São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2003 |
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OSCAR 2003 Cerimônia mantém glamour, celebra valores americanos e ouve discurso pela paz Hollywood pede paz e amor
DA REPORTAGEM LOCAL Manifestações contra a guerra no Iraque dominaram a cerimônia de entrega da 75ª edição do Oscar. Adrien Brody, recebendo o Oscar de melhor ator por "O Pianista", discursou contra "a desumanização de seres humanos em tempos de guerra". E completou, emocionado: "Seja acreditando em Deus ou em Allah, ou no que for, vamos orar pela resolução rápida dessa guerra". Foi aplaudido de pé pelo auditório. Outro pronunciamento contundente foi o do documentarista Michael Moore. Houve referências à guerra durante toda a cerimônia. O ator mexicano Gael García Bernal, que fez a introdução do número musical de Caetano Veloso, com a canção "Burn it Blue", da trilha de "Frida", estrelado pela mexicana Salma Hayek, declarou: "A necessidade de paz no mundo não é um sonho, é uma realidade. E não estamos sozinhos nisso. Se Frida estivesse viva, estaria conosco, contra a guerra". Sobre Caetano, disse que é "o brasileiro mais incrível" que já conheceu. Nicole Kidman, a melhor atriz por "As Horas", também fez sua menção: "Há tantos problemas no mundo e tanta dor desde o 11 de setembro. Agora, com a guerra, há outras vidas sendo perdidas". Catherine Zeta-Jones, que recebeu o Oscar de atriz coadjuvante por "Chicago", evitou o assunto. Ela agradeceu aos amigos e fez uma declaração de amor ao marido, Michael Douglas. Chris Cooper, que venceu como melhor coadjuvante por "Adaptação", pronunciou-se de modo contido: "Apesar de todos os problemas do mundo, desejo paz a todos". Com 13 indicações, "Chicago" havia vencido também em edição, direção de arte, figurino e efeitos sonoros, até a conclusão desta edição. Na chegada ao Teatro Kodak, o desfile de sorrisos das estrelas sobre o tapete vermelho -que não foi suspenso, apenas reduzido- trouxe atrizes como Susan Sarandon, Salma Hayek e Kate Hudson fazendo o sinal de "paz e amor" para as câmeras. A rede de televisão ABC, que fez a transmissão nos Estados Unidos, interrompeu as imagens da cerimônia 40 minutos depois de iniciada, para um curto boletim informativo sobre a guerra dos EUA contra o Iraque. Houve uma segunda interrupção às 22h15 (horário local). A guerra foi uma sombra sobre a cerimônia desde o início. O ator Steve Martin, mestre de cerimônias do evento, recepcionou os convidados no Teatro Kodak, em Los Angeles, dizendo: "Que bom que cortaram um pouco da exuberância desse teatro". No aquecimento para a entrega das estatuetas, a transmissão da ABC celebrou, com cenas de filmes atuais e do passado, o que resumiu como "o espírito da América". "Diversidade, família, lar, país, coragem e orgulho" foram traduzidos em imagens -algumas de filmes de guerra. Personalidades como o ator Will Smith (que apresentaria um dos vencedores) e o cineasta Aki Kaurismaki (cujo "O Homem Sem Passado" foi indicado a melhor filme estrangeiro) anunciaram que não iriam à cerimônia por não se sentirem confortáveis em participar de uma festa com uma guerra está em curso. Grupos pacifistas agendaram manifestações a duas quadras do teatro. "Não queremos ver mais nenhum soldado americano nem civis iraquianos morrendo. Acreditamos que o mundo vai estar olhando para Hollywood esta noite e queremos que saibam que nós apoiamos o movimento mundial pela paz", disse Karen Palmer, da associação pacifista feminina Code Pink, uma das que planejaram manifestações. Com agências internacionais Veja a lista completa dos vencedores em www.folha.com.br/especial/2003/oscar Texto Anterior: Cinema: Guerra adia comédia com Meg Ryan Próximo Texto: "Que vergonha, senhor Bush", diz Michael Moore ao receber Oscar Índice |
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