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Indústria da música testa formatos
Gravadora Sony BMG comemora as vendas do CD Zero da cantora Vanessa da Mata, que vem com apenas cinco músicas
Selo Deckdisc negocia fornecimento de conteúdo artístico para quem comprar aparelhos celulares; idéia é disponibilizar lançamentos
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Compre um celular e ganhe o
conteúdo do DVD da Pitty. A
estratégia soma-se ao lançamento, no mês passado, do CD
Zero como as duas principais
iniciativas recentes dos executivos da indústria fonográfica
para estimular as vendas de
seus produtos no país e escapar
da crise que atinge esse mercado há pelo menos cinco anos.
Em maio, a Sony BMG colocou nas lojas o CD Zero, disco
com apenas cinco músicas e
preço inferior ao do CD
"cheio". A estréia foi com
"Sim", terceiro álbum da cantora Vanessa da Mata.
A gravadora comemora os resultados. Segundo seus diretores, a Sony BMG esperava vender entre 20% e 30% de CDs
Zero (cinco músicas a R$ 9,99)
em relação ao CD completo (13
canções a, em média, R$ 25).
Segundo dados da empresa,
as quantidades comercializadas se equivalem, dividindo
50% das vendas. "É uma proporção alta [para o CD Zero].
Mas vamos ter uma idéia melhor daqui a dois meses", afirma o presidente da Sony BMG
do Brasil, Alexandre Schiavo.
A gravadora não divulga
quanto esses números significam em unidades vendidas. Enquanto em outros mercados, o
norte-americano, por exemplo,
em que as vendas de CDs e
DVDs são averiguadas por um
instituto (Nielsen SoundScan)
diretamente com as lojas a partir de cada cópia comercializada, no Brasil os números são
controlados e divulgados pelas
próprias gravadoras.
Segundo a Folha apurou, a
Sony BMG fabricou inicialmente 30 mil cópias dos discos
de Vanessa da Mata (15 mil de
CD Zero e 15 mil do CD cheio).
Segundo Schiavo, a gravadora
já encomendou novo lote.
Gente da indústria ouvida
pela Folha divide-se quanto à
estratégia da Sony BMG. "Não
acho que seja uma solução.
Mas é uma experiência nova",
diz Monica Ramos, diretora da
Deckdisc. Para João Marcello
Bôscoli, da Trama, o CD Zero
pode vir a ser uma "solução".
"Sempre me chamou a atenção a indústria não aproveitar
os multiformatos. Há refrigerantes de dois litros, um litro,
600 ml... Acho razoável a idéia
de dar ao consumidor várias
opções", compara Bôscoli.
No celular
A Deckdisc se prepara para
apostar no segundo semestre
em iniciativa já existente no
mercado asiático: a venda casada de celulares com DVDs.
A gravadora negocia com empresas de telefonia o fornecimento de conteúdo artístico
para quem comprar aparelhos.
A idéia é colocar no celular futuros lançamentos da gravadora, como os DVDs da cantora
Pitty e da banda Nação Zumbi.
"Seria um atrativo a mais ao
consumidor", justifica Ramos.
A iniciativa deve turbinar as
vendas: se, por exemplo, uma
empresa vender 10 mil celulares que contêm o DVD de um
artista, esses 10 mil serão contabilizados na vendagem do
disco.
Além da associação DVD-celular, a Deckdisc segue como a
única gravadora do país a investir no "dual disc", o disco que
funciona tanto como CD quanto como DVD. Desde 2005,
quando o produto foi implantado, foram vendidas mais de 100
mil unidades ao todo, de discos
de Ira!, Tereza Cristina, Revelação, entre outros.
Download
Já empresas como Universal
e EMI buscam na internet um
caminho. Antes de lançar os
CDs tradicionais, colocam as
músicas para venda por
download. Nos EUA, a Warner
venderá o novo álbum do
White Stripes, "Icky Thump",
que chega às prateleiras nesta
semana, em formato pen drive.
"As gravadoras majors estabeleceram por muitos anos o
CD como formato principal",
afirma Bôscoli.
"A questão é achar um novo
modelo, e o novo modelo é multiformato. O CD não sustenta
mais a cadeia. Há os shows,
ações de marketing [para sustentar artistas e gravadoras].
Mas os artistas precisam publicar uma obra, em qualquer suporte que seja."
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