São Paulo, sábado, 24 de julho de 2004

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ENTRELINHAS

Lá se vão os anéis

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Esta Ilustrada noticiou há quase dois meses que os tradutores de "O Senhor dos Anéis" entraram na Justiça para reivindicar mais dinheiro pelo trabalho que entregaram para a Martins Fontes em 1994.
A editora agora "dá o troco". Como diz o ditado, "se vão os anéis, mas que fiquem os dedos". A Martins Fontes acaba de fechar com dois outros tradutores o contrato para uma nova edição da obra de Tolkien.
Waldéa Barcellos, que já fizera versão em português para outras obras do escritor, vai assinar o trabalho com Ronald Kyrmse, da Tolkien Society britânica.
Ainda não há previsão de quando a versão "reloaded" dos Anéis chega a público, mas os tradutores garantem que nomes de personagens devem mudar, e erros curiosos devem sumir (os Hobbits, que comiam cinco refeições/dia na versão atual, por exemplo, voltam a ter seis repastos, como no original).
Ah, a editora nega que exista uma relação da nova edição com o processo movido pela dupla de tradutores atual.

PIRATAS DO CARIBE
Atenção para o último informe do tamanho da pirataria editorial na América Latina: "A cada ano se reproduz 50 bilhões de páginas sem pagamento de seus direitos. É uma perda de US$ 500 milhões". A afirmação é de Magdalena Vinent, presidente do Comité para Latinoamérica y el Caribe

FRAMBOESA DE OURO
Na quinta, Marcelino Freire lançou um novo prêmio em seu eraodito.blogspot.com, o Prêmio Jaburu de Prosa e Poesia, reação ao Jabuti, que "anda que não anda". As votações estão correndo em seu blog.

RESGATE DO POETA PIVA
De tempos em tempos alguma editora abre os olhos. A Globo, que já tirara do limbo demoiselle Hilda Hilst, acaba de fechar com outro "maldito": Roberto Piva. Vão lançar a partir do ano que vem a obra completa do poeta de "Paranóia", incluindo "Estranhos Sinais de Saturno", com inéditos.

PANTEÃO
Com o esperado segundo livro "por um fio" de sair no mercado, Drauzio Varella acaba de fechar a publicação de seu caçula na terra da Olimpíada. "Estação Carandiru" foi comprado pela editora ateniense Fantastikos Kosmos.

ESPANADOR DE PÓ
Um dos escritores mais singulares da literatura contemporânea brazuca, Evandro Affonso Ferreira faz um curioso "déjà vu" nas próximas semanas. O ex-dono do elegante sebo Sagarana voltará a vender livros usados. A nova empreitada, que vai funcionar no Bar Avenida, também tem nome de uma obra, Avalovara, homenagem a Osman Lins.

CLASSIFICADOS
Tem dono de editora buscando editora para publicar seus textos. Dos 20 aos 26 anos, Luiz Fernando Emediato escreveu 50 contos. E parou com a ficção. Agora, três décadas depois, o escritor Luiz Ruffato decidiu reunir os textos de Emediato em um livro. O editor deu o OK, ajudou, mas decidiu não publicar pela sua "firma", a Geração. Alguém se habilita?

@ - elek@folhasp.com.br

FORA DA ESTANTE

No final dos anos 50, quando os escritores espanhóis só brincavam com o "pão, pão, queijo, queijo" do realismo, em um cenário intelectual blindado por Franco (nem autores como Kafka, Proust, Faulkner tinham edição na Espanha), Juan Benet (1927-1993) apareceu. Como diz a crítica francesa Pascale Casanova, em seu "A República Mundial das Letras" (Estação Liberdade), ele "revolucionou sozinho o romance espanhol em um universo literário totalmente fechado às inovações internacionais". O "infiel" da balança, o livro que balançou o coreto, foi "Volverás a Región", do final dos anos 60. Esse, assim como os outros romances, livros de contos, peças e ótimos ensaios, estão fora das nossas estantes. Não há nada de Benet por aqui.


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