São Paulo, quarta, 24 de junho de 1998

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LIVRO LANÇAMENTO
"Homens nus" chegam ao país


"The Male Nude", livro da editora alemã Taschen, que chega ao Brasil em 1º de julho, compila ilustrações e fotografias clássicas de nus masculinos do final do século passado até os nossos dias.


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

Primeiro veio a arte, depois o erotismo. Essa pelo menos foi a ordem inicial da editora alemã Taschen, que há 15 anos iniciou sua carreira no mercado, publicando livros de arte a preços populares, geralmente com muitas fotos e pouco texto.
O erotismo, porém, surgiu logo em seguida e ganhou reforço este ano com o volume "The Male Nude", que reúne mais de um século de fotografias de homens nus. O livro chega ao mercado brasileiro dia 1º de julho (leia texto abaixo).
Em entrevista à Folha, por telefone, de Lisboa, o alemão Benedikt Taschen, criador da editora que vende cerca de 15 milhões de livros por ano em 65 países, falou sobre mercado e literatura erótica.

Folha - O que vende mais: arte ou erotismo?
Benedikt Taschen -
O maior volume de vendas da Taschen são de livros de arte, mas o catálogo é muito maior que o de livros eróticos, por exemplo. Nosso maior best seller é o livro sobre Salvador Dalí, da série básica. Vendeu mais de 1,5 milhão de cópias no mundo inteiro até o momento.
Na coleção de eróticos, o best seller é "Erotica Universalis", um compêndio com cerca de 800 páginas de imagens eróticas em versão trilíngue. Ele já vendeu cerca de 500 mil cópias.
Folha - O catálogo homossexual é maior que o heterossexual?
Taschen
Não vemos distinção entre literatura erótica heterossexual e homossexual, por isso não privilegiamos uma ou outra. Para nós, existe apenas boa ou má literatura erótica.
A homossexualidade é uma parte da história do ser humano, e apenas publicamos os livros que nos agradam esteticamente. Não importa se eles são gays ou não. Não fazemos distinção entre as opções sexuais.
Hoje, cerca de 60% de nossa programação erótica é de orientação heterossexual, mas também nos dedicamos à literatura "kinky", uma palavra inglesa para descrever atitudes como fetichismo, voyeurismo, sadomasoquismo etc.. Folha - Você nunca teve problemas ao juntar arte e erotismo no mesmo catálogo?
Taschen -
Se você olhar a arte durante os séculos, artistas como Rubens, Michelângelo ou Fragonard, você verá que o nu sempre fez parte da história da arte. Essa combinação é também responsável pelo sucesso da editora, mas isso ocorreu também porque não fazemos livros para viver apenas três meses depois de seu lançamento. Eles devem durar muito tempo, devem continuar vendendo durante cinco ou 10 anos.
Quais são os maiores mercados da editora?
Taschen -
Os EUA são o maior mercado, com cerca de 15% do nosso volume total de vendas. Depois vem Alemanha, França, Inglaterra e Espanha. Brasil e Portugal correspondem a cerca de 3% do mercado mundial da Taschen.
O mercado em língua portuguesa cresceu muito nos últimos quatro anos. Hoje temos cerca de 90 títulos lançados em português e devemos lançar mais 35 títulos no ano que vem. O português é a quinta língua da editora, depois de inglês, alemão, francês e espanhol.
Folha - O oriente é um bom mercado?
Taschen -
O Japão é um grande cliente, de grande potencial, mas não podemos vender nossa linha erótica lá porque eles censuram material erótico. Nossos livros eróticos não podem ser vendidos no Japão ou na China.
Os países asiáticos têm grande interesse, mas ainda existem muitos problemas de censura nesses países. O único lugar onde trabalhamos sem problemas na região é em Hong Kong.
Nossos títulos eróticos fazem muito sucesso nos EUA, mas não nas livrarias, mas em vendas por Internet ou por correspondência.



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