DA REPORTAGEM LOCAL

O jornalista e escritor polonês Ryszard Kapuscinski, autor de "Minhas Viagens com Heródoto", lançado no final do ano passado no Brasil pela Cia. das Letras, morreu ontem em Varsóvia, na Polônia, aos 74 anos.
O escritor, que sofria de uma doença grave não revelada por sua família, havia sido submetido a uma delicada operação no último sábado, em um hospital na cidade.
Conhecido por seu trabalho como correspondente da agência de notícias polonesa PAP, de 1959 a 1981, e, posteriormente, como colaborador de jornais importantes como o "The New York Times" e "Frankfurter Allgemeine Zeitung", Kapuscinski presenciou guerras, golpes e revoluções em regiões pobres da África, da Ásia e das Américas -experiências a partir das quais escreveu muitos de seus livros.
"Apesar de serem diferentes, aqueles países tinham em comum o mesmo cenário que eu via no lugar onde nasci, a Europa pobre, onde as crianças não comiam nem tinham escola", disse recentemente em entrevista à Folha, por ocasião do lançamento de "Minhas Viagens com Heródoto".
Ganhador do Prêmio Príncipe de Astúrias em 2003 e tido como um dos favoritos ao Nobel de Literatura do ano passado, Kapuscinski era o autor polonês mais traduzido no mundo, com livros publicados em mais de 30 países. Seu primeiro sucesso literário foi "O Imperador", de 1978. Lançado no Brasil em 2005 pela Cia. das Letras, o livro fala sobre a queda do regime de Haile Selassie, na Etiópia, em 1974. A editora também lançou por aqui "Imperium", a respeito do colapso da União Soviética, e "Ébano", sobre as lutas anticolonialistas na África.