São Paulo, quarta, 24 de junho de 1998

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Músculos animam EUA

da Reportagem Local

Já no final do século passado, Europa e EUA se preocupavam com o mercado consumidor masculino e lançavam revistas para atender esse mercado.
O corpo masculino, porém, passou a despertar mais interesse nos EUA a partir de 1908, com o lançamento da revista mensal "Physical Culture", criada por Bernarr MacFadden, que pregava a cultura do corpo com "exercícios físicos e boa alimentação".
Nos anos 30, os concursos de "body building" (Mr. America, Mr. Olympia, Mr. Universe) se tornam mais populares e passam a cultivar ídolos masculinos, como Charles Atlas e Joe Wieder, e revistas para esses astros, como "Muscle and Fitness".
Em 1945, a publicação ganha sua maior concorrente, que logo se tornaria a principal do gênero: "Physique Pictorial", de onde a Taschen retira uma boa parte das imagens homoeróticas que utiliza em seu catálogo.
Fundada por Bob Mizer, um pioneiro da cultura gay, como "house organ" do estúdio de fisiculturismo Athletic Model Guild, de Los Angeles, a revista foi a primeira a utilizar os trabalhos dos ilustradores Tom of Finland e de George Quaintance, dois clássicos do imaginário homossexual masculino.
A revista era uma forma de atender a demanda norte-americana, que havia se tornado, com o fim da guerra, a nação mais rica do planeta, mas também driblar seu moralismo, que proibia imagens de nudez, mas aceitava imagens de homens musculosos que divulgassem as características viris do americano.
O tiro acabou saindo pela culatra, e a revista logo se tornou a preferida pelo público gay, formado em parte por jovens que acabavam de voltar da guerra e que se instalavam em Los Angeles, na esperança de serem aproveitados como mão de obra na emergente indústria cinematográfica.
O público gay da revista acabou superando o público fisiculturista, e o simples gosto pela publicação era tido como código entre homossexuais. Na falta de um papel nas telas, atuavam ainda como modelos dessas revistas de esportes e musculação ou como garotos de programa.
Nos anos 50, o mercado se ampliou ainda mais e viu o lançamento de várias concorrentes, como "Body Beautiful" (cujo subtítulo era "Studies in Masculine Art"), "Adonis" e "American Manhood", mas perdeu força a partir dos anos 60, com a vulgarização do mercado, que passou a investir em nus frontais e pornografia. (CF)


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