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ANÁLISE
Japão ousa e vira laboratório da arquitetura contemporânea
RICARDO OHTAKE
ESPECIAL PARA A FOLHA
Nos últimos 50 anos, o Japão tem sido o maior laboratório de arquitetura do mundo. Com o país recuperado da
Segunda Guerra, surgem nomes como Maekawa e Tange.
O primeiro trabalhou com Le
Corbusier, extraindo forte experiência do modernismo. O
segundo emergiu espetacularmente com o novo país, na
Olimpíada de Tóquio-64.
Depois vieram os metabólicos Kikutake e Kurokawa e,
mais tarde, a transição para o
pós-modernismo por Arata
Isozaki. Nos anos 90, Toyo
Ito pulveriza os pilares e Shigeru Ban remodela os programas, usando materiais
precários. Nesta sequência
experimental surge o escritório Sanaa, de Kazuyo Sejima
e Ryue Nishizawa.
É marcante em suas obras
o uso de vidros em profusão,
que provocam, pelas transparências e reflexos, várias
visões simultâneas. São também peculiares as curvas regulares e irregulares, algumas "niemeyerianas".
Não à
toa, Nishizawa "pirou" com a
marquise do Ibirapuera
quando esteve em São Paulo.
Apesar disso, não há uma
identidade formal nos projetos. Cada obra é tratada com
materiais diferentes, o que
torna clara a multiplicidade.
O que existe no trabalho
do Sanaa é um curioso entendimento do programa arquitetônico, que faz uma edificação se formar de andares ou
volumes, em que a divisão
espacial, inventivo interstício, não se parece com nada
que já existe.
A interpretação das funções dos espaços, o relacionamento entre eles e mais o
diálogo de compreensão com
o entorno urbano, mas de
confronto formal, levam cada projeto a ser único.
RICARDO OHTAKE é curador do Instituto
Tomie Ohtake e do pavilhão brasileiro na
Bienal de Arquitetura de Veneza
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