São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

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MÚSICA

CDs recuperam gravações históricas do erudito brasileiro, além da poesia falada de nomes como João Cabral de Melo Neto

Coleção traz à tona raridades do selo Festa

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Voltam às lojas gravações históricas da música erudita brasileira e da poesia. O selo Festa está recolocando no mercado o estoque de CDs lançados pela Eldorado na segunda metade dos anos 90 e pretende recuperar seu acervo de 102 títulos.
Criado em 1954 pelo jornalista Irineu Garcia, o selo Festa funcionou até 1971, quando seu fundador resolveu se radicar em Portugal. "Ele deixou o acervo em consignação na Philips. Quando se preparava para voltar ao Brasil para presidir a Funarte e retomar as atividades da gravadora, morreu, em 1984", conta a professora de história da arte e pintura Gracita Garcia Bueno, sobrinha de Irineu Garcia, que, ao lado do marido, o artista plástico romeno Nicolai Dragos, recuperou, em 1997, na Polygram (hoje Universal), os registros do selo de seu tio.
Gracita distribuiu quatro títulos pela Movieplay e logo fechou um acordo com a Eldorado, que colocou no mercado 17 CDs da gravadora. "A Eldorado desativou a distribuição. Consegui comprar o estoque e agora distribuo pela Tratore." Até 2003, esses discos eram vendidos por ela própria, em uma mesa na Sala São Paulo.
Dos CDs lançados pela Eldorado, quatro estão esgotados e não chegam às lojas: "Canção do Amor Demais", com Elizete Cardoso; "20 Poemas de Amor y una Canción Desesperada", de Pablo Neruda; "Federico García Lorca -Poemas e Canções"; e "O Pequeno Príncipe", com voz de Paulo Autran e música de Tom Jobim.
"Até o final do ano quero relançar esses discos", diz Gracita. Ela também pretende reeditar os títulos que saíram em CD pela Movieplay ("Festa dentro da Noite", de Vadico; "Hinário Nacional"; "Por Toda Minha Vida", em que Lenita Bruno canta canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes).
O desafio será recuperar os itens que a Festa lançara em LP e ainda não saíram em CD. "A Polygram mandou o que tinha. Transformei tudo em DAT, mas alguns não ficaram bons -aí recorro aos rolos originais." Quartetos de Villa-Lobos, o "Réquiem" do padre José Maurício e música sinfônica de Francisco Mignone, Henrique Oswald e Cláudio Santoro são alguns que aguardam reedição. "Quero relançar, até o fim do ano, o material de compositores que estão em domínio público."
Além dos fonogramas de música, a Festa tem um arquivo forte de poesia falada. "Meu tio era crítico literário. A primeira gravação do selo foi com Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, a pedido deste último."
Entre os discos relançados, destaque para João Cabral de Melo Neto declamando sua poesia; para os dois volumes em que o pianista Arnaldo Estrela toca uma antologia de peças brasileiras de concerto; e para Santoro, Mignone, Gnattali e Guarnieri interpretando obras de sua autoria.


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