São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2010

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ANÁLISE

Japão ousa e vira laboratório da arquitetura contemporânea

RICARDO OHTAKE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nos últimos 50 anos, o Japão tem sido o maior laboratório de arquitetura do mundo. Com o país recuperado da Segunda Guerra, surgem nomes como Maekawa e Tange.
O primeiro trabalhou com Le Corbusier, extraindo forte experiência do modernismo. O segundo emergiu espetacularmente com o novo país, na Olimpíada de Tóquio-64.
Depois vieram os metabólicos Kikutake e Kurokawa e, mais tarde, a transição para o pós-modernismo por Arata Isozaki. Nos anos 90, Toyo Ito pulveriza os pilares e Shigeru Ban remodela os programas, usando materiais precários. Nesta sequência experimental surge o escritório Sanaa, de Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa.
É marcante em suas obras o uso de vidros em profusão, que provocam, pelas transparências e reflexos, várias visões simultâneas. São também peculiares as curvas regulares e irregulares, algumas "niemeyerianas".
Não à toa, Nishizawa "pirou" com a marquise do Ibirapuera quando esteve em São Paulo.
Apesar disso, não há uma identidade formal nos projetos. Cada obra é tratada com materiais diferentes, o que torna clara a multiplicidade.
O que existe no trabalho do Sanaa é um curioso entendimento do programa arquitetônico, que faz uma edificação se formar de andares ou volumes, em que a divisão espacial, inventivo interstício, não se parece com nada que já existe.
A interpretação das funções dos espaços, o relacionamento entre eles e mais o diálogo de compreensão com o entorno urbano, mas de confronto formal, levam cada projeto a ser único.

RICARDO OHTAKE é curador do Instituto Tomie Ohtake e do pavilhão brasileiro na Bienal de Arquitetura de Veneza


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