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MÚSICA
Yeah! Yeah! Yeahs!
Inspirado em Jon Spencer, trio lidera a novíssima cena rocker da NY pós-Strokes
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CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
A cena rocker de Nova York
pós-World Trade Center já tem
uma nova cara. Aliás, três.
Nascido do encontro entre amigos de faculdade, o trio Yeah Yeah
Yeahs lidera uma leva de bandas
que surgiu na cidade logo após o
furacão Strokes.
O som do YYY fica bem próximo do rock básico da banda de
Julian Casablancas, e os integrantes também têm um visual largado/descolado parecido com o dos
Strokes.
O hype em torno da banda também tem cara de dèjá-vu. O trio,
que por enquanto só tem um EP
com cinco músicas, já ganhou capas de revistas importantes e
abriu turnês de gente como Girls
Against Boys e Jon Spencer Blues
Explosion.
Eles prometem um disco inteiro
para daqui a alguns meses. Enquanto isso, o guitarrista Nick
Zinner, 26, a vocalista Karen 'O,
23, e o baterista Brian Chase tentam pensar que não são os novos
Strokes. "Se a gente achar que está
com a bola toda, o disco vai sair
ruim", disse Zinner à Folha.
Leia, a seguir, o que o guitarrista
tem a dizer sobre a novíssima cena rocker de Nova York.
Folha - Desculpe, mas a pergunta
é inevitável. Vocês se sentem como
os novos Strokes?
Nick Zinner - Eu sei que é, não
tem problema. É claro que os
Strokes foram importantíssimos
para a cena de Nova York. Abriram muitas portas para novas
bandas. Acho que todo músico da
cidade tem de ser grato a eles porque eles trouxeram o foco para cá.
Mesmo assim tem gente aqui que
sente uma raivinha deles. Não é o
nosso caso, claro. Gostamos muito do som deles, aliás. Tentamos
não pensar que somos os novos
Strokes. Quer dizer, tudo está
acontecendo muito parecido. A
gente chamou muita atenção logo
de início... Mas, se a gente achar
que está com a bola toda, o disco
vai sair ruim (risos).
Folha - Já deu mesmo tempo de
construir uma cena pós-Strokes?
Zinner - É meio complicado de
dizer porque os Strokes aconteceram há pouco tempo, né? O fato é
que quando eles chamaram a
atenção novamente para a cidade,
muita gente que já tocava havia
algum tempo se animou em fazer
shows, gravar demos etc. Um
exemplo é o que aconteceu com a
gente. Formamos a banda em
2000, acho que até antes que os
Strokes. Mas aí rolou essa comoção toda com eles... E não dá para
ficar achando que tudo quanto é
banda de rock de Nova York é
uma maravilha. Tem muita porcaria por aqui também. Ao mesmo tempo, tem coisas maravilhosas, como o Flux Information
Sciences e o Liars.
Folha - Que bandas servem de
inspiração para o som de vocês?
Zinner - A gente ouve muita coisa diferente. O Brian, por exemplo, é fã de jazz e de música minimalista. Eu e a Karen gostamos de
rock sujo. Acho que se for para resumir em poucas palavras, nosso
desejo é soar como os discos mais
antigos da PJ Harvey. Sabe, rockão americano, sem frescuras. E,
claro, amamos Jon Spencer Blues
Explosion.
Folha - Vocês são a nova cara de
Nova York mas são de Ohio?
Zinner - Não é bem assim. Na
verdade, o Brian e a Karen se conheceram na faculdade Oberlin,
em Ohio. Os dois vieram para Nova York porque queriam tocar e
não dá para ficar em Ohio se você
quer formar uma banda. Conheci
os dois por intermédio de amigos.
E logo rolou uma sintonia ótima
entre a gente.
Folha - E o disco inteiro, quando
sai? Vai ser parecido com o EP?
Zinner - Esperamos que sim (risos). Imaginou se o disco sai uma
coisa ridícula? Já temos as músicas prontas, só falta gravar. O CD
deve estar nas lojas daqui a uns
dois meses, espero. Uma coisa
importante é que agora estamos
querendo não pensar nesse sucesso repentino que estamos fazendo. Não queremos ter na cabeça
capas de revista quando estivermos no estúdio, entendeu? Se
pensarmos nisso, o disco vai ficar
uma droga. Na verdade, estamos
torcendo para que essa onda passe em dois meses. E acho que vai
passar mesmo.
Folha - Só para terminar, dá para
dizer que a cidade está mais roqueira do que há dois anos?
Zinner - Acho que sim. Quer dizer, tem bairros muito roqueiros,
como East Village, Brooklyn. Mas
não posso te dizer com certeza
que, se você passar uma semana
em Nova York, vai ver sete ótimos
shows, entendeu? Mas a cidade
sempre tem coisas ótimas para fazer. Nos dias em que não está rolando um bom show de rock,
sempre tem os clubes legais. Não
ficamos bitolados no som de guitarras. Adoramos sair para dançar. Aliás, apesar de não parecer
muito, gostamos de música eletrônica, de coisas mais antigas,
como o Marrs. E eu particularmente gosto também de música
eletrônica meio brega. Acho o último disco do Daft Punk demais.
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