|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
De volta aos anos 70
Trio Wolfmother concentra as atenções no mundo pop e tem disco de estréia lançado no Brasil
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Nas voltas que o pop dá, paramos no Wolfmother, trio australiano que é a nova atenção
do rock nos EUA e na Europa (e
aqui, no reflexo). Mas, se ouvir
bem, o grupo parece uma veterana banda do hard rock inglês
dos anos 70, uma espécie de
quarto pilar do "quarteto mágico" da turma de Black Sabbath,
Deep Purple e Led Zeppelin.
É isso: eles são (estão) mais
Led Zeppelin que o Led Zeppelin. E seu disco de estréia chega
ao Brasil nos próximos dias.
"Prioridade" da Universal, a
banda de Sydney saiu do último
festival South by Southwest, no
Texas, com o selo "vocês precisam ver esses caras". Na seqüência, a "Rolling Stone" os
colocou como uma das "dez
bandas para não tirar o olho".
O zunzum em cima do grupo
é grande. Tendo à frente o figura Andrew Stockdale, vocalista
e guitarrista branco de cabelo
black power, que tem voz de
um jovem Ozzy Osbourne e dedos de Jimmy Page, o Wolfmother atualiza os anos 70 para a
geração MTV-iPod.
Se traçar uma linha temporal
neste tipo de rock, você tem
Black Sabbath-Nirvana-Queens of the Stone-White
Stripes-Wolfmother. É velho e
novo ao mesmo tempo. Hard
rock, grunge, metal, stoner e
moderno, tudo junto.
Sobre o "boom", o
disco de estréia, o
novo e o velho e até
bossa nova, Stockdale conversou com
a Folha na semana
passada, por telefone, de Toronto (Canadá). Nem bem o
disco saiu no exterior, o Wolfmother
está no meio de
uma turnê que está
prevista para acabar no final de agosto, na Bélgica.
"Estou testando
minha capacidade
humana de adaptação às mais diversas
situações. Nesta hora, no ano passado,
o mais longe que eu
ia era da minha casa
a um pub australiano. Agora estou rodando o mundo. Parece que eu estava
no meu sofá, pisquei e agora ele
abriu aqui, no meio
de uma turnê pela
América do Norte e
falando ao telefone
com um jornalista
do Brasil. Maluco isso", diz
Stockdale, 29.
Led, Sabbath e White Stripes? O guitarrista tem um outro modo de descrever seu som.
"Acho que a gente é tipo AC/
DC com blues e rock viajante
[stoner], psicodélico, num
modo existencial, seja lá o
que for isso tudo. Mas,
sim, nosso som tem
velhos "flashes" de
rock dos anos 70.
Isso é um pouco
comum no rock da
região onde vivo.
Acho que estamos
presos a esses tempos", afirma o músico, se referindo a
Jet, Vines, Datsuns
(Nova Zelândia) e as
Spazzys, bandas da
Oceania com pé em rock
antigo.
"Mas, ei, eu gosto de grupos
de hoje também. Por exemplo,
White Stripes, Kings of Leon,
Mars Volta."
O disco de estréia da banda,
que leva o nome "Wolfmother", chegou a 25º lugar no
Top 40 inglês (saiu lá em dezembro), emplacou um grande
22º na "Billboard" americana e
bateu em 11º no Canadá.
As vendas nos EUA podem
aumentar, porque a Apple está usando a música "Love
Train", do Wolfmother, no
novo comercial do iPod.
Stockdale conta que essa carcaça de banda antiga
que o Wolfmother carrega
pode dar uma
idéia muito contrária do que realmente a banda representa ao rock
contemporâneo.
"Não sei se isso de
Led Zeppelin tem
que ser levado muito em conta. Nos
nossos shows, por
todos os lugares, o
público é 99% formado por uma garotada para a qual a
banda mais velha na
cabeça é Nirvana.
Na verdade, para esses garotos, Wolfmother é moderníssimo", diz o guitarrista, soltando uma
boa gargalhada.
E termina a conversa falando do
Brasil: "Eu adoraria
ir tocar no Brasil.
Tenho sonhos com
o Rio. Sabe o que escuto quando quero
relaxar? "Girl's from
Ipanema". Ela é brasileira, não é?"
Texto Anterior: Programação Próximo Texto: Por que ouvir isso Índice
|