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Mostra exibe a "prata da casa" baiana
Pinacoteca abriga 300 peças de ourivesaria do Museu Carlos Costa Pinto, pioneiro entre as "casas de colecionador'
Seleção de obras abrange
os famosos amuletos dos balagandãs, jóias e trabalhos de artesãos dos períodos colonial e imperial
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Sabe o rosário de ouro, bolotas e balangandãs da indumentária da baiana descrita por Dorival Caymmi em "O que É que
a Baiana Tem"? Eles estão expostos na Pinacoteca até o dia
23 de julho, entre cerca de 300
peças de ourivesaria da coleção
do Museu Carlos Costa Pinto,
de Salvador. São pulseiras, braceletes, brincos, crucifixos e
correntes, denominados "jóias
de crioula", uma particularidade da sociedade baiana durante
os períodos colonial e imperial,
pois representam um espelhamento da riqueza da casa-grande na senzala.
"As jóias pertenciam às negras, escravas ou libertas, e passavam de mãe para filha. Não se
vê peças assim em Estados como Rio ou Pernambuco. É uma
relação social específica da Bahia", conta Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca.
Pioneirismo
O Museu Carlos Costa Pinto
foi inaugurado em 1969, 23
anos após a morte do colecionador, o comerciante e exportador de açúcar Carlos Costa
Pinto (1885-1946). É considerado pioneiro entre os museus
do tipo "casa de colecionador"
no Brasil, porque Costa Pinto
iniciou sua coleção ainda na década de 1930.
"As peças estavam dispersas
ou sendo destruídas, e Costa
Pinto já tinha naquela época a
idéia de criação de um museu",
conta Araújo.
Diferentemente de seus similares brasileiros, como as
"casas" das famílias Klabin,
Castro Maya e Maria Luísa e
Oscar Americano, o museu não
foi feito na própria residência
do colecionador. Sua viúva,
Margarida Costa Pinto, construiu a mansão que hoje abriga
a coleção, montando-a como se
fosse a morada do casal. Seu
acervo é composto de peças decorativas, litúrgicas e civis e cobre do século 17 ao 20.
Em São Paulo, a mostra está
disposta em três salas e exclui o
mobiliário, os cristais e as peças
em porcelana da coleção original. A seleção da Pinacoteca se
concentra na ourivesaria, explica Araújo, porque é nela que
se percebe a criatividade dos
artesãos da Bahia ao longo daqueles séculos, assim como o
poder da igreja e a sofisticação
do consumo dos senhores de
engenho.
"Estas peças sintetizam o esplendor e opulência dos costumes nos períodos colonial e imperial. É também fascinante
ver a faceta do sincretismo da
cultura baiana nas jóias", ressalta Araújo, que trouxe para a
Pinacoteca os famosos "balangandãs", amuletos com até 40
elementos pendentes, que as
baianas traziam à cintura em
ocasiões festivas.
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