São Paulo, quarta, 24 de junho de 1998

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Despedida do cantor Leandro reúne 25 mil pessoas em SP

Leonardo Colosso/Folha Imagem
Os cantores Roberta Miranda, Chitãozinho, Xororó, Luciano e Zezé Di Camargo, durante o velório do cantor


da Reportagem Local

O cantor Leandro, 36, da dupla Leandro & Leonardo, morreu à 0h10 de ontem devido à falência de vários de seus órgãos na UTI do hospital São Luiz, em São Paulo. Leandro foi vítima de um câncer agressivo e raro em adultos.
Segundo o boletim médico divulgado às 2h30 de ontem, "a morte foi causada por um tumor torácico gigante (tumor de Askin)", que comprimiu suas estruturas vitais localizadas no tórax, como coração, pulmões e vasos.
O documento foi assinado pelo diretor Ruy Marco Antonio e pelos oncologistas Cláudio Petrilli e Maria Lydia de Andrea.
Segundo Petrilli, nesta última semana "o tumor aumentou mais do que o dobro, ocupando quase toda a caixa torácica direita de Leandro" (leia texto à pág. 3-3).
O cantor, cujo nome verdadeiro era Luiz José Costa, estava internado em estado grave e sedado desde o último dia 15 na UTI do hospital São Luiz.
Velório
Às 5h45 de ontem, sob a coordenação do diretor do hospital São Luiz, o corpo foi transferido para o Hall Monumental da Assembléia Legislativa, mesmo local onde ocorreram os velórios de personalidades como Ayrton Senna, Jânio Quadros e Tonico, da dupla sertaneja Tonico & Tinoco.
Leandro foi velado das 6h às 16h. Às 7h30, a cerimônia foi aberta aos fãs, que, ao saberem da notícia, formaram uma grande fila na porta da Assembléia Legislativa.
Ao todo, segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 25 mil pessoas compareceram ao velório de Leandro.
Leonardo, seu irmão e parceiro de dupla, chegou ao local por volta de 10h15. Permaneceu por cerca de 20 minutos. Usando óculos escuros, ele debruçou sobre o caixão de Leandro e chorou muito.
Depois, de mãos dadas com seus parentes, rezou em silêncio e cantou o hino religioso "Segura na Mão de Deus".
Entre os familiares presentes nos primeiros momentos da cerimônia estavam seus pais, Avelino e Carmem, seus irmãos Carlos, Cida, Carmem, Mariana, Alexandre e Fátima. O filho mais velho de Leandro, Tiago, de 13 anos, se sentiu mal no velório e foi amparado pela família e amigos.
A assessora da dupla, Ede Cury, estava muito abalada e chorava bastante. Como forma de homenagem ao amigo, ela colocou uma bandeira do Brasil e um chapéu de caubói -marca registrada de Leandro- sobre o caixão.
Por volta das 15h, chegaram ao velório as duplas sertanejas Chitãozinho & Xororó e Zezé di Camargo & Luciano. Luciano chegou a passar mal durante a cerimônia.
A chegada do apresentador de TV Ratinho alvoroçou a multidão, que puxou o coro "Ratinho! Ratinho!", além de cantar sucessos de Leandro & Leonardo.
O presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou ontem, pela manhã, para o cantor Leonardo, lamentando a morte de Leandro: "O Brasil todo sentiu a perda de Leandro", disse. Segundo a assessoria da Presidência, FHC não irá ao enterro hoje.
O governador de São Paulo, Mário Covas, chegou às 13h40, juntamente com o senador Íris Rezende (PMDB-GO).
O prefeito Celso Pitta também esteve presente, assim como o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Suplicy afirmou ter comparecido ao velório porque "um senador da República tem a responsabilidade de não só legislar e fiscalizar o Executivo, mas também de representar o povo".
Às 15h30, os portões do Hall da Assembléia Legislativa foram fechados e muitos fãs que passaram horas aguardando na fila ficaram impedidos de entrar.
Desde a manhã, todas as ruas ao redor do hospital foram interditadas, em uma operação que reuniu 80 homens da Polícia Militar e do 2º Batalhão de Choque. Ainda foram destacados outros cem policiais para auxiliar na organização.
Às 16h40, um avião da empresa aérea TAM levantou vôo levando o corpo de Leandro para Goiânia (GO).
Lá, o caixão ficou no ginásio Rio Vermelho, no centro da cidade, para visitação pública. O enterro está previsto para a tarde de hoje.



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