|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INCENTIVO
Orçamento é de R$ 1,5 mi
Itaú Cultural lança versão 2003 do Rumos
ISRAEL DO VALE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos mais sistemáticos e
abrangentes esquadrinhamentos
da produção cultural contemporânea brasileira redobra o fôlego a
partir de hoje. Trata-se do programa Rumos do Itaú Cultural, um
mapa atualizado da criação artística nacional traçado desde 1997,
que anuncia nesta noite os termos
de sua versão 2003.
A novidade é o apoio a uma área
adicional, a da pesquisa no cruzamento de arte e tecnologia, que
reforça o eixo de seis manifestações artísticas contempladas até
agora -artes visuais, cinema e vídeo, música, dança, literatura e
mídia arte. O rodízio entre as
áreas se mantém, concentrando
recursos neste ano em pesquisa,
em cinema e vídeo e na dança.
A nova edição ganha as ruas
num momento delicado, em que
o governo promete rever o sistema de financiamento da cultura
-leia-se leis de incentivo, em primeiro plano. As medidas podem
deixar estilhaços para fundações e
centros culturais vinculados a
empresas privadas, criticados por
reverterem a verba incentivada
(imposto de que o governo abre
mão) para seus próprios projetos.
O mecanismo, oferecido pela lei
em vigor, tem merecido comentários incisivos do ministro Gilberto Gil, que o usa como exemplo
para ilustrar a necessidade de revisão dos critérios de concessão.
De cada R$ 10 do orçamento
anual do Itaú Cultural, R$ 7 são
incentivados. O orçamento da entidade para 2003 é de R$ 20 milhões -18,6% do que a Secretaria
de Estado da Cultura de São Paulo
tem (R$ 107,4 milhões) para gastar, em tese, nos 645 municípios.
Com sede em São Paulo, o Itaú
Cultural tem ações em diversos
Estados do país. Apoiou, em cinco anos de existência do Rumos,
333 projetos originários de 26
unidades da federação. Só o Acre
não teve artista contemplado.
A sensação de que atividades
como o Rumos (que consumirá
R$ 1,5 milhão da verba deste ano
da entidade) estão em sintonia
com o discurso de descentralização e diversidade do governo Lula
tranquilizam o Itaú Cultural.
"Estamos sensíveis ao que eles
vêm dizendo. Na nossa avaliação,
converge para o que é o Rumos",
diz Eduardo Saron, 32, superintendente de atividades culturais.
"É normal que haja mudanças",
relativiza José Roberto Sadek, 48,
superintendente de pesquisas e
projetos. "Temos certeza de que
elas virão para aprimorar o funcionamento da lei."
Enquanto seu lobo não vem, o
Rumos faz os ajustes finais nos
editais que estabelecem os critérios de seleção dos projetos que
serão apoiados.
Em cinema e vídeo, serão contemplados dez projetos de documentários, cinco deles com direito a realização, para a exibição em
TVs educativas. A área de dança
privilegiará a investigação de linguagem. Na nova área de estudos
em mídia arte, voltada para mestrandos e doutorandos, os parâmetros são os das bolsas oferecidas por instituições de amparo à
pesquisa, como Capes e Fapesp.
"Não vamos concorrer com a
universidade, mas nos aproximar
dela", diz Sadek, frisando que o
programa prevê o pagamento de
passagem aérea e ajuda de custo
adicional para hospedagem a estudantes de fora de São Paulo.
O Itaú Cultural lança nesta noite
o livro "Mapeamento Nacional da
Produção Emergente", espécie de
súmula com breve currículo e
imagens dos 69 artistas apoiados
pelas duas mais recentes edições
do Rumos Artes Visuais.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Evento: "A Brasilidade" é tema da série "Diálogos Impertinentes", hoje Índice
|