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"9 Canções" estréia no Brasil e intercala shows de bandas pop com cenas de sexo
Império dos sentidos
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Não há muito segredo: "9
Canções" é a história de dois
jovens que se conhecem num
show, depois transam, depois vão
a mais shows e continuam transando. Em seus 69 minutos, há
muita música, muito sexo, pouco
diálogo e nenhuma ação.
O longa, de Michael Winterbottom ("A Festa Nunca Termina";
"Neste Mundo"), chegou às telas
britânicas sob o rótulo de "filme
mais explícito da história do cinema mainstream do Reino Unido".
Não é para tanto, e pode ser conferido no Brasil a partir de hoje.
"Claramente não é pornográfico", disse à Folha, por telefone, o
ator Kieran O'Brien. "É uma história de amor apenas, excitante."
O'Brien é Matt, um geólogo inglês que, em uma expedição à Antártica, se lembra de seu relacionamento com a estudante norte-americana Lisa (Margo Stilley, em
seu primeiro filme), que morou
por um tempo em Londres.
Matt e Lisa se conhecem num
show da banda Black Rebel Motorcycle Club e, a partir daí, a história dos dois -e de "9 Canções"- se alterna entre "fora de
casa" (nos shows a que vão assistir) e "dentro de casa" (transando,
transando e conversando).
As nove canções aparecem em
formato ao vivo, à medida que
Matt e Lisa vão se conhecendo e
freqüentando shows de bandas
como Primal Scream, Franz Ferdinand, Dandy Warhols, e elas
dão certa continuidade ao filme.
Winterbottom não tem a pretensão pornô-soft de uma Catherine Breillat ("Romance"); o sexo,
aqui, entra sem culpa, sem a necessidade de acompanhamento
de diálogos pseudofilosóficos como que para explicá-lo. Mas irritam as tentativas de metáfora
existencialista aqui e ali, como a
comparação entre a "vastidão solitária da Antártica" e a "claustrofobia de duas pessoas na cama"...
Winterbottom teve a idéia de fazer "9 Canções" a partir de "Plataforma", livro de Michel Houellebecq, e de "Império dos Sentidos", o cult de Nagisa Oshima, segundo ele, obras nas quais o sexo
surge como extensão natural da
história (ou da falta dela).
O'Brien e Stilley se conheceram
dias antes do início das filmagens.
Não houve ensaios nem havia roteiro; os atores desenvolviam os
diálogos. "Às vezes, Michael refilmava cenas", diz O'Brien. "Era difícil, por razões físicas óbvias, mas
é o trabalho de um ator."
9 Canções
9 Songs
Direção: Michael Winterbottom
Produção: Inglaterra, 2004
Com: Margo Stilley, Lieran O'Brien
Quando: a partir de hoje no Frei Caneca Unibanco Arteplex e na Reserva Cultural
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