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TELEVISÃO
Comprados do humorista Renato Aragão por R$ 8 milhões, estúdios na zona oeste carioca já foram usados pela Rede Globo
Record leva departamento de dramaturgia para o Rio
MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Ancorada no sucesso de "A Escrava Isaura" -que termina nesta semana com média de 16 pontos no Ibope (cerca de 800 mil espectadores na Grande São Paulo)-, a Rede Record entra em
território inimigo para combater
a concorrência com outras novelas como armas de ataque. A partir de maio, começa a transferir
sua recém-criada dramaturgia
para o Rio de Janeiro, onde comprou uma área com estúdios que
já foram utilizados pela Globo.
Os galpões, adquiridos por R$ 8
milhões do humorista Renato
Aragão, ficam na Barra da Tijuca
(zona oeste do Rio), área da cidade que se firma pela concentração
de audiovisual.
É o maior investimento da
emissora -terceiro lugar, atrás
do SBT- neste ano. É a ação mais
agressiva em território até então
exclusivo da concorrência. Informa Luís Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação: "A
Globo não acha correto ficar comentando o que acontece na concorrência. Mas, falando em tese,
acha muito positivo qualquer iniciativa consistente de investimento em produção brasileira".
"Queremos competir de igual
para igual. Os estúdios da Barra
Funda [zona oeste de SP] estão
pequenos para o que pretendemos fazer, inclusive criar um segundo horário para novelas", diz
Alexandre Raposo, 34, presidente
nacional da Record. "No Rio está
a maioria dos atores e dos técnicos de televisão", justifica.
No ano passado, a Record fechou seu balanço com um faturamento de R$ 500 milhões, valor
que prevê aumentar em R$ 200
milhões neste ano.
A emissora manterá seus quatro
estúdios paulistas, os mesmos que
serviram de set para "A Escrava
Isaura" e que atendem atualmente a "Essas Mulheres", novela que
estréia em 2 de maio. No Rio, a
Record se espreme num espaço
de 6.000 m2 (metade de área construída), onde produz apenas a
programação local, representada
por três horas diárias.
Os estúdios comprados de Aragão têm 44 mil m2, dos quais 7.500
m2 são de área construída, com
quatro galpões. Durante três
anos, foram alugados para a Globo, que lá gravou "Você Decide",
"Linha Direta", "Sandy e Júnior",
"A Grande Família" e "Sítio do Picapau Amarelo", entre outros;
além de "Malhação", "Os Maias"
e "Presença de Anita".
Quando terminou o contrato
com a Globo, os estúdios foram
alugados para diversas produções. Recentemente, abrigaram as
gravações de "Mano a Mano"
(Rede TV!) e, atualmente, servem
de locação para o set do filme "Os
Desafinados", de Walter Lima Jr.
Independência
A emissora que, no passado,
mostrou um pastor chutando a
imagem de uma santa e que nas
últimas eleições teve sua programação suspensa pela Justiça Eleitoral -acusada de favorecimento
político ao candidato evangélico
no Rio de Janeiro- hoje se diz independente da igreja e da política.
"Na nova novela, pedi à produção que explore mais a sensualidade das mulheres", garante Raposo. "A gente não exibe baixaria", afirma. "A programação
cresceu, o que deu a impressão de
desvinculamento da igreja. O Edir
Macedo é o principal acionista da
Record, e a igreja compra todo o
horário da madrugada, como faz
em outras emissoras", reage.
Natal Furucho, 39, diretor da
Record Rio, também sai na defesa
do canal. "Se analisarem bem a
programação, verão que não tem
ingerência da igreja", diz o executivo, que, apesar de manter ligação com a Universal, garante a independência, inclusive política.
"A gente prima pela qualidade na
TV. Somos apartidários."
Com a ida da dramaturgia para
o terreno carioca, a Record Rio vira uma nova seara de investimentos, apostando na regionalização
da produção.
Só neste ano, segundo Furucho,
serão investidos R$ 7 milhões em
tecnologia -em retransmissores,
câmeras e antenas.
Desde o ano passado, a filial
contratou profissionais e ampliou
sua programação com jornalísticos, programas esportivos, documentários e infantis -um deles
produzido por Marlene Mattos,
que aguarda exibição em rede nacional. A maior audiência da filial
é o "Cidade Alerta", apresentado
no Rio por Wagner Montes.
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