ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Começam amanhã em São Paulo os lançamentos da moda para a primavera-verão 2002/2003.
Quem dá a partida é o evento Amni Hot Spot, em sua terceira edição, que por três dias apresenta as propostas de oito jovens estilistas em desfiles na Cinemateca Brasileira, na Vila Mariana.
Amni é uma etiqueta de qualidade do náilon Rhodia lançada em 98, em parceria com tecelagens, malharias e confecções. Assim, os estilistas envolvidos trabalham muito em função dos materiais disponíveis.
É bom exercício para iniciantes, que contam ainda com um trabalho de showroom consolidado no último inverno: compradores de multimarcas de todo o país vêm para assistir aos desfiles e fazer seus pedidos.
O evento é organizado por Paulo Borges, também o diretor da São Paulo Fashion Week, que começa dia 15 de julho.
O desfile do verão acontece apenas dois meses depois de sua edição de inverno. A idéia é que o Hot Spot possa sempre servir como abertura da estação.
E, se fica um pouco apertado para que os criadores mostrem suas coleções com tão pouco tempo entre um evento e outro, é verdade que esta estação ficou meio esquisita, com um inverno que quase não deu as caras e empatou o varejo. Ninguém vê a hora de o verão chegar.
Sem a badalação de uma Casa de Criadores ou São Paulo Fashion Week, o Amni Hot Spot é feito para os profissionais do setor, interessados em acompanhar alguns dos mais promissores talentos da nova moda brasileira, como Emilene Galende, Fabia Bercsek, Wilson Ranieri (o melhor desfile do último evento) e Deoclys Bezerra -assistente de Walter Rodrigues, que trabalha com intimidade com os materiais e desenha bonitas silhuetas.
Erica Ikezilli é a de maior penetração comercial, enquanto Jefferson de Assis trabalha sobre geometrias e volumes.
Walério Araújo empresta deboche, diversão e cultura gay às passarelas. Neste verão mostra "grã-finas operárias, operárias de luxo, caminhoneiras de salto alto. São peças para uma mulher forte e batalhadora, que, além de garantir espaço no mercado de trabalho, dá conta de trocar o pneu do carro quando precisa", brinca.

Clara Nunes
Samuel Cirnansck é um interessante construtor de imagens. Fã do belga Olivier Theyskens, costuma surpreender o público com imagens como a da dominatrix rústica deste inverno.
Desta vez investe em "debutantes e noivas com influências da Bahia e da cantora Clara Nunes". Os principais materiais são jeans com lavagens e o crochê. Tudo trabalhado com um tingimento de aspecto sujo e bordados de rendas e pérolas.
Mais experiente, Fabia Bercsek abre o evento amanhã com um estudo das formas do trapézio e do balonê, com meninas vestidas para um coquetel e que remetem à estética das "playmates" e aos anos 30. Seu trabalho é sempre feminino e pessoal. "O desfile mostra um momento de celebração", diz a estilista.
Outra que trabalha a feminilidade é Emilene Galende, que tem em sua malharia de verão um perfume de contos de fada. "Como o anel mágico ou a capa invisível", explica. A coleção é batizada de "Amuleto": "Aquela peça que dá sorte quando a gente usa ou que provoca alguma reação do bem em quem veste".