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ENTRELINHAS
Lá se vão os anéis
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Esta Ilustrada noticiou há
quase dois meses que os tradutores de "O Senhor dos
Anéis" entraram na Justiça para
reivindicar mais dinheiro pelo
trabalho que entregaram para a
Martins Fontes em 1994.
A editora agora "dá o troco".
Como diz o ditado, "se vão os
anéis, mas que fiquem os dedos". A Martins Fontes acaba de
fechar com dois outros tradutores o contrato para uma nova
edição da obra de Tolkien.
Waldéa Barcellos, que já fizera
versão em português para outras obras do escritor, vai assinar
o trabalho com Ronald Kyrmse,
da Tolkien Society britânica.
Ainda não há previsão de
quando a versão "reloaded" dos
Anéis chega a público, mas os
tradutores garantem que nomes
de personagens devem mudar, e
erros curiosos devem sumir (os
Hobbits, que comiam cinco refeições/dia na versão atual, por
exemplo, voltam a ter seis repastos, como no original).
Ah, a editora nega que exista
uma relação da nova edição com
o processo movido pela dupla
de tradutores atual.
PIRATAS DO CARIBE
Atenção para o último informe do tamanho da pirataria
editorial na América Latina: "A
cada ano se reproduz 50 bilhões de páginas sem pagamento de seus direitos. É uma
perda de US$ 500 milhões". A
afirmação é de Magdalena Vinent, presidente do Comité para Latinoamérica y el Caribe
FRAMBOESA DE OURO
Na quinta, Marcelino Freire
lançou um novo prêmio em
seu eraodito.blogspot.com, o
Prêmio Jaburu de Prosa e Poesia, reação ao Jabuti, que "anda
que não anda". As votações estão correndo em seu blog.
RESGATE DO POETA PIVA
De tempos em tempos alguma editora abre os olhos. A
Globo, que já tirara do limbo
demoiselle Hilda Hilst, acaba
de fechar com outro "maldito":
Roberto Piva. Vão lançar a partir do ano que vem a obra completa do poeta de "Paranóia",
incluindo "Estranhos Sinais de
Saturno", com inéditos.
PANTEÃO
Com o esperado segundo livro "por um fio" de sair no
mercado, Drauzio Varella acaba de fechar a publicação de
seu caçula na terra da Olimpíada. "Estação Carandiru" foi
comprado pela editora ateniense Fantastikos Kosmos.
ESPANADOR DE PÓ
Um dos escritores mais singulares da literatura contemporânea brazuca, Evandro Affonso Ferreira faz um curioso
"déjà vu" nas próximas semanas. O ex-dono do elegante sebo Sagarana voltará a vender
livros usados. A nova empreitada, que vai funcionar no Bar
Avenida, também tem nome
de uma obra, Avalovara, homenagem a Osman Lins.
CLASSIFICADOS
Tem dono de editora buscando editora para publicar seus textos. Dos 20 aos 26 anos, Luiz Fernando Emediato escreveu 50 contos. E parou com a ficção. Agora, três décadas depois, o escritor Luiz Ruffato decidiu reunir os textos de Emediato em um livro. O editor deu o OK, ajudou, mas decidiu não publicar pela sua "firma", a Geração. Alguém se habilita?
@ - elek@folhasp.com.br
FORA DA ESTANTE
No final dos anos 50, quando os escritores espanhóis só
brincavam com o "pão, pão,
queijo, queijo" do realismo,
em um cenário intelectual
blindado por Franco (nem
autores como Kafka, Proust,
Faulkner tinham edição na
Espanha), Juan Benet (1927-1993) apareceu. Como diz a
crítica francesa Pascale Casanova, em seu "A República Mundial das Letras" (Estação Liberdade), ele "revolucionou sozinho o romance
espanhol em um universo literário totalmente fechado
às inovações internacionais". O "infiel" da balança,
o livro que balançou o coreto, foi "Volverás a Región",
do final dos anos 60. Esse, assim como os outros romances, livros de contos, peças e
ótimos ensaios, estão fora
das nossas estantes. Não há
nada de Benet por aqui.
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