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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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INCENTIVO

Orçamento é de R$ 1,5 mi

Itaú Cultural lança versão 2003 do Rumos

ISRAEL DO VALE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos mais sistemáticos e abrangentes esquadrinhamentos da produção cultural contemporânea brasileira redobra o fôlego a partir de hoje. Trata-se do programa Rumos do Itaú Cultural, um mapa atualizado da criação artística nacional traçado desde 1997, que anuncia nesta noite os termos de sua versão 2003.
A novidade é o apoio a uma área adicional, a da pesquisa no cruzamento de arte e tecnologia, que reforça o eixo de seis manifestações artísticas contempladas até agora -artes visuais, cinema e vídeo, música, dança, literatura e mídia arte. O rodízio entre as áreas se mantém, concentrando recursos neste ano em pesquisa, em cinema e vídeo e na dança.
A nova edição ganha as ruas num momento delicado, em que o governo promete rever o sistema de financiamento da cultura -leia-se leis de incentivo, em primeiro plano. As medidas podem deixar estilhaços para fundações e centros culturais vinculados a empresas privadas, criticados por reverterem a verba incentivada (imposto de que o governo abre mão) para seus próprios projetos.
O mecanismo, oferecido pela lei em vigor, tem merecido comentários incisivos do ministro Gilberto Gil, que o usa como exemplo para ilustrar a necessidade de revisão dos critérios de concessão.
De cada R$ 10 do orçamento anual do Itaú Cultural, R$ 7 são incentivados. O orçamento da entidade para 2003 é de R$ 20 milhões -18,6% do que a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo tem (R$ 107,4 milhões) para gastar, em tese, nos 645 municípios.
Com sede em São Paulo, o Itaú Cultural tem ações em diversos Estados do país. Apoiou, em cinco anos de existência do Rumos, 333 projetos originários de 26 unidades da federação. Só o Acre não teve artista contemplado.
A sensação de que atividades como o Rumos (que consumirá R$ 1,5 milhão da verba deste ano da entidade) estão em sintonia com o discurso de descentralização e diversidade do governo Lula tranquilizam o Itaú Cultural.
"Estamos sensíveis ao que eles vêm dizendo. Na nossa avaliação, converge para o que é o Rumos", diz Eduardo Saron, 32, superintendente de atividades culturais. "É normal que haja mudanças", relativiza José Roberto Sadek, 48, superintendente de pesquisas e projetos. "Temos certeza de que elas virão para aprimorar o funcionamento da lei."
Enquanto seu lobo não vem, o Rumos faz os ajustes finais nos editais que estabelecem os critérios de seleção dos projetos que serão apoiados.
Em cinema e vídeo, serão contemplados dez projetos de documentários, cinco deles com direito a realização, para a exibição em TVs educativas. A área de dança privilegiará a investigação de linguagem. Na nova área de estudos em mídia arte, voltada para mestrandos e doutorandos, os parâmetros são os das bolsas oferecidas por instituições de amparo à pesquisa, como Capes e Fapesp.
"Não vamos concorrer com a universidade, mas nos aproximar dela", diz Sadek, frisando que o programa prevê o pagamento de passagem aérea e ajuda de custo adicional para hospedagem a estudantes de fora de São Paulo.
O Itaú Cultural lança nesta noite o livro "Mapeamento Nacional da Produção Emergente", espécie de súmula com breve currículo e imagens dos 69 artistas apoiados pelas duas mais recentes edições do Rumos Artes Visuais.


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