diferente da vida de um
ator. De certa forma, é como se os
dois fossem homens de negócios
independentes. Um ator também
trapaceia as pessoas, mas aviso
que estou trapaceando antes que
as pessoas cheguem ao cinema e,
mesmo assim, elas pagam para
ser enganadas!".
Tradução Paulo Migliacci
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