São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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MÚSICA

Yeah! Yeah! Yeahs!


Inspirado em Jon Spencer, trio lidera a novíssima cena rocker da NY pós-Strokes


CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

A cena rocker de Nova York pós-World Trade Center já tem uma nova cara. Aliás, três.
Nascido do encontro entre amigos de faculdade, o trio Yeah Yeah Yeahs lidera uma leva de bandas que surgiu na cidade logo após o furacão Strokes.
O som do YYY fica bem próximo do rock básico da banda de Julian Casablancas, e os integrantes também têm um visual largado/descolado parecido com o dos Strokes.
O hype em torno da banda também tem cara de dèjá-vu. O trio, que por enquanto só tem um EP com cinco músicas, já ganhou capas de revistas importantes e abriu turnês de gente como Girls Against Boys e Jon Spencer Blues Explosion.
Eles prometem um disco inteiro para daqui a alguns meses. Enquanto isso, o guitarrista Nick Zinner, 26, a vocalista Karen 'O, 23, e o baterista Brian Chase tentam pensar que não são os novos Strokes. "Se a gente achar que está com a bola toda, o disco vai sair ruim", disse Zinner à Folha.
Leia, a seguir, o que o guitarrista tem a dizer sobre a novíssima cena rocker de Nova York.

Folha - Desculpe, mas a pergunta é inevitável. Vocês se sentem como os novos Strokes?
Nick Zinner -
Eu sei que é, não tem problema. É claro que os Strokes foram importantíssimos para a cena de Nova York. Abriram muitas portas para novas bandas. Acho que todo músico da cidade tem de ser grato a eles porque eles trouxeram o foco para cá. Mesmo assim tem gente aqui que sente uma raivinha deles. Não é o nosso caso, claro. Gostamos muito do som deles, aliás. Tentamos não pensar que somos os novos Strokes. Quer dizer, tudo está acontecendo muito parecido. A gente chamou muita atenção logo de início... Mas, se a gente achar que está com a bola toda, o disco vai sair ruim (risos).

Folha - Já deu mesmo tempo de construir uma cena pós-Strokes?
Zinner -
É meio complicado de dizer porque os Strokes aconteceram há pouco tempo, né? O fato é que quando eles chamaram a atenção novamente para a cidade, muita gente que já tocava havia algum tempo se animou em fazer shows, gravar demos etc. Um exemplo é o que aconteceu com a gente. Formamos a banda em 2000, acho que até antes que os Strokes. Mas aí rolou essa comoção toda com eles... E não dá para ficar achando que tudo quanto é banda de rock de Nova York é uma maravilha. Tem muita porcaria por aqui também. Ao mesmo tempo, tem coisas maravilhosas, como o Flux Information Sciences e o Liars.

Folha - Que bandas servem de inspiração para o som de vocês?
Zinner -
A gente ouve muita coisa diferente. O Brian, por exemplo, é fã de jazz e de música minimalista. Eu e a Karen gostamos de rock sujo. Acho que se for para resumir em poucas palavras, nosso desejo é soar como os discos mais antigos da PJ Harvey. Sabe, rockão americano, sem frescuras. E, claro, amamos Jon Spencer Blues Explosion.

Folha - Vocês são a nova cara de Nova York mas são de Ohio?
Zinner -
Não é bem assim. Na verdade, o Brian e a Karen se conheceram na faculdade Oberlin, em Ohio. Os dois vieram para Nova York porque queriam tocar e não dá para ficar em Ohio se você quer formar uma banda. Conheci os dois por intermédio de amigos. E logo rolou uma sintonia ótima entre a gente.

Folha - E o disco inteiro, quando sai? Vai ser parecido com o EP?
Zinner -
Esperamos que sim (risos). Imaginou se o disco sai uma coisa ridícula? Já temos as músicas prontas, só falta gravar. O CD deve estar nas lojas daqui a uns dois meses, espero. Uma coisa importante é que agora estamos querendo não pensar nesse sucesso repentino que estamos fazendo. Não queremos ter na cabeça capas de revista quando estivermos no estúdio, entendeu? Se pensarmos nisso, o disco vai ficar uma droga. Na verdade, estamos torcendo para que essa onda passe em dois meses. E acho que vai passar mesmo.

Folha - Só para terminar, dá para dizer que a cidade está mais roqueira do que há dois anos?
Zinner -
Acho que sim. Quer dizer, tem bairros muito roqueiros, como East Village, Brooklyn. Mas não posso te dizer com certeza que, se você passar uma semana em Nova York, vai ver sete ótimos shows, entendeu? Mas a cidade sempre tem coisas ótimas para fazer. Nos dias em que não está rolando um bom show de rock, sempre tem os clubes legais. Não ficamos bitolados no som de guitarras. Adoramos sair para dançar. Aliás, apesar de não parecer muito, gostamos de música eletrônica, de coisas mais antigas, como o Marrs. E eu particularmente gosto também de música eletrônica meio brega. Acho o último disco do Daft Punk demais.



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