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MÚSICA
CDs recuperam gravações históricas do erudito brasileiro, além da poesia falada de nomes como João Cabral de Melo Neto
Coleção traz à tona raridades do selo Festa
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Voltam às lojas gravações históricas da música erudita brasileira
e da poesia. O selo Festa está recolocando no mercado o estoque de
CDs lançados pela Eldorado na segunda
metade dos anos 90 e pretende recuperar seu acervo de 102 títulos.
Criado em 1954 pelo jornalista
Irineu Garcia, o selo Festa funcionou até 1971, quando seu fundador resolveu se radicar em Portugal. "Ele deixou o acervo em consignação na Philips. Quando se
preparava para voltar ao Brasil
para presidir a Funarte e retomar
as atividades da gravadora, morreu, em 1984", conta a professora
de história da arte e pintura Gracita Garcia Bueno, sobrinha de Irineu Garcia, que, ao lado do marido, o artista plástico romeno Nicolai Dragos, recuperou, em 1997,
na Polygram (hoje Universal), os
registros do selo de seu tio.
Gracita distribuiu quatro títulos
pela Movieplay e logo fechou um
acordo com a Eldorado, que colocou no mercado 17 CDs da gravadora. "A Eldorado desativou a
distribuição. Consegui comprar o
estoque e agora distribuo pela
Tratore." Até 2003, esses discos
eram vendidos por ela própria,
em uma mesa na Sala São Paulo.
Dos CDs lançados pela Eldorado, quatro estão esgotados e não
chegam às lojas: "Canção do
Amor Demais", com Elizete Cardoso; "20 Poemas de Amor y una
Canción Desesperada", de Pablo
Neruda; "Federico García Lorca
-Poemas e Canções"; e "O Pequeno Príncipe", com voz de Paulo Autran e música de Tom Jobim.
"Até o final do ano quero relançar esses discos", diz Gracita. Ela
também pretende reeditar os títulos que saíram em CD pela Movieplay ("Festa dentro da Noite", de
Vadico; "Hinário Nacional"; "Por
Toda Minha Vida", em que Lenita
Bruno canta canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes).
O desafio será recuperar os itens
que a Festa lançara em LP e ainda
não saíram em CD. "A Polygram
mandou o que tinha. Transformei
tudo em DAT, mas alguns não ficaram bons -aí recorro aos rolos
originais." Quartetos de Villa-Lobos, o "Réquiem" do padre José
Maurício e música sinfônica de
Francisco Mignone, Henrique
Oswald e Cláudio Santoro são alguns que aguardam reedição.
"Quero relançar, até o fim do ano,
o material de compositores que
estão em domínio público."
Além dos fonogramas de música, a Festa tem um arquivo forte
de poesia falada. "Meu tio era crítico literário. A primeira gravação
do selo foi com Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, a pedido deste último."
Entre os discos relançados, destaque para João Cabral de Melo
Neto declamando sua poesia; para os dois volumes em que o pianista Arnaldo Estrela toca uma
antologia de peças brasileiras de
concerto; e para Santoro, Mignone, Gnattali e Guarnieri interpretando obras de sua autoria.
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